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Vender ‘fiado’ vira estratégia de grifes nos Estados Unidos

Grandes redes como Macy's e GAP adotam o sistema de compre agora e pague depois para conquistar jovens na crise da pandemia

Mulher olhando blusa em loja de roupa com máscara. Loja vende fiado

Operação “compre agora, pague depois” deve representar 4,5% dos pagamentos no comércio eletrônico nos EUA, até 2024 | Foto: Getty Images

Grandes lojas de departamento dos Estados Unidos estão lançando mão de uma estratégia chamada “compre agora, pague depois”. A modalidade lembra a popular prática conhecida no Brasil como “fiado”.

Uma reportagem do jornal The Wall Street Journal mostra que empresas como a Macy’s, Gap e Neiman Marcus começaram a apostar no sistema compre agora, pague depois.

A estratégia de vender “fiado” visa conquistar novos clientes e recuperar os perdidos, na esteira das dificuldades econômicas impostas pela pandemia de covid-19.

Pelo lado da prospecção, os potenciais novos consumidores que as lojas querem atrair são os mais novos que, segundo a matéria, são menos propensos a utilizar cartões de crédito.

“Os clientes, principalmente os mais jovens, estavam pedindo uma opção de compra agora e pague depois”, disse o CEO da Macy’s, Jeff Gennette. “Se não tivéssemos essa opção, eles teriam ido comprar em outro lugar.”

Compre agora, pague depois

O sistema de se vender “fiado” começou a ser usado com mais frequência nos EUA ao longo de 2020. E a expectativa é que a modalidade cresça cada vez mais.

Ao optar pelo serviço, o consumidor se compromete a pagar a loja em uma determinada data, sem taxas ou juros. Caso atrase, uma pequena quantia lhe é cobrada para a próxima compra. Em caso de nova inadimplência, o mesmo tem novas comprar vetadas até regularizar toda a situação.

De acordo com a empresa de processamento de pagamentos Worldpay Group, o sistema compre agora, pague depois representou 1,6% das compras no comércio eletrônico norte-americano no ano passado.

A projeção do Worldpay é que essa fatia nas modalidades de pagamento suba para 4,5% em 2024.

Os números também comprovam a tendência de se vender “fiado” se popularizar entre os mais novos.

Segundo a consultoria financeira Conerstone Advisors, um em cada cinco millennials (pessoas da faixa de 25 e 40 anos de idade) usou o serviço compre agora, pague depois em 2020.

A proporção representa o dobro da taxa de consumo da Geração X (pessoas com idade entre 41 e 55 anos). Entre os baby boomers (55 anos em diante), o uso foi quase inexistente.

Riscos e benefícios de vender “fiado”

A reportagem do WSJ pondera os dois lados da balança de se vender “fiado” para consumidores e empresas.

Pelo lado dos consumidores, o grande benefício é poder pagar o produto no futuro sem e a necessidade de se ter um cartão de crédito que, para muitos jovens, é algo inacessível ou com limite muito baixo devido ao risco de crédito.

A base de dados do portal CreditCards.com mostra que apenas de 52% dos consumidores americanos da geração Z (idade entre 18 e 24 anos) têm cartão de crédito. Entre os baby boomers, o percentual sobre para 83%.

Já a aposta para as grandes redes comerciais está na fidelização dos novos clientes para que, além de voltarem a comprar na loja, passem a utilizar os cartões de crédito oferecidos pela empresa.

Entretanto, há o custo de compensação da tática de “vender fiado”. A reportagem diz que Macy’s registrou queda de novo clientes para o os cartões de crédito oferecidos pela rede.

A operação da nova modalidade pode acabar por consumir a receita com os próprios cartões, uma vez que as empresas deixam de faturar com os cartões e pagam taxas a empresas que operar o sistema compre agora, pague depois.

Por enquanto, as grandes redes enxergam a estratégia não como um gasto, mas sim como investimento. E os

Por enquanto, as grandes redes enxergam a estratégia não como um gasto, mas sim como investimento. E os dados mostram que as hipóteses que embasam a estratégia têm se confirmado.

Segundo Gennett, 40% dos compradores que utilizaram os serviços da Klarna, operadora que foi comprada pela rede de lojas – são novos na Macy’s. Além disso, 45% têm menos de 40 anos.

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