Votação do Orçamento pode ficar para o ano que vem
Ministério da Economia admite dificuldades e governo pode iniciar o ano de 2022 sem Orçamento aprovado, como já ocorreu neste ano
23/11/2021A votação do Orçamento do ano que vem pode pode atrasar por causa da demora na aprovação da PEC dos precatórios, necessária para liberar espaço extra às despesas do Auxílio Brasil e outros benefícios sociais em 2022.
O secretário de Orçamento Federal do Ministério da Economia, Ariosto Culau, adimite a possibilidade de atraso. Nesse cenário, haveria uma repetição do que se viu no início de 2021, quando o governo começou o ano sem que o Congresso tivesse aprovado as dotações de receitas e despesas.
A PEC, atualmente em tramitação no Senado Federal, muda a regra de cálculo do teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação, e cria um sublimite para a conta de precatórios, as dívidas judiciais do governo.
A votação da proposta deve ocorrer dia 30 de novembro no plenário do Senado, mas uma série de negociações sobre o teor do texto ainda está em curso.
“A expectativa nossa é que, até início de dezembro, no mais tardar até 10 de dezembro, a gente possa ter as condições de aprovação da PEC para envio de uma mensagem modificativa (do Orçamento) alterando os dados. Claro, dificilmente o Congresso vai ter tempo de processar isso”, reconheceu. “Acho o tempo bastante exíguo para a aprovação.”
Segundo Culau, o governo precisa de “segurança jurídica adequada” para o envio da mensagem modificativa do Orçamento, incorporando o espaço adicional que a PEC proporcionará no teto de gastos. Esse espaço foi reestimado pelo governo e está em R$ 106,1 bilhões. Para haver essa segurança, a PEC precisa ser aprovada.
Governo tem ‘plano B’ para contornar atraso na aprovação do Orçamento
Mesmo com o atraso no Orçamento de 2022, o secretário assegurou que o governo tem os mecanismos necessários para a execução provisória de despesas obrigatórias e de custeio para o funcionamento da máquina pública. Em ano eleitoral, a LDO de 2022 também permite a execução provisória de alguns investimentos e de obras para conservação e recuperação de rodovias. “Entendemos que não vai haver grande prejuízo ao Orçamento de 2022”, disse Culau.
Apesar do risco de atraso, o secretário assegurou que a equipe segue em contato frequente com o relator-geral do Orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), para “monitorar os tempos e movimentos da tramitação da proposta orçamentária no Congresso”.
A mensagem modificativa a ser enviada pelo Ministério da Economia é necessária para que o Congresso incorpore ao Orçamento as novas estimativas para o teto de gastos e, consequentemente, o novo espaço para despesas. Dos R$ 106,1 bilhões que se abrirão, apenas R$ 56,4 bilhões são de “livre destinação”. É desse valor que sairão os R$ 51,1 bilhões para ampliar o Auxílio Brasil e o dinheiro para prorrogar a desoneração da folha de pagamento de empresas intensivas em mão de obra.
O espaço que resta, estimado em R$ 1,1 bilhão, é insuficiente para bancar promessas do presidente Jair Bolsonaro, como auxílio-diesel a caminhoneiros (R$ 4 bilhões) ou reajuste a servidores (R$ 15 bilhões para um aumento de 5%).
O secretário especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, disse que a eventual destinação de recursos a outras ações será uma decisão política do Congresso Nacional, desde que haja corte em outros gastos, incluindo os discricionários (que não são obrigatórios). No entanto, ele frisou que a Economia não tem nenhuma estimativa para reajuste a servidores porque “não chegou nada oficialmente”. (AE)