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Ocupação de leitos de UTI volta a crescer em São Paulo

Ocupação dos leitos para covid-19 volta a aumentar no estado de São Paulo, trazendo de volta o risco de um novo colapso nos hospitais

Leito de UTI

A pandemia levou 63% dos hospitais a cancelarem cirurgias eletivas no Estado de São Paulo | Foto: Getty Images

A ocupação dos leitos de UTI para covid-19 voltou a aumentar no estado de São Paulo trazendo de volta o risco de um colapso nos hospitais como aconteceu em abril deste ano.

O número de leitos ocupados na rede hospitalar privada cresceu 7,5% desde o final de abril, segundo pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp).

Várias cidades do interior voltaram a registrar pacientes à espera de leitos de suporte avançado. Para a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, com a vacinação muito lenta e uma grande circulação do vírus, há chance de voltar à situação de colapso nos hospitais vivida pelo estado no mês de abril.

A pesquisa do SindHosp, realizada entre 11 e 17 de maio em 90 dos maiores hospitais, mostrou que 85% deles já têm ocupação superior a 80%. Na pesquisa anterior, em 30 de abril, esse nível de lotação acontecia em 79% dos hospitais.

Vacinação lenta preocupa

A pesquisa mostrou que, entre aqueles mais lotados, 39% possuem ocupação entre 91% e 100%, enquanto 46% oscilam entre 81% e 90%.

Para o presidente do SindHosp, médico Francisco Balestrin, esse aumento preocupa, pois pode indicar tendência de alta nos casos de covid-19. “Também nos preocupa o ritmo lento das vacinações e a falta de vacinas, o que obriga a rede de saúde a ficar alerta para atender novos casos”, disse.

A pesquisa, que ouviu 90 hospitais privados, com 8.713 leitos clínicos e 4.091 leitos de UTI em todo o estado, mostrou que o sufoco por falta de oxigênio e kit de intubação não está totalmente superado.

Em 58% dos hospitais, o estoque de kit intubação dá para até 15 dias. Destes, 24% têm estoque só para dez dias e 6% para até uma semana. Segundo o sindicato, a reposição é feita lentamente pela indústria e parte dos hospitais já importa os medicamentos. Apenas 30% têm estoque para mais de um mês.

Falta oxigênio

Quanto ao oxigênio, em 51% o estoque dá para 15 dias, mas 14% têm oxigênio para no máximo dez dias. Nos últimos dez dias, 86% dos hospitais apontaram aumento no preço dos medicamentos, sendo que 31% informaram alta de até 100%, enquanto 26%, aumentos ainda maiores. A pandemia levou 63% dos hospitais a cancelarem cirurgias eletivas (não urgentes).

O percentual é o mesmo de hospitais que afastaram colaboradores por problemas de saúde. Em 53% o número de pacientes superou a capacidade de atendimento, em 38% faltaram profissionais de saúde e em 34% houve falta de médicos.

“Além desses dados, houve um levantamento apontando mais de 230 pacientes no estado de São Paulo aguardando leito de UTI, principalmente em cidades menores. O que aconteceu é que a opção de flexibilização foi tomada em um momento em que houve uma melhora discreta dos números de casos e da taxa de ocupação de leitos, mas ainda não temos vacina suficiente e há uma grande circulação do vírus e de variantes”, disse.

Hospitais do interior em crise

Entre as principais cidades do interior, Campinas, Sorocaba, Presidente Prudente e Araraquara registraram aumento recente na ocupação de UTI covid. Em Campinas, a ocupação de UTIs públicas e privadas passou de 80,9% no final de abril para 82,8% nesta segunda-feira. Presidente Prudente também registrou pequena oscilação nesse período, de 93,5% para 93,9% – índice bastante elevado.

Os três maiores hospitais privados de Sorocaba – Unimed, Samaritano e Evangélico – mantiveram 100% de ocupação dos leitos de UTI desde 30 de abril até esta segunda-feira. Na rede pública, no entanto, a ocupação aumentou, no mesmo período, de 78,5% para 79,5%. (AE)

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