Em um quadro de alta polarização política nos Estados Unidos, alguns sinais apontam que o fiel da balança na eleição de novembro, deverá se concentrar no eleitor jovem, indecisos e sem registro de filiação partidária. O que se tem visto de ambos os lados (Democratas e Republicanos) até o momento, é uma pregação para convertidos, o famoso “jogar para a galera”.
Mas como tentar trazer o eleitor com esse perfil para participar do processo e manifestar seu voto nas urnas?
Para os eleitores mais jovens, em particular, a pauta ESG (Environmental Social Governance) é extremamente relevante. Pesquisas mostram que os millennials e a geração Z estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais, e tendem a apoiar empresas e políticos que demonstrem um compromisso legítimo com esses valores.
Ambos os lados reconhecem, ainda que timidamente, a importância crescente das questões ambientais, sociais e de governança e os critérios usados para avaliar o desempenho ético e sustentável de uma empresa ou investimento.
Os democratas colocam questões ambientais e sociais no topo de sua agenda política faz algum tempo, defendendo projetos de combate às mudanças climáticas, incentivo a energias renováveis e redução de emissões de carbono, alinhadas com os termos do Acordo de Paris.
Além disso, os democratas enfatizam a importância da responsabilidade social corporativa. Os formuladores de leis e políticas públicas com viés mais liberal acreditam que a boa
governança é essencial para promover a confiança pública, garantir a justiça e a equidade para todos os cidadãos.
Já os republicanos tendem a abordar os temas ESG de forma cautelosa, enfatizando a importância das liberdades individuais, da inovação e do crescimento econômico. Embora alguns republicanos reconheçam os valores da sustentabilidade ambiental e do bem-estar social, muitas de suas lideranças e membros com mandatos, resistem a abordagens que consideram excessivamente reguladoras ou que possam prejudicar a competitividade das empresas americanas.
Os republicanos defendem soluções baseadas no mercado e que promovam o crescimento econômico via cortes de impostos e redução de burocracia como mecanismo para se alcançar o bem-estar social e aumentar a mobilidade econômica.
Quanto à governança, os republicanos enfatizam a importância da eficiência e da responsabilidade fiscal, buscando reduzir o tamanho do Estado e uma administração pública mais enxuta e eficaz para combater o desperdício de recursos públicos.
No caso da governança e compliance nas empresas, geralmente defendem uma abordagem de autorregulação, argumentando que as empresas devem ser livres para tomar suas próprias decisões, desde que sejam transparentes e sigam as leis existentes.
Embora alguns republicanos continuem a resistir a certas políticas ambientais e sociais mais progressistas, muitos estão começando a adotar uma abordagem mais pragmática, defendendo soluções de mercado para questões ambientais, como incentivos fiscais para empresas que reduzem suas emissões de carbono e investem em energia limpa.
Nesse xadrez, ambos os partidos reconhecem que a conquista do eleitor jovem é crucial para o sucesso em 2024 e além. Ainda que tardiamente, tanto democratas como republicanos estão tentando adaptar suas estratégias e mensagens políticas para atrair esse segmento crucial do eleitorado.
Vale acompanhar os desdobramentos desse movimento que poderá ser um divisor de águas, com capacidade de gerar significativas mudanças não apenas no mundo político e nos resultados eleitorais, mas também impactando o futuro da economia dos Estados Unidos.