A balança comercial brasileira atingiu superávit recorde de US$ 99 bi em 2023, favorecida pelas exportações de grãos, petróleo e minério de ferro.
O resultado foi gerado pela enorme safra agrícola (mais produtividade, maior área plantada e clima favorável), aumento significativo do volume exportado de petróleo (produção maior com maturação dos investimentos), além das maiores vendas de minério de ferro ao exterior.
Por outro lado, a expansão moderada da demanda doméstica e o patamar desvalorizado da taxa de câmbio real ajudam a explicar parte da queda no volume importado.
Esperamos manutenção de uma balança comercial robusta em 2024, que dará força ao real. A economia brasileira deverá se expandir de forma não inflacionária em 2024, combinando um crescimento real do PIB de 2,5% e a convergência da inflação de preços livres para 3%.
Os maiores riscos para esse cenário são uma escalada do fenômeno El Niño, com reflexo mais severo na agricultura, e a eventual dificuldade da retomada da indústria manufatureira nacional.
Estimamos IPCA de 3,5% em 2024, incluindo o impacto exógeno de 0,5 p.p. da elevação de ICMS sobre combustíveis e os efeitos adversos do El Niño sobre os preços de alimentos.
Ou seja, os núcleos devem continuar ao redor do centro da meta. A meteorologia é um risco altista, ainda que moderado, para a inflação de alimentos neste ano.
Portanto, estimamos que o consolidado processo de redução dos núcleos da inflação cria espaço para a continuidade dos cortes de juros pelo Banco Central até, pelo menos, 8,75% a.a. no fim deste ano.