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Eduardo Yuki

Selic cai de forma lenta e gradual

Copom deve reduzir ritmo de corte dos juros: Safra espera redução de 25 pontos-base nas próximas cinco reuniões; Selic vai a 9,5% no fim do ano

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A atividade econômica apresentou desempenho positivo no início desse ano, como mostraram os bons resultados das vendas no varejo | Foto: Getty Images

O ritmo de crescimento da atividade mundial deverá arrefecer ao longo desse ano, como reflexo do aperto fiscal e monetário nas principais economias. O PIB real americano cresceu 0,4% no primeiro trimestre desse ano em relação ao quarto trimestre do ano passado, abaixo da expectativa do consenso dos economistas em torno de 0,6%.

O ritmo de expansão do consumo das famílias permaneceu firme, com redução das compras de bens e aumento de serviços, especialmente em saúde e financeiros. Enquanto isso, a renda pessoal disponível apresentou desempenho modesto, reforçando que o consumo foi sustentado pela redução da taxa de poupança.

Acreditamos que o aperto fiscal implementado neste ano, que reduzirá o déficit primário ajustado ao empréstimo estudantil de 5,0% do PIB em 2023 para 2,7% do PIB em 2024, colaborará para o arrefecimento da demanda doméstica e para o processo desinflacionário ao longo dos próximos trimestres.

Mas, considerando que a inflação ficou mais pressionada no início desse ano, ainda que concentrada em poucos itens, o FED deverá postergar o começo do ciclo de queda da taxa de juros para setembro.

Na zona do Euro, a economia apresentou crescimento moderado de 0,3% do primeiro trimestre, após cinco trimestres de estagnação. O fraco desempenho da atividade e o arrefecimento da inflação devem levar o BCE a iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em meados desse ano.

Na China, a expansão da produção industrial não tem sido correspondida no mesmo ritmo pelo consumo doméstico, conforme indicado pela estabilização das vendas de varejo ao longo dos últimos meses, o que ajuda a impulsionar as exportações. O preço médio dos produtos exportados pelo país recuou cerca de 12% nos últimos doze meses, favorecendo a desinflação mundial.

A alteração na perspectiva da política monetária americana pressionou a taxa de câmbio dos países emergentes em abril. Por outro lado, a nossa balança comercial segue robusta, estimamos superávit comercial em torno de US$ 90 bilhões nesse ano com destaque para exportações de commodities agrícolas e petróleo, o que beneficia a nossa moeda. Dessa forma, o preço das commodities no mercado futuro internacional cotado em moeda local não indica pressão relevante para a nossa dinâmica inflacionária no médio prazo.

Assim, o nosso indicador que mensura o custo de produção das empresas brasileiras continua bem-comportado e corrobora as leituras favoráveis de inflação ao consumidor dos últimos meses, com redução do índice de difusão para nível historicamente baixo e métricas de núcleo próximas do centro da meta.

A atividade econômica apresentou desempenho positivo no início desse ano, como mostraram os bons resultados das vendas no varejo. A redução da inflação tem beneficiado o poder de compra das famílias, enquanto a queda da taxa de juros começa a impulsionar o mercado de crédito, favorecendo o consumo das famílias e os investimentos das empresas.

Dessa forma, reiteramos nossa estimativa de expansão do PIB real em torno de 2,5% nesse ano.

Portanto, o aumento da incerteza sobre o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos e a permanente necessidade de perseverar no processo de consolidação fiscal devem levar a uma maior parcimônia pelo Comitê de Política Monetária, que tende a reduzir o ritmo de corte da taxa Selic na reunião de maio.

Por outro lado, a robustez das contas externas e o processo desinflacionário permitem a extensão do ciclo durante os próximos meses. Esperamos, assim, que a autoridade monetária reduza a taxa Selic em 25 pontos-base nas próximas cinco reuniões deste ano, levando a taxa de juros para 9,50% a.a..

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Eduardo Yuki é Superintendente Executivo de Economia do Banco Safra. Atua há mais de vinte anos no mercado financeiro. Possui mestrado em Teoria Econômica pela Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

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