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Ilton Caldeira

Mão de obra imigrante e renascimento industrial nos EUA

A economia dos Estados Unidos cresce e atrai imigrantes qualificados, impulsionando o crescimento populacional e aumentando a demanda por moradias, serviços e infraestrutura

Vista de NY

A criação de empregos relacionados à tecnologia e à sustentabilidade contribui com a redução de disparidades socioeconômicas, ajudando os EUA a se manterem competitivos | Foto: Getty Images

Os Estados Unidos estão passando por uma transformação industrial revigorante, impulsionada por avanços no setor de energia verde, o crescimento explosivo do segmento de carros elétricos e investimentos significativos na produção de chips. Essas tendências convergentes estão mudando a paisagem econômica do país e estimulando o renascimento de regiões industriais tradicionais, bem como o surgimento de novos polos de desenvolvimento.

O setor de energia verde é uma força motriz por trás da mudança na paisagem produtiva dos Estados Unidos. Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a busca por fontes de energia mais sustentáveis, empresas e governos estão investindo pesadamente em energias renováveis. Estados como Texas, Califórnia e Iowa, por exemplo, estão liderando o caminho na geração de energia eólica e solar.

Esses desenvolvimentos não apenas estão criando empregos nas áreas de instalação e manutenção de sistemas de energia renovável, mas também impulsionando a demanda por componentes como painéis solares e turbinas eólicas. Consequentemente, novas fábricas e cadeias de suprimentos estão surgindo para atender a essa crescente demanda.

A indústria automobilística, enraizada na cultura americana, também está passando por uma transformação significativa com a rápida assimilação dos carros elétricos pelos consumidores. Empresas como Tesla, Ford e General Motors estão investindo pesado em veículos elétricos, o que está impulsionando a demanda por baterias de íon-lítio e infraestrutura de carregamento. Regiões como o Vale do Silício, Detroit e Nevada estão se transformando em centros de pesquisa, desenvolvimento e produção de veículos elétricos e baterias.

A demanda por semicondutores nunca foi tão alta. Eles são componentes essenciais em uma ampla gama de dispositivos, desde smartphones e laptops até carros elétricos e equipamentos de energia verde. A pandemia de COVID-19 e a crescente digitalização da sociedade impulsionaram ainda mais essa demanda. Como resultado, os Estados Unidos estão investindo em aumentar a produção de chips no país. Empresas como Intel e TSMC estão expandindo suas operações e construindo novas fábricas em locais estratégicos, como Arizona, Nova York e Oregon.

Essas tendências estão provocando um impacto profundo e um redesenho da infraestutura industrial dos Estados Unidos. Muitas áreas que antes dependiam da manufatura tradicional, como aço e automóveis, estão experimentando uma nova vida com a transição para a energia verde e a produção de carros elétricos. Cidades como Pittsburgh, que já foram centros da indústria do aço, estão se convertendo em hubs de tecnologia e inovação. Além disso, as novas fábricas de chips estão criando empregos de alta tecnologia e estimulando o crescimento econômico em várias regiões.

Mas apesar dos benefícios dessas novas tendências, há desafios a serem enfrentados. A escassez de mão de obra qualificada é um problema, à medida que a demanda por trabalhadores técnicos e engenheiros aumenta. Além disso, a competição global na produção de chips e tecnologia verde é intensa, com países como a China disputando fatias importantes do mercado.

Nesse sentido, profissionais estrangeiros, imigrantes altamente qualificados, estão cada vez mais se juntando a esse esforço, trazendo aos Estados Unidos expertise nas mais diversas áreas do conhecimento, contribuindo com a construção de bases sólidas das novas cadeias produtivas e de desenvolvimento tecnológico de ponta.

Essa onda de conhecimento global que aporta no país tem feito com que as oportunidades superem os desafios. Esses setores em crescimento estão tendo um impacto significativo na economia e na sociedade dos Estados Unidos. As regiões industriais em ascensão estão atraindo uma força de trabalho qualificada, impulsionando o crescimento populacional e aumentando a demanda por moradias, serviços e infraestrutura.

A diversificação econômica e cultural resultante reduz a dependência de indústrias tradicionais, tornando essas áreas mais resilientes a flutuações econômicas. A criação de empregos relacionados à tecnologia e à sustentabilidade também contribui com a redução de disparidades socioeconômicas em muitas comunidades, ajudando os Estados Unidos a se manterem competitivos na economia global.

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Ilton Caldeira é jornalista de Economia e Política e especialista em Relações Internacionais pela FGV-SP. Nos Estados Unidos é Head de Comunicação da Dell’Ome Law Firm e sócio da consultoria Smart Planning Advisers.

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