Banco Central eleva previsão de crescimento do PIB de 2022 para 2,7%
Relatório de inflação do Banco Central revê projeções para o crescimento do PIB e indica alta de 3,9% no consumo das famílias
29/09/2022O Banco Central (BC) elevou sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 de 1,7% para 2,7%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 29.
Em relação aos componentes da demanda, o relatório informou alteração de 1,7% para 3,9% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 1,8% para 0,7% previsão de alta do consumo do governo.
Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de avanço de 2,2% para zero, enquanto a revisão para a indústria foi de alta de 1,2% para 2,4%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de crescimento de 2,1% para 3,4%.
“A surpresa no crescimento do segundo trimestre, os resultados iniciais do terceiro e estímulos não contemplados no RI anterior – notadamente o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil e o arrefecimento da inflação, resultante, em grande medida, da redução de tributos sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação – são os principais fatores para a revisão. Esses mesmos fatores indicam nova expansão do PIB no terceiro trimestre, mas em magnitude menor do que a observada nos últimos três trimestres”, avaliou a autoridade monetária.
O documento indica que a projeção para 2022 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de queda de 2,7% para retração de 0,4%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em junho.
“Após quatro trimestres de variações negativas ou próximas à estabilidade, a FBCF apresentou crescimento elevado, maior do que o previsto, no segundo trimestre. Esta recuperação repercutiu altas na produção e na importação de bens de capital, após recuos no primeiro trimestre, e desempenho favorável na construção civil”, comentou o Banco Central.
Banco Central eleva previsão para o PIB de 2023
No relatório, o Banco Central também divulgou pela primeira vez suas projeções para o PIB do ano que vem. A expectativa é de crescimento de 1%, “com arrefecimento na demanda interna e nos componentes mais cíclicos da oferta, sob influência da esperada desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica”.
Pelo lado da oferta, o BC prevê expansão de 7,5% da agropecuária; enquanto, para a indústria, a projeção é de avanço de 0,4%. No caso dos serviços, a autoridade monetária estima crescimento de 0,6%.
Já entre os componentes da demanda, o BC projeta alta de 0,7% para o consumo das famílias e aumento de 1,00% no consumo do governo. A FBCF deve cair 0,5% nas contas da autarquia. No Boletim Focus, a mediana é de crescimento de 2,67% para o PIB deste ano e de 0,50% no próximo.
Transações correntes
O Banco Central também atualizou as projeções para o balanço de pagamentos em 2022. A projeção para o resultado das transações correntes do País passou de superávit de US$ 4 bilhões para déficit de US$ 47 bilhões. Já a estimativa para o Investimento Direto no País (IDP) neste ano foi de US$ 55 bilhões para US$ 70 bilhões.
“A revisão da projeção para o saldo em conta corrente em 2022 decorre majoritariamente da reavaliação para baixo do saldo comercial esperado. Por outro lado, os fluxos de investimento direto surpreenderam positivamente, o que justifica aumento na projeção do ano”, justificou o BC. “Apesar da acentuada revisão para 2022, as projeções continuam indicando cenário favorável para as contas externas, com déficit em conta corrente inferior às entradas líquidas de investimento direto”, avaliou.
Em relação ao saldo líquido de investimento de estrangeiros em carteira – incluindo ações e títulos de renda fixa -, a projeção passou de superávit de US$ 7 bilhões para déficit de US$ 9 bilhões.
Nas estimativas para 2023, no caso das transações correntes, a projeção é de déficit de US$ 36 bilhões. Para o IDP, o BC prevê fluxo positivo de US$ 75 bilhões. Em relação aos investimentos estrangeiros em carteira, a estimativa é de déficit de US$ 5 bilhões.
Mercado de crédito
O Banco Central (BC) promoveu ajustes nas projeções para o mercado de crédito em 2022. A instituição alterou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o saldo total de crédito este ano de alta de 11,9% para elevação de 14,2%.
“Desde o Relatório de Inflação anterior, o crescimento do crédito surpreendeu mais uma vez, principalmente no segmento de pessoas físicas com recursos livres. Essa surpresa e a revisão do cenário prospectivo para a atividade econômica nos próximos meses elevaram a projeção de crescimento nominal do crédito em 2022”, avaliou o BC.
Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas passou de alta de 14,4% para elevação de 16,4%. No caso das empresas, a expectativa foi de alta de 8,5% para 11,2%.
Já a projeção para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 15,2% para elevação de 17,2%. Dentro do crédito livre, a projeção para o crédito às pessoas físicas foi de alta de 17,0% para alta de 19,0%. No caso das pessoas jurídicas, passou de elevação de 13,0% para avanço de 15,0%.
A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 7,0% para 9,7%. Dentro do crédito direcionado, a projeção do saldo para as pessoas físicas foi de alta de 11,0% para avanço de 13,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção passou de zero para alta de 4,0%.
O BC também publicou pela primeira vez as estimativas para 2023. Para o crédito total, a projeção é de alta de 8,2%. Na abertura para famílias, o BC prevê aumento de 8,7%, já para empresas a estimativa é de avanço de 7,4%.
“Para 2023, o crescimento do crédito deverá continuar em desaceleração, considerando as projeções de evolução da atividade econômica para o período, que indicam moderação no crescimento do PIB”, acrescentou o BC.
No crédito livre, a expectativa é de expansão de 9,6%, dividido em alta de 10,0% para pessoas físicas e avanço de 9,0% para pessoas jurídicas.
O BC ainda projeta elevação de 6,0% no crédito direcionado no ano que vem. Para as famílias, a expectativa é de aumento de 7,0% e, para empresas, avanço de 4,0%. (AE)