close

Copom mantém taxa de juros a 13,75% ao ano

A expectativa do mercado é de que o Banco Central mantenha este patamar de juros até meados do próximo ano

Edifício do Banco Central

O mercado espera que a política monetária mais restritiva do Banco Central tenha o efeito desejado em meados do ano que vem | Foto: Divulgação

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% na reunião desta quarta-feira, 26. A expectativa do mercado é que este patamar de juros se mantenha até meados do próximo ano, quando as medidas monetárias devem começar a surtir o efeito na economia com a permanência da inflação na meta estabelecida pelo BC. Confira aqui o comunicado do BC.

A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulada até a primeira quinzena de outubro está em alta de 4,80%. Em 12 meses, o IPCA está em 6,85%. Como nos últimos meses, o recuo no preço dos combustíveis (-6,14%) impactou o resultado, como apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Saiba mais

Segundo comunicado do Banco Central, a decisão foi unânime e os membros do Comitês avaliaram que o cenário externo mantém-se adverso e volátil, com revisões negativas para o crescimento global e aumento da volatilidade nos ativos financeiros.

“O ambiente inflacionário segue pressionado, enquanto o processo de normalização da política monetária nos países avançados prossegue na direção de taxas restritivas, tornando as condições financeiras mais apertadas. O Comitê notou também a maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados. O Comitê avalia que ambos os desenvolvimentos inspiram maior atenção para países emergentes”, diz a nota.

Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom sinalizou ritmo mais moderado de crescimento, apontou o Copom. “Apesar da queda recente concentrada nos itens voláteis e afetados por medidas tributárias, a inflação ao consumidor continua elevada.”

“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor dos seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024”, diz o comunicado. “O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.”

Para o diretor de estratégia e relações com o mercado do Banco Safra, Joaquim Levy, esse movimento de queda dos juros deve começar a acontecer a partir de maio a junho de 2023 e, dependendo das condições econômicas, de uma maneira “acelerada”.

“Esperamos um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) entre 1% a 1,5% este ano e uma inflação ao redor de 5%, com possibilidade de ser mais baixa”, disse Levy. Segundo ele, uma inflação mais baixa facilita o trabalho do Banco Central, que não terá que ser tão agressivo para converter os preços à meta.

O executivo pondera, no entanto, que as decisões de políticas econômicas darão a orientação à questão fiscal no país. “Isso vai dar mais confiança aos agentes econômicos de que a economia brasileira vai conseguir avançar sem grandes sobressaltos em relação a dívida/PIB e outras coisas que caracterizam uma solvência da economia”, afirmou.

Para Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, as apostas é de que o ciclo de baixa dos juros deve ser implementado pelo Banco Central a partir de julho do próximo ano. “A grande incerteza em relação a 2023 é o desfecho eleitoral e o rumo que tomará a política fiscal, isso porque, as discussões sobre contas públicas são relevantes para os juros futuros”, disse Abdelmalack.

Ricardo Jorge, especialista da Quantzed, o comportamento da inflação nos últimos três meses foi muito positivo, o que dá sustentação ao BC para manter os juros neste patamar e iniciar o ciclo de baixa a partir do segundo semestre de 2023.

Os indicadores de inflação, segundo Jorge, estão arrefecendo por conta da redução do ICMS de energia e combustíveis, mas ainda assim o mercado acredita que essas medidas podem começar a responder em breve aos movimentos de alta de juros promovidos pelo BC.

“Para o mercado os efeitos da política monetária vão começar a ser vistos um pouco mais para frente. O mercado de juros tem trabalhado com esse cenário e não existe nada que indique mudança de direção em relação a isso”, disse Jorge.

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra