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Desaceleração da China dificulta recuperação do Ibovespa

Com resultado do PIB da China no 3º trimestre, Bolsa de Valores de São Paulo fica sem forças para manter recuperação iniciada na sexta-feira

porto da china

O mercado reagiu à nitícia de que o PIB da China cresceu 4,9% entre julho e setembro, ritmo mais fraco desde o terceiro trimestre de 2020 | Getty Images

A desaceleração da economia da China abalou o mercado financeiro nesta segunda-feira e levou o Ibovespa a fechar em baixa de 0,19%, aos 114.428,18 pontos. O índice de ações chegou a cair à mínima de 112.840,52, pela manhã, após a divulgação do PIB da China no terceiro trimestre. A máxima foi de 114.926,85 pontos, à tarde, saindo de abertura a 114.646,73 pontos.

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,9% entre julho e setembro, o ritmo mais fraco desde o terceiro trimestre de 2020.

No melhor momento da sessão, o Ibovespa foi mais uma vez ao maior nível intradia desde 16 de setembro (115.061,97). O giro financeiro foi de R$ 33,1 bilhões nesta segunda-feira e, no mês, o índice avança 3,11% – no ano, cai 3,86%.

Com S&P 500 (+0,34%) e Nasdaq (+0,84%) no positivo, o Ibovespa conseguiu neutralizar ainda no começo da tarde as perdas que se impunham desde a manhã. Além da economia chinesa, o resultado da produção industrial do país em setembro pressionaram, em especial, Vale (ON -0,94%) e o setor de siderurgia (CSN ON -4,13%, Usiminas PNA -3,02% no fechamento).

Recuperação do Ibovespa esbarra no PIB da China

O Ibovespa não encontrou força para dar sequência à recuperação da sexta-feira, quando havia avançado 1,29%, a 114,6 mil pontos, apesar do bom desempenho de bancos (BB ON +1,99%, Bradesco PN +1,74%) nesta segunda-feira, e da performance estelar de Getnet, que chegou a superar 80% nesta sessão de estreia na B3 e também no Ibovespa – cindida de outro ativo (Unit do Santander), que já fazia parte da carteira teórica.

Destaque também para Lojas Americanas (+20,72% no fechamento), impulsionada por noticiário da empresa sobre a estrutura societária.

“Ainda há um embate entre o micro, positivo, e o macro, que causa ruído e traz preocupação, na economia e na política. Na semana que vem, teremos resultados corporativos e, ao que tudo indica, tendem a ser favoráveis. Hoje, os dados da China também não ajudaram”, diz Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos.

“O dia foi bastante pesado pela manhã, com relação à China, em que os dados ficaram abaixo do esperado, e, no Brasil, o risco de mobilização dos caminhoneiros para uma possível greve no dia 1º”, diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, chamando atenção também para os mais recentes desdobramentos em torno do Auxílio Brasil, futuro substituto do Bolsa Família – a princípio “mais caro e com maior abrangência” do que a do programa antecessor, o que mantém o foco do mercado sobre o cenário fiscal.

Prorrogação do Auxílio Emergencial

Em Brasília, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que o auxílio emergencial poderá ser prorrogado por 60 dias com um valor menor enquanto o Executivo discute a viabilidade do Auxílio Brasil.

Pouco antes, em evento em Minas Gerais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Executivo vai resolver a extensão do auxílio emergencial ainda nesta semana. Segundo disse, o valor do benefício, não explicitado pelo presidente, foi decidido em reunião no último sábado com os ministros Paulo Guedes, da Economia, e João Roma, da Cidadania.

O mercado também acompanhou de perto o noticiário corporativo, com destaque para Lojas Americanas. “A companhia anunciou que está fazendo estudos para eventualmente unificar as três classes de ações (LAME3, LAME4 e AMER3) no Brasil, antes do processo de listagem lá fora.

Com isso, essas três classes seriam concentradas no Novo Mercado – com ações ordinárias, 100% de ‘tag along’ -, ou seja, o melhor nível de governança corporativa”, diz Danniela Eiger, head de varejo e co-head de Equity Research da XP.

“Este é um ponto que os investidores sempre buscaram e questionaram na companhia, a principal frustração sobre a forma como a fusão foi feita no início deste ano; então há uma visão muito positiva (agora)”, acrescenta. “Além disso, neste cenário, seria eliminada a estrutura de holding.

Hoje, a Lame tem uma participação de cerca de 39% na Americanas (AMER3), e isso deixaria de existir, o que é outro ponto positivo porque hoje as ações refletiam desconto de holding, de mais ou menos 25%, que na nossa visão é o principal motivo para essa diferença entre Lame e Amer.”

“Ainda é um estudo preliminar, não se sabe a relação de troca das ações, algo que é preciso esperar para se ter opinião mais embasada sobre o impacto econômico para os acionistas. Mas, de forma geral, é algo positivo porque simplifica a estrutura societária e eleva a companhia ao melhor nível de governança da Bolsa”, conclui a especialista da XP.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, bem atrás da estreante Getnet (+63,57%) e de Lojas Americanas PN (+20,72%), destaque para Americanas ON (+4,33%) e para Locaweb (+4,26%). Na face oposta do índice, Pão de Açúcar (-6,46%), Banco Inter (PN -4,74%) e CSN (ON -4,13%). (AE)

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