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Euro perde valor e empata com o dólar pela primeira vez na história

Valorização do dólar leva moeda norte-americana a alcançar o euro, que historicamente valia 20% a mais, e paridade tende a persistir

dólar/euro

O diferencial de juros é a primeira métrica para avaliar a paridade entre uma divisa e outra, e com o Fed mais contracionista, este indicador só cresce | Foto: Getty Images

A guerra entre Rússia e Ucrânia teve um efeito devastador para a Europa, não só pela crise humanitária, mas pela alta da inflação no bloco e o maior risco de recessão econômica. Este efeito levou, pela primeira vez, nesta semana, o euro valer o mesmo que o dólar. Historicamente, a moeda do bloco valia cerca de 20% a mais do que a divisa americana. Nesta quinta-feira, por volta de 14h45, 1 euro valia US$ 1,0009.

“A maior razão para esta queda do euro em relação ao dólar é a guerra”, disse Wagner Varejão, especialista da Valor Investe. “O conflito encareceu muito os preços, principalmente o da energia, porque a região é muito dependente do petróleo e do gás russo, e isso pesa sobre a inflação.”

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A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro atingiu a máxima histórica de 8,6% em junho, superando o recorde anterior de 8,1% observado em maio.

O resultado da inflação na zona do euro no mês passado ficou acima da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam avanço da taxa a 8,4%.

Apenas os custos de energia deram um salto anual de 41,9% em junho, impulsionados pelo conflito russo-ucraniano, após subirem 39,1% em maio.

Segundo Varejão, a escalada da inflação está ocorrendo em todo mundo, mas a resposta do Banco Central Europeu para conter esta alta está bem mais lenta do que a do Federal Reserve (Fed, banco central americano).  

“O Fed já vem sinalizando desde o último ano que seria mais agressivo na condução da política monetária e isso fez o euro perder espaço frente ao dólar”, afirmou. “O diferencial de juros é uma das primeiras métricas que temos que olhar para avaliar a paridade entre uma divisa e outra, e com o Fed mais contracionista, com a perspectiva de juros nos EUA serem de 3,25% a 3,50% ao ano, este indicador só cresce.”

Para Varejão, se mantendo este cenário de guerra, inflação alta e BCE menos contracionista, a tendência é de que a paridade entre euro e dólar permaneça por mais tempo.

“Não há espaço para o euro se apreciar tanto, dada a situação de aperto monetário nos EUA que leva os investimentos para lá. Além disso, não está claro quais as medidas que o BCE deve implementar para impedir a escalada da inflação. É difícil ver o euro se valorizando em relação ao dólar”, ressaltou.

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