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Mobilização de servidores deixa o Ibovespa instável

Mercados ficam em compasso de espera diante da ameaça de greve dos servidores federais e da expectativa de alta de juros nos Estados Unidos

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Expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos a partir de março aumenta cautela dos investidores | Foto: Getty Images

Os ativos domésticos esperam em compasso de espera por novidades sobre a paralisação de servidores federais prevista para esta terça-feira e com sinais moderados. Enquanto aguarda a abertura negativa das bolsas americanas após o feriado de ontem, o Ibovespa, que iniciou o pregão em sutil queda, passou a testar alta, mas sem muita convicção com a ajuda de ações ligadas ao setor de commodities.

O dólar à vista tem instabilidade, com viés de queda, enquanto os juros avançam, com investidores atentos às paralisações de servidores federais. A volta das bolsas americanas após a folga da véspera deve ocorrer sob forte pressão negativa, na esteira de alta expressiva dos juros dos títulos americanos.

A aversão a risco é notória nos mercados de ações do exterior. É crescente a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) eleve o juro básico de forma agressiva ao longo do ano, uma vez que a inflação americana permanece alta e a economia segue se recuperando.

A remuneração dos títulos referenciais de dez anos do Tesouro americano chegou a 1,83%, alcançando o maior nível em dois anos, com os investidores antecipando um movimento de aperto monetário que deve ser posto brevemente em prática pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, ressalta a Levante Ideias de Investimentos.

Embora não haja mudanças em relação ao tema ligado à política monetária americana, a Renascença DTVM avalia que há um aguardo cauteloso dos investidores por novidades, indicadores econômicos e falas de diretores do Fed.

Ibovespa tem clima de cautela com ameaça de greve de servidores

Internamente, investidores ainda adotam cautela por conta da paralisação dos servidores públicos no Brasil por reajustes salariais, o que eleva as preocupações fiscais.

Mais de 40 categorias de funcionários públicos prometem paralisar conjuntamente hoje. A preocupação é que o movimento consiga levar o governo a promover aumentos salariais em um momento delicado para as contas públicas, deixando o quadro fiscal incerto, tudo que o mercado abomina.

A reação dos servidores aconteceu após o presidente Jair Bolsonaro tentar incluir no Orçamento de 2022 R$ 1,7 bilhão destinado a reajuste salarial de policiais federais. Aliás, a peça orçamentária precisa ser sancionada até sexta-feira.

Líderes sindicais alertaram que, a depender da resposta do Executivo hoje, a mobilização será ampliada e as carreiras podem entrar em greve em fevereiro.

De acordo com a Levante, a partir dos atos desta terça-feira será possível compreender a magnitude das pressões do funcionalismo público federal e esperar uma resposta mais contundente do governo nas próximas duas semanas – a fim de evitar, principalmente, uma greve geral no início de um ano eleitoral.

“Ademais, com a crescente pressão sobre o governo, espera-se uma solução alternativa ao pagamento de R$ 1,7 bilhão para categorias que compõem a base de apoio do presidente. Nesse momento, o caminho mais plausível parece ser o recuo do governo e mais um ano de salários congelados para a elite do funcionalismo público”, cita a nota da Levante.

Contudo, a agenda de indicadores está esvaziada no Brasil, reforçando a expectativa de atenção dos agentes na paralisação do funcionalismo público e no exterior, o que também pode gerar instabilidade. Nos Estados Unidos, saem o índice de atividade industrial Empire State e balanços do Bank of America e do Goldman Sachs.

BRF cai após notícia de aumento de capital

Internamente, o investidor ainda acompanha o noticiário corporativo. A BRF informou que a maioria dos acionistas da companhia aprovou o aumento do capital social por oferta pública de até 325 milhões de ações ordinárias e American Depositary Receipts (ADRs).

Os papéis da BRF cediam 3,74%. Já a oferta de ações da Braskem, que pode render R$ 8 bilhões para a Petrobras e a Novonor, tem uma inovação que sinaliza que as vendas de papéis não vão parar agora, conforme apurou a Coluna do Broadcast. Braskem cedia 0,76%.

A despeito de temores no mercado relacionados com a demanda principalmente por conta de tensões no Oriente, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve sua previsão para o aumento da oferta da commodity entre países fora do grupo em 2022. Ainda deixou inalterada a projeção de alta na demanda global por petróleo em 2022, em 4,2 milhões de bpd.

Petróleo impulsiona ações da Petrobras

No entanto, a alta nas cotações do contrato futuro do petróleo entre 1,87% (EUA) e 1,45% (Londres) impulsionam as ações da Petrobras, com ganhos de 0,86% (PN) e de 0,52% (ON). Já a valorização do minério de ferro, de 1,59%, no porto chinês de Qingdao, anima os papéis do segmento. Vale ON subia 1,26% e CSN ON, 1,71% às 10h52.

O Ibovespa cedia 0,10%, aos 106.266,05 pontos, após abrir aos 106.369,27 pontos (queda de 0,01%), oscilar entre mínima diária aos 106.091,70 pontos (-0,27%) e máxima aos 106.519,93 pontos (alta de 0,14%). (AE)

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