close

Nelson Rosamilha

Transformação para agilidade sem fragilidade

A experimentação de abordagens e práticas ágeis pela equipe é de extrema importância para o seu desenvolvimento

Marketing

Equipe precisa estar conectada ao contexto do negócio e da empresa | Foto: Getty Images

No mundo digitalizado em que vivemos, a entrega de valor em ciclos cada vez mais curtos é crescentemente valorizada pelos clientes. Mas se a pressa é inimiga da perfeição, como entregar valor mais rápido para o cliente sem perder em qualidade? É aí que entram os processos ágeis.

Observamos um aumento constante no número de organizações que adotam práticas e processos ágeis. Segundo o relatório “Annual State of Agile Report” de 2021, a adoção desses processos pelas empresas de desenvolvimento de softwares, por exemplo, saltou de 37% em 2020 para 86% em 2021. E, além de já estarem largamente disseminadas nas áreas de TI, essas práticas vêm sendo abraçadas por outras áreas, como Marketing (17 %), Segurança (17%), Recursos Humanos (16 %) e Vendas (11%), de forma crescente.

Porém, apertar o botão de “fast forward” (aquele que faz o filme avançar rápido) ou sair contratando jovens cheios de energia não assegura que a empresa vá conseguir implementar processos ágeis. Agilidade tem mais a ver com planejamento, cultura, pessoas, dinamismo e hierarquização de prioridades do que com aceleração.

Embora o cliente queira ter o valor na mão dele o mais cedo possível, isso não significa que você tenha que entregar todo o trabalho de uma só vez. A agilidade começa na sua primeira conversa com o cliente. Nesse primeiro contato é preciso entender qual parte do requisito (produto, funcionalidade, serviço etc) é o de maior valor para ele. Pode ser retorno financeiro, aumento de vendas, entrega de serviços, entre outros. A definição desse valor parte dele.

Com essa percepção, podemos planejar um projeto e dividi-lo em quatro ou mais caixinhas onde cada uma representa um ciclo de entrega de valor. Então, em vez de esperar que todo o trabalho seja concluído para entregar o serviço completo ao cliente, você vai entregando por partes, começando pela caixinha que vai agregar mais valor para ele.

A empresa ágil faz entregas durante todo o período de duração do projeto e não apenas no final. Esse sistema funciona de forma dinâmica, porque nosso cliente recebe algo no menor tempo, experimenta ou consome esta entrega e, em função desta vivência ele pode solicitar mudanças no projeto para as próximas entregas, sendo gerando valor. Se isto fosse feito apenas no final, o esforço para refazer o trabalho seria muito maior. Assim, isso é o que chamamos de entrega de valor por incrementos, com feedback constante, diminuição de riscos e valor percebido de forma frequente. Essa troca dinâmica com o cliente através de entregas de valor, cria um elo mais robusto assegurando sua retenção.

Essa retenção pela adoção da agilidade é medida pelo sucesso da transformação ágil através de critérios como satisfação do cliente (59%), valor para o negócio (58 %) e atingimento dos objetivos do negócio (50%), entre outros (fonte: Annual State of Agile Report).

A transformação ágil exige também adaptabilidade, ou seja, a capacidade de adaptar a abordagem do projeto levando em consideração o contexto, porque as empresas são sistemas adaptativos complexos. Por exemplo, não é com todos os tipos de clientes que o processo ágil vai funcionar. É importante entender o cliente, o contexto do negócio, da equipe e do projeto   na hora de decidir qual abordagem de projeto (ágil, tradicional, híbrida) e as práticas que serão adotadas (existem dezenas).

Na construção de uma ponte, de um navio ou mesmo na realização de uma cirurgia, a abordagem do projeto será tradicional, porém em um job de marketing, no processo de seleção de candidatos ou mesmo neste texto que estou escrevendo, podemos adotar uma prática ágil.

A chave para entregar valor o mais cedo possível para o cliente é perguntar para ele. Isso possibilitará a criação de um backlog (as pendências de entrega dos requisitos do projeto) ordenado pelo valor definido pelo cliente. 

Com essa lista você pode adotar diversas abordagens ágeis em função do contexto do negócio, entre elas: agile, lean, agile continuous delivery e lean contínuos delivery. Não se atenha a apenas uma abordagem de entrega. A experimentação de abordagens e práticas ágeis pela equipe é de extrema importância para o seu desenvolvimento. Porém lembre-se que qualquer que seja a decisão da equipe ela precisa estar conectada ao contexto do negócio e da empresa.

Abra sua conta


Nelson Rosamilha é coordenador dos MBAs em Gerenciamento de Projetos e Metodologias Ágeis e Logística e Supply Chain da Trevisan Escola de Negócios. É formado em processamento de dados pelo Mackenzie com MBAs na Califórnia, Pensilvânia e Tel-Aviv com ênfase em Administração, Telecomunicações e Gerenciamento de Projetos, mestre em Administração de Empresas pela PUC-SP.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra