Pérsio Arida defende unificação tributária e imposto de valor agregado
Economista da equipe de transição do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva defende criação do imposto único sobre consumo
09/11/2022Membro da equipe de transição do governo, o economista Persio Arida afirmou, durante webinar promovido pela Câmara de Comércio França-Brasil, que o provável o avanço de uma reforma tributária que unifique impostos sobre consumo em um Imposto de Valor Agregado (IVA) será positiva para a produtividade do País. “Segundo o próprio vice-presidente eleito (Geraldo Alckmin) já falou publicamente, ela deve ser uma prioridade do próximo governo. E isso é uma ótima notícia”, comentou.
O economista disse que a discussão sobre a reforma tributária já está amadurecida. Segundo ele, a medida só não foi aprovada ainda por uma oposição pessoal do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao projeto.
Saiba mais
- Safra de grãos pela primeira vez vai passar de 300 milhões de toneladas
- Como lucrar com as ações do McDonald’s sem correr riscos
- Como operar na bolsa de valores com a segurança da Safra Corretor
Arida acrescentou que essa reforma implicaria em ganhos de produtividade, com um sistema tributário mais eficiente. “Se forem feitas essas duas reformas, a reforma do IVA e a abertura da economia para o comércio internacional, nós estamos criando dois fatores que certamente elevarão muito a produtividade brasileira.”
Ex-presidente do Banco Central e um dos “pais” do Plano Real, Arida disse também que os programas de transferência de renda têm deficiências, mas precisam ser mantidos. “Nós temos de cuidar dos mais pobres. O Auxílio Brasil, com esse volume de dinheiro, pode ser melhor focado, é evidente. Mas é um passo importante. Temos de cuidar dos mais pobres e eliminar a pobreza absoluta no Brasil”, afirmou.
Apesar da importância de programas assistenciais no curto prazo, o economista destacou que uma solução de médio e longo prazo para as desigualdades do País passa por investimentos na educação pública para gerar igualdade de oportunidades. “É o caminho de longo prazo para resolver os problemas de desigualdade”, afirmou.
Em relação à “licença para gastar” do novo governo, o economista disse considerar o termo “waiver” ruim para descrever a situação para o ano que vem. Ele frisou que os gastos que podem crescer são permanentes, e não temporários. “É até um termo meio equivocado, porque muito do que se está falando são aumentos de gastos permanentes, e não temporários”, disse Arida, que também não quis arriscar a traçar cenários para a situação fiscal.
Pérsio Arida afirma que Brasil vai liderar o mundo na sustentabilidade ambiental
Para Arida, o fim do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) renova a esperança de uma boa agenda ambiental no País, que poderá liderar o mundo rumo à sustentabilidade ambiental. “Parece um pouco de ufanismo da minha parte falar que o Brasil tem potencial para liderar o mundo, mas realmente tem. Como exemplo, eu consigo ver o Brasil sendo o País com energia mais limpa do mundo num horizonte relativamente curto”, afirmou.
Em sua visão, o avanço da agenda ambiental no País ajudaria na atração de fluxo de capitais estrangeiros, devido ao peso que a agenda ESG ganhou para alguns investidores internacionais. Ele acrescentou que o Brasil é um dos emergentes com maior potencial de atração de capitais. Arida disse ainda considerar “muito positiva” a possibilidade de entrada do País na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um processo que começou a ser conduzido pelo governo Bolsonaro.
De acordo com o economista, a restrição da entidade a políticas protecionistas poderia ajudar na abertura da economia. Sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, Arida disse considerar que a medida já nasce velha e está aquém das necessidades do Brasil, mas vai na direção de abrir a economia do País. “Nessa altura, é melhor fazer o acordo com a União Europeia e se possível entrar na OCDE do que tentar renegociar o acordo”, disse. (AE)