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Mercado financeiro já avalia aceleração no ritmo de corte da taxa Selic

Após o corte de 0,50 pontos nos juros básicos, analistas consolidam expectativa de novas reduções iguais ou até maior, de 0,75 pontos, nas próximas reuniões do Copom

Taxa Selic

O Banco Safra foi uma das primeiras instituições financeiras a projetar o corte de 0,50 da semana passada | Foto: Getty Images

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de quarta-feira, 2, sacramentou no mercado a avaliação de que o ritmo de cortes de 0,5 ponto porcentual da taxa Selic por reunião do colegiado será a “velocidade de cruzeiro” do ciclo de afrouxamento. Mas, entre economistas, há quem veja espaço para aceleração do ritmo a 0,75 ponto à frente – uma aposta que pode, inclusive, crescer no mercado de juros.

O Copom reduziu os juros em 0,5 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25%. A decisão foi dividida – vencedora por cinco votos, contra quatro que defenderam uma baixa mais amena, de 0,25 ponto. Além disso, divergiu das expectativas da maioria dos analistas, que esperavam corte de 0,25 ponto. Essa foi a primeira divergência entre o Banco Central e o consenso do mercado desde março de 2021.

Apesar da decisão dividida, o comitê informou que seus membros “unanimemente” preveem reduções da mesma magnitude nas próximas reuniões. Como resultado, instituições como Banco BV, Barclays, BNP Paribas, G5 Partners e Warren Rena diminuíram suas projeções para a taxa Selic no fim de 2023, de 12% para 11,75% em todos os casos. As revisões incorporam a baixa 0,25 ponto porcentual maior do que o esperado em agosto, seguida por cortes de 0,5 ponto nas reuniões do Copom de setembro, novembro e dezembro.

O Banco Safra foi uma das primeiras instituições financeiras a projetar o corte de 0,50 da semana passada. O Banco informou que mantém a expectativa de que a taxa Selic caminhará para 11,75% ao ano em dezembro desse ano e 8,75% ao ano no final do próximo ano. “A redução da taxa de juros contribuirá para a recuperação gradual da demanda doméstica, com aceleração do consumo das famílias de 1,5% em 2023 para 2,5% em 2024”, informa a análise macroeconômica semanal do Safra.

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Mercado avalia aceleração no corte da taxa Selic

O diretor de pesquisa para América Latina do BNP Paribas, Gustavo Arruda, classificou a decisão como um “corte hawkish”, devido ao esforço da autoridade monetária para sinalizar um ritmo contido para os próximos ajustes. Na avaliação do analista, o mais provável é que a comunicação do Copom transforme os cenários de cortes de 0,75 ponto porcentual nas próximas reuniões em “riscos de cauda” embutidos nos preços de ativos, embora essa precificação possa crescer com o tempo. “Entre os cenários possíveis, cortes de 0,5 ponto são a base, e tem um risco de cauda de 0,75 ponto, que pode aumentar à medida que o tempo vai passando. Eu entendo o que tentaram fazer, mas não tenho muita certeza sobre se isso vai mudar as coisas”, afirma Arruda.

Na mesma linha, o sócio e economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, afirma que o Copom buscou adotar um tom hawkish para aparar as apostas de uma redução em ritmo maior, de 0,75 ponto porcentual. No entanto, a tendência é que o comunicado não seja suficiente para zerar as projeções. “Pessoalmente acho que o mercado vai ficar dividido entre 50 e 75 pontos-base, mas a probabilidade deve se concentrar bem no 50. A não ser que os dados comecem a vir maravilhosamente bem”, afirma.

O economista da ASA Investments Leonardo Costa avalia que a surpresa com a magnitude do corte em agosto abre a possibilidade de aceleração do ritmo de quedas, já que o BC poderia ter agido com maior “parcimônia” em um cenário desafiador, com os núcleos de inflação ainda elevados. Para o analista, uma redução da taxa Selic em 0,75 ponto porcentual já na próxima reunião do Copom, nos dias 19 e 20 de setembro, não pode ser descartada. “Uma vez que o ciclo começou com um corte de 0,50 ponto e o BC está confiante em seu cenário, o risco é dar um pouco mais na próxima reunião, a depender do comportamento da inflação. Essa possibilidade não é o nosso cenário base, mas existe, sim. Está na mesa”, afirma Costa, que também reduziu de 12% para 11,75% a sua projeção para a taxa Selic no fim de 2023. (AE)

Íntegra da análise macroeconômica semanal do Safra.

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