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Cristo Redentor, aos 90 anos, rende R$ 1,5 bilhão por ano

Imagem mais famosa do Brasil, o Cristo Redentor completa 90 anos dia 12 de outubro garantindo 21 mil empregos diretos e indiretos no turismo do Rio de Janeiro

Cristo Redentor

O monumento no Corcovado foi eleito uma das “sete maravilhas do mundo moderno” em 2007 e tombada em 2009 pelo Iphan | Foto: Agência Brasil

Imagem mais famosa do Brasil, o Cristo Redentor completa 90 anos, e a história da sua construção ainda é pouco conhecida dos brasileiros. O monumento de 38 metros de altura, no alto do morro do Corcovado, a 710 metros do nível do mar, com os braços abertos, é um dos principais cartões postais do Brasil.

A obra foi eleita uma das “sete maravilhas do mundo moderno” em 2007 e tombada em 2009 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Local é o ponto turístico mais visitado do país pelos estrangeiros. Segundo pesquisa da FGV, o Cristo rende cerca de R$ 1,5 bilhão para a cidade do Rio por ano e mais de 21 mil empregos diretos e indiretos. Em média, 35% dos visitantes vem do exterior; 44% são brasileiros (mas de fora do Rio); e apenas 8% moram na cidade.

Cristo Redentor, no alto do Corcovado, atrai turistas do mundo inteiro e virou símbolo da cidade | Foto: Getty Images

Estátua foi criada por arquiteto e engenheiro que venceu concurso

“É a história do Brasil que está ali. Envolve a política, a república, a monarquia, o Getúlio Vargas, que inaugurou (a estátua),” afirma Rodrigo Alvarez, jornalista e autor do livro Redentor, lançado para o aniversário do Cristo Redentor.

“Há um grande contexto brasileiro no Cristo Redentor. Não é à toa que quando tem um problema no Brasil, as revistas internacionais colocam o Cristo na capa. O Cristo é a imagem do Brasil”, acrescenta ele.

Por muito tempo a documentarista Bel Noronha, assim como muita gente, chegou a acreditar num mito de que a estátua teria sido um presente da França para o Brasil. Ela achava que a família estava exagerando quando ouvia em casa “vovô fez o Cristo”. Até que começou a pesquisar o assunto para a realização do documentário Christo Redemptor (2005) e depois De braços abertos (2008) e resgatou memórias e documentos que estavam sendo esquecidos.

Bel Noronha é bisneta de Heitor da Silva Costa, o engenheiro e arquiteto que venceu um concurso organizado por um grupo de católicos em 1921 com a finalidade de promover a construção de uma estátua em homenagem a Jesus Cristo para o centenário da independência, no ano seguinte. Foi o brasileiro que liderou o projeto, da concepção até a entrega da obra, em 12 de outubro de 1931.

O teólogo Alexandre Pinheiro, coordenador do Núcleo de Acervo e Memória do Cristo Redentor, conta que não foi fácil na época conseguir a autorização do governo republicano para a obra. Um abaixo-assinado de 20 mil mulheres, lideradas pela escritora Laurita Lacerda, ajudou a vencer a resistência do então presidente Epitácio Pessoa.

Arquidiocese do Rio construiu monumento com doações de brasileiros

A arquidiocese do Rio de Janeiro organizou uma campanha de arrecadação de fundos que mobilizou não só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil. Toda a construção do Cristo foi financiada com o dinheiro das doações dos brasileiros, destaca Pinheiro.

Heitor da Silva Costa buscou parcerias na França para a obra. Para fazer os cálculos estruturais, contratou o engenheiro Alberto Caquot e para fazer a estátua, o escultor Paul Landowski, grande expoente do movimento art déco. Landowski mandou a maquete de 4 metros para o Brasil de navio. A cabeça e as mãos foram feitas em tamanho natural.

A escultura foi reproduzida em concreto armado e revestida em pedra-sabão. Grupos de mulheres se reuniam na casa paroquial para fazer os mosaicos que eram posteriormente aplicados na estátua. Muitas escreveram os nomes de namorados e outras pessoas queridas atrás das pecinhas.

A qualidade da obra impressiona a arquiteta e escultora Cristina Ventura, coordenadora da mais recente restauração do Cristo. Para o aniversário de 90 anos foram feitos reparos emergenciais em partes que haviam sido danificadas pelas intempéries: trechos do manto, dedo direito e parte frontal da cabeça.

Além disso, como parte da manutenção preventiva, o Cristo ganhou uma estação meteorológica, que vai medir os ventos que atingem a estátua. Ganhou também para-raios reforçados. (Com Agência Brasil)

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