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Chuvas aliviam agricultura, mas custo dos insumos pode afetar safra

Chuvas melhoram perspectivas da agricultura, mas produtores enfrentam escassez e elevado custo dos insumos por causa da alta do dólar

Chuvas agricultura

Chuvas melhoram situação no campo, após a retração do setor causada pela fseca | Foto: Getty Images

Após a queda de 8% no PIB do agronegócio no terceiro trimestre, as perspectivas para o setor são melhores para 2022, porque as chuvas começaram em outubro e têm vindo em volume positivo em relação às médias históricas, segundo os técnicos do IBGE.

A retração do setor agrícola foi o principal motivo do PIB negativo do País de 0,1% no terceiro trimestre, que colocou a economia brasileira em situação de recessão técnica (dois trimestres negativos consecutivos)

O problema que deve persistir no agronegócio é a escassez e encarecimento de insumos, agravados pelas elevadas cotações do dólar, que abalam a indústria desde o início da pandemia. Esses fatores poderão atrapalhar também a safra de 2021/2022, adverte o coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon

A seca este ano também atrapalhou a indústria. O PIB industrial teve variação nula no terceiro trimestre ante o segundo, puxado para baixo pela atividade de produção e distribuição de eletricidade, gás e água, que recuou 1,1%. Isso porque a geração de eletricidade encareceu. Segundo Rebeca Palis, do IBGE, a crise de energia ajudou a puxar o PIB brasileiro para baixo nos últimos dois trimestres.

Choque de oferta por falta de chuvas afetou agricultura e derrubou PIB

Se a retomada do consumo de serviços impulsionou o setor no terceiro trimestre, choques de oferta na agropecuária e na indústria foram decisivos para o desempenho negativo do Produto Interno Bruto (PIB) como um todo.

A seca histórica que atingiu o País no inverno leva boa parte da culpa. Por causa da estiagem, a agropecuária registrou queda de 8% sobre o segundo trimestre, pior resultado nessa base de comparação desde o primeiro trimestre de 2012, quando a queda foi de 19,6%.

Além da seca, que golpeou em cheio a segunda safra de milho, o inverno foi marcado por geadas que atingiram as plantações de café e os canaviais. “O terceiro trimestre nos lembrou de que a atividade agropecuária é inerente aos efeitos do clima”, segundo Renato Conchon.

Safra de soja, principal cultura, ocorre no primeiro semestre

O terceiro trimestre, normalmente, é mais fraco para a agropecuária. Isso ocorre porque a principal cultura do País, a soja, é colhida, principalmente, no primeiro trimestre, gerando impactos econômicos concentrados na primeira metade do ano.

Tanto que o desempenho no ano como um todo deverá apresentar crescimento, porque a soja passou mais ou menos ilesa pela estiagem, lembrou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O tombo na atividade agrícola no terceiro trimestre foi resultado da combinação da saída dos efeitos econômicos da safra de soja com o fato de praticamente todas as principais culturas típicas do período terem sido atingidas pelo clima. Segundo o IBGE, o mau desempenho da agropecuária foi influenciado por perdas de café, algodão, milho e cana-de-açúcar, e na pecuária, especialmente na criação de bovinos.

“Normalmente, para o setor agropecuário, todo o terceiro trimestre de cada ano é, em média, pior do que o segundo, em virtude da sazonalidade do setor. Neste ano, este resultado negativo foi agravado pelos efeitos climáticos muito severos”, explicou Conchon. (AE)

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