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Clima afeta produção agrícola e contribui para derrubar o PIB

Seca afetou lavouras de café, algodão, milho e cana-de-açúcar; embargo da China à carne brasileira afetou as exportações

Soja agronegocio

A seca só não afetou a soja, que foi plantada antes, colhida e exportada antes do terceiro trimestre | Foto: Getty Images

As consequências do clima seco reduziram os ganhos com a lavoura este ano, o que explica parte do tombo da produção agrícola no terceiro trimestre.

O resultado negativo do agronegócio empurrou o PIB do País para -0,1%, levando a economia brasileira a entrar em recessão técnica (dois trimestre negativos consecutivos).

A seca só não afetou a soja, que foi plantada, colhida e exportada antes do terceiro trimestre deste ano, segundo o IBGE.

O mau desempenho do agronegócio foi influenciado por perdas nas lavouras de café, algodão, milho e cana-de-açúcar e também no segmento pecuário, especialmente de criação de bovinos, segundo os dados do PIB, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Clima contribuiu para derrubar produção agrícola

O PIB agropecuário encolheu 8,0% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, houve redução de 9,0%, sob impacto, sobretudo, da estiagem.

A seca tende a continuar causando estragos: “A gente vê que várias lavouras importantes do Brasil estão todas com expectativa de queda no ano”, justificou Rebeca Palis, coordenadora de Contas nacionais do IBGE.

“Este ano, além de ter problemas climáticos adversos, a gente ainda está com problema de bienalidade do café”, disse Rebeca. “A agropecuária ganhou bastante peso, está pesando quase 7% do PIB, exatamente porque foi favorecida em 2020. O peso é pequeno, mas uma queda de 8% no trimestre influencia (o resultado geral do PIB)”, completou.

Embargo da China à carne brasileira afetou o PIB

As exportações tiveram queda de 9,8% no cálculo do PIB, na comparação com o segundo trimestre,e parte dessa queda foi causada pelo embargo da China às compras de carne do Brasil, segundo o IBGE. Segundo os pesquisadores, como o embargo começou no início de setembro, já produziu efeitos sobre o PIB do terceiro trimestre.

Conforme os dados das Contas Nacionais Trimestrais, divulgados pelo IBGE, o tombo de 9,8% nas exportações foi o maior, nessa ótica de comparação, já registrado na série histórica do PIB, iniciada em 1996.

Apesar do efeito do embargo à carne no fim do terceiro trimestre, o principal motivo para tamanha queda nas exportações foi a base de comparação elevada no segundo trimestre.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2020, as exportações avançaram 4,0%, abaixo do salto de 14,2% visto no segundo trimestre ante igual período de 2020.

Já as importações, que caíram 8,3% ante o segundo trimestre, mas saltaram 20,6% sobre o terceiro trimestre de 2020, tiveram impacto da compra e fabricação de vacinas.

Na comparação interanual, as importações foram puxadas pela indústria automotiva, por farmacêuticos e farmoquímicos, máquinas e equipamentos e produtos químicos.

O Brasil já importa muitos farmoquímicos, mas, no terceiro trimestre, a compra de vacinas prontas contra a covid-19 e de insumos para produzir as vacinas fabricadas localmente elevaram ainda mais essas importações. (AE)

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