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Varejo recua pelo 2º mês seguido e tem a maior queda desde dezembro

Vendas do comércio caem 1,4% em junho, pressionadas pela retração do consumo de roupas e calçados. Em 12 meses, varejo acumula queda de 0,9%

Mulher de óculos e bolsa preta nos ombros pegando cabide com roupa roxa em arara de loja, alusivo ás vendas do varejo em junho

Dentre as oito atividades do varejo investigadas pelo IBGE, ‘tecidos, vestuário e calçados’ teve queda de 5,4% nas vendas em junho | Foto: Getty Images

As vendas do varejo no País recuaram 1,4% na passagem do mês de maio para junho. É a segunda variação negativa consecutiva do setor, que acumula retração de 0,8% em dois meses, na comparação com o bimestre anterior. O resultado de junho traz a maior variação negativa para o comércio desde dezembro do ano passado, quando a queda foi de 2,9%.

No primeiro semestre do ano, há uma alta acumulada de 1,4% frente ao mesmo período de 2021, e, nos últimos 12 meses, perda de 0,9%. Nesse último indicador, também é o segundo mês consecutivo no campo negativo, o que não acontecia desde agosto de 2017.

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Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A retração na comparação com maio foi disseminada por sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. Duas delas tiveram maior influência sobre o índice geral do varejo no mês de junho: tecidos, vestuário e calçados, com queda de 5,4%, e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento que recuou 0,5% no período.

“A atividade de hiper e supermercados teve uma influência importante da inflação ao longo do primeiro semestre do ano. Entre abril e maio, houve variação de 4% na receita e de 1% no volume de vendas, indicador em que a pesquisa já desconta a inflação. De maio para junho, essa atividade teve queda de 0,5% no volume, mas variou 0,3% em receita. Isso significa que há amplitude menor da inflação, mas o suficiente para que o volume tivesse uma variação negativa, apesar de a receita ficar no campo positivo”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

O pesquisador também destaca o recuo do setor de tecidos, vestuário e calçados, que ainda segue 9,9% abaixo do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020.

“Essa atividade teve uma queda intensa na passagem de maio para junho. Ao longo do ano, houve altas ligadas a uma nova estratégia adotada por essas empresas de também se lançar no comércio eletrônico, de fazer vendas virtuais de forma mais forte do que se fazia antigamente, já que, nesse setor, experimentar um produto antes de comprar é muito importante”, complementa o pesquisador.

A única atividade que cresceu frente ao mês anterior foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,3%). “Nesse segmento, o aumento é ligado aos artigos farmacêuticos e reflete a alta nos preços dos medicamentos. Esse é um tipo de produto que, na maioria das vezes, você não consegue substituir. Isso aumenta o dispêndio de uma família que pode ter que gastar nessa atividade e diminuir o consumo em outras”, analisa Cristiano.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, a retração no período foi de 2,3%. Tanto o setor de veículos e motos, partes e peças (-4,1%) quanto o de material de construção (-1,0%) recuaram.

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Primeiro semestre fecha no campo positivo

No fechamento do primeiro semestre, o varejo acumulou alta de 1,4%, após queda de 3% no segundo semestre do ano passado.

Seis atividades acompanharam o crescimento. Entre elas, as maiores variações foram registradas por Livros, jornais, revistas e papelaria (18,4%), tecidos, vestuário e calçados (17,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (8,4%).

Ainda no primeiro semestre deste ano, apenas duas atividades tiveram queda: móveis e eletrodomésticos (-9,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,8%). Quando considerado o comércio varejista ampliado, o segmento de veículos e motos, partes e peças avançou 0,4%, enquanto o setor de material de construção recuou 7,3%.

Comparação frente a junho de 2021

As vendas do varejo variaram 0,3% na comparação com junho do ano passado. Esse é o segundo resultado seguido no campo negativo, uma vez que a variação de maio, nesse indicador, foi de -0,2%.

Mas, entre as atividades analisadas, a predominância foi de taxas positivas, com destaque para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (11,0%), combustíveis e lubrificantes (7,8%) e livros, jornais, revistas e papelaria (2,6%), que tiveram as maiores variações.

As atividades que recuaram no período foram outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,4%) e móveis e eletrodomésticos (-14,7%). No varejo ampliado, houve queda de 3,1% na comparação com junho de 2021, com retração de veículos e motos, partes e peças (-7,1%) e de material de construção (-11,4%).

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