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Ciclo do gado vai pressionar os spreads da carne

O ciclo da pecuária deve permanecer na atual fase de liquidação até o final de 2024, sem pressão de custos para os frigoríficos; mas a situação deve mudar


O Banco Safra alerta para a alta probabilidade de a atual fase de liquidação terminar em meados de 2024. O banco diz que a visão consensual é que o ciclo da pecuária no Brasil deve permanecer na atual fase de liquidação pelo menos até o final de 2024, significando uma oferta confortável de gado para abate e, consequentemente, nenhuma pressão de custos para os frigoríficos de carne bovina.

No entanto, a análise da dinâmica do ciclo atual aponta para uma provável duração mais curta da fase atual e uma inversão do ciclo já em meados de 2024. Isso deve levar a uma surpresa negativa nos custos do gado e a margens potencialmente mais baixas para os frigoríficos de carne bovina no Brasil.

Embora o impacto do ciclo do gado nos resultados das empresas seja muito menos previsível do que nos preços do gado, acreditamos que o mercado presta muita atenção ao ciclo e pode reagir negativamente caso uma reversão mais cedo se concretize, o que poderá pesar sobre as ações da Minerva (BEEF3 , Neutro) devido à sua maior exposição à carne bovina brasileira – 57% do EBITDA vs. 11% da JBS, 14% da Marfrig (consolidando proporcionalmente sua participação de 50% na BRF) e zero da BRF.

O ciclo do gado no Brasil está prestes a se reverter

O rebanho bovino de um país e, mais importante ainda, o número de animais enviados para matadouros, oscilam ao longo do tempo devido a mudanças na taxa de abate de vacas (aqui significando todas as fêmeas bovinas, incluindo novilhas).

Quanto maior for a taxa de abate de vacas, maior será a disponibilidade imediata de gado para abate. A taxa de abate de vacas vem aumentando no Brasil desde o 3T21, e acreditamos que o pico deverá ser alcançado nos próximos 2 trimestres (2T24).

A partir daí, os pecuaristas provavelmente estarão inclinados a reter vacas a fim de aumentar a criação de bezerros devido aos melhores preços dos bezerros em relação ao gado magro.

A menor disponibilidade de gado provavelmente terá impacto nos custos. A partir do ponto em que a taxa de abate de vacas atinge o pico, a disponibilidade de gado diminui e tende a pressionar os preços do gado.

Existem vários outros fatores que influenciam os preços do gado, mas o número de vacas enviadas para abate é certamente um dos mais importantes. Como o gado representa cerca de 80% do CPV de um frigorífico, esta variável é altamente relevante na determinação dos lucros de uma empresa.

Nas fases anteriores de expansão do ciclo do gado no Brasil, os preços do gado aumentaram 78% em média, enquanto nas fases de liquidação anteriores os preços do gado permaneceram estáveis, em média.

Preço da carne bovina deve subir

Os preços da carne bovina deverão subir, mas os spreads provavelmente dependerão de uma melhora na demanda global. O ciclo do gado é um determinante chave dos custos do gado e frequentemente também impulsiona os preços da carne bovina. No entanto, o equilíbrio entre oferta e procura é um fator-chave na determinação dos spreads de carne bovina (ou seja, a diferença entre o que os frigoríficos ganham pela carne produzida e quanto pagam pelo gado vivo).

Na opinião do Safra, o cenário mais provável é que os spreads diminuam durante uma fase de expansão, como tem acontecido historicamente. No entanto, a melhoria da procura na China, por exemplo, ou maiores volumes de exportação para os EUA (uma vez que a produção de carne bovina está a cair devido à dinâmica do ciclo do gado nos EUA) poderiam compensar o impacto do aumento dos preços do gado nos spreads e margens dos frigoríficos de carne bovina.

Além disso, obter uma margem mais baixa com receitas mais elevadas não é necessariamente uma coisa ruim para os frigoríficos de carne bovina, tal como obter uma margem mais elevada com receitas mais baixas (como em 2023) não é necessariamente uma coisa boa.

O impacto final sobre os rendimentos dos frigoríficos de carne bovina tem historicamente variado mais e tem sido menos previsível do que o impacto do ciclo sobre os preços do gado.

No entanto, o Banco Safra vê evidências de que os spreads e margens da carne bovina sofrem durante as fases de expansão, e a Minerva é a ação mais exposta à carne bovina brasileira – 57% do EBITDA vs. 11% da JBS, 14% da Marfrig (consolidando proporcionalmente sua participação de 50% na BRF) e zero para BRF.

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