O banco Safra tem recomendação neutra para a ação da Cielo (CIEL3), considerando que o papel deve ser negociado com base na oferta pública de aquisição e não mais nos fundamentos da empresa.
A Cielo apresentou um resultado fraco no primeiro trimestre de 2024, como o Safra esperava na avaliação prévia. No entanto, o banco descarta reações negativas no pregão, após a recente decisão da OPA, ou seja, rejeição de uma nova avaliação (por 56% do total de votos), sendo o novo preço de R$5,60 a oferta mais correção monetária com taxa CDI acumulada a partir do dia 2 de abril de 2024.
Principais destaques do primeiro trimestre: A receita líquida consolidada ficou estável em relação ao ano anterior, atingindo R$2,563 bilhões, com o crescimento da receita da Cateno (+4,8% em relação ao ano anterior) sendo mais do que compensado pela queda na receita da Cielo Brasil (-3,4% em relação ao ano anterior), que foi negativamente impactada por um menor TPV no 1T24.
Embora tenhamos visto rendimentos estáveis na Cielo Brasil (2 pontos-base a mais no 1T24, em 0,762%), devido a preços e efeitos de sazonalidade – parcialmente compensados por uma menor penetração do Receba Rápido e mix (em direção a grandes contas) -, o TPV total caiu 9,8% no 1T24 (no 1T, o TPV normalmente diminui em torno de 6% no 1T24), com volumes de crédito e débito diminuindo 6% e 16%, respectivamente.
Como resultado, a receita líquida da Cielo Brasil atingiu R$1,524 bilhão, uma queda de 3,4% em relação ao ano anterior e de -6,9% em relação ao trimestre anterior.
Na Cateno, a receita líquida totalizou R$1 bilhão, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior, impulsionado por maiores volumes no período.
Cielo registra forte queda do EBITDA
Na demonstração de resultados, o EBITDA consolidado apresentou uma forte queda (¬24,9% ano a ano), fortemente impactado pelo aumento das despesas totais no período, devido a investimentos na força de vendas, esforços de marketing e provisões para perdas não recorrentes, que comprimiram a margem EBITDA em quase 700 pontos-base ano a ano (para 29,1%).
Do lado positivo, observamos outro trimestre forte para a atividade de pré-pagamento.
Os volumes de pré-pagamento como porcentagem das transações de crédito atingiram 19,3% (de 26,4% um ano antes), enquanto a taxa de recebimento (incluindo a receita da Cielo Brasil) ficou em 0,95% no trimestre (vs. 0,96% no 1T23), levando a receita líquida de pré-pagamento da Cielo a R$372 milhões (+2,7% em relação ao ano anterior).
A tendência positiva no negócio de pré-pagamento levou os resultados financeiros a melhorarem tanto em relação ao ano anterior quanto sequencialmente, também ajudados pelos recentes cortes na taxa Selic.
Como resultado, o resultado final da Cielo atingiu R$503 milhões, +14,1% ano a ano, ligeiramente acima da nossa expectativa, positivamente beneficiado por maiores resultados financeiros e uma reversão de impostos no trimestre.