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Agência de risco Austin Rating melhora nota de crédito do Brasil

Depois da S&P e da Fitch, mais duas agências de classificação de risco de crédito melhoram a nota do Brasil, considerando avanço nas reformas

Navio no porto

Austin Rating destaca melhora em indicadores como o volume dos investimento estrangeiros direto, que atingiu US$ 90,6 bilhões em 2022 | Foto: Getty Images

A Austin Rating, maior agência nacional de rating, com 37 anos de mercado, alterou a perspectiva do rating soberano do Brasil de estável para positiva, em moeda local, e afirma o rating BB+ (duplo B mais). Já em moeda estrangeira (ME), a perspectiva da Austin segue preservada como estável e o rating em BB+. A agência de classificação de risco DBRS Morningstar também elevou a nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável.

Esta semana, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do Brasil (rating soberano) de “BB-” para “BB”, com perspectiva estável. Antes, já existiam sinais de mudança na avaliação das agências de classificação de risco. Em junho, a Standard & Poor’s (S&P) mudou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para positiva. Foi a primeira mudança desde 2019.

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A avaliação do rating em Moeda Local pela Austin Rating considerou a melhora da perspectiva do ambiente fiscal em virtude da aprovação do novo arcabouço fiscal, que prevê retomada do equilíbrio das contas públicas já a partir de 2024 (resultado primário em 0% do PIB). Além disso, também pesou na decisão o quadro recente de melhora dos indicadores antecedentes, como, por exemplo, índice de confiança empresarial, industrial e dos consumidores, bem como as recorrentes revisões para cima das projeções de crescimento do PIB e a política monetária estimulativa (queda dos juros) em breve.

Austin Rating destaca proximidade do grau de investimento para o Brasil

“Estamos a um degrau para voltar a atingir o grau de investimento para o Brasil. É uma questão de tempo para que os fundamentos da política monetária, equilíbrio fiscal e a retomada da confiança do consumidor e indústria se consolidem para essa conquista”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

Nesse contexto, as perspectivas para a execução da política monetária concentram-se no início do processo de afrouxamento, ou seja, redução contínua da taxa de juros básica nacional (taxa Selic), estimulando e fortalecendo o PIB pela ótica da demanda, seja por meio dos investimentos (FBCF) ou pelo consumo das famílias.

“A política monetária executada pelo Banco Central do Brasil, com elevação da taxa básica de juros ao longo de 2021 e 2022, cumpriu seu objetivo de reduzir a pressão inflacionária e colocar o nível de preços em convergência com as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)” acrescenta Agostini.

Com relação às contas externas, que afetam diretamente a classificação de risco em moeda estrangeira (ME), houve melhora nos indicadores com destaque para o volume dos investimentos estrangeiros direto, que atingiu US$ 90,6 bilhões em 2022 contra US$ 46,4 bilhões em 2021. Adicionalmente, os indicadores de risco e solvência externa também apresentaram melhora, como, por exemplo, o índice de risco medido pelo EMBI (Emerging Market Bond Index), calculado pelo banco JP Morgan, que passou de 326 pontos ao final de 2021 contra 256 pontos no encerramento de 2022, e atualmente está em 215 pontos.

A condição prospectiva para as contas externas tem demonstrado relativa atenção em dois pontos: i) fortalecimento do saldo da balança comercial, mesmo diante da queda do preço das commodities, com ressalva para a concentração da pauta de exportação em produtos básicos, além da valorização do Real frente ao Dólar; ii) alterações no fluxo de divisas estrangeiras para o mercado de capitais brasileiro devido as mudanças em curso da política monetária nas economias centrais (elevação dos juros básicos), com destaque para Estados Unidos e Europa.

Para Alex Agostini, “nenhuma das duas condições destacadas tem força suficiente, por ora, de alterar a capacidade de solvência do País em moeda estrangeira, preservando, dessa forma, a nota de risco”.

As questões relativas ao futuro da condução das políticas monetária, fiscal e externa são acompanhadas pela Austin Rating para manifestar tempestivamente sobre as contribuições e influências na dinâmica macroeconômica, em especial ao equilíbrio sustentável das contas públicas no longo prazo, com resgate do superávit primário, o controle da taxa de inflação corrente e orientação das perspectivas para sua persistência dentro dos limites toleráveis observados nas metas para inflação para os próximos anos, além das perspectivas de retomada do PIB potencial.

Por fim, é importante destacar que o ambiente político é fator determinante para a consolidação do ambiente fiscal austero a partir da aprovação das reformas estruturantes, preservando a estabilidade macroeconômica do Brasil no longo prazo. Esses são fatores que contribuem de forma positiva para o processo de revisão do rating soberano da República Federativa do Brasil e, da mesma forma, tal processo de avaliação se apoia em fatores estruturais que condicionam o desempenho da economia e sua capacidade de honrar seus compromissos fiscais e financeiros no longo prazo.

Agostini conclui que “dessa forma, torna-se inconsistente qualquer avaliação única e exclusivamente concentrada nos acontecimentos de curto e médio prazos”.

Agência DBRS Morningstar eleva nota do Brasil

A agência de classificação de risco DBRS Morningstar elevou a nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável. Segundo a agência, a decisão levou em conta a perspectiva de declínio nos riscos fiscais do País, destacando esforços de reformas que contribuirão para a melhora nos resultados primários nas contas públicas, no período 2023-2026.

A DBRS ressalta em seu relatório duas ações que contribuem para a redução de riscos no campo fiscal. Primeiro, as medidas implementadas para incrementar as receitas públicas. Em segundo, o novo arcabouço fiscal, que disciplinará a trajetória fiscal no médio prazo e levará as contas públicas para um resultado primário de 1% do PIB em 2026.

A agência destacou ainda fatores institucionais como a credibilidade do regime de metas de inflação e um sistema bancário bem capitalizado e com ampla liquidez e baixa exposição à moeda externa, sendo estes elementos que permitem ao país mitigar impactos de choques.

Além disso, destacou que o Brasil tem forte posição nas contas externas e reservas internacionais da ordem de 17% do PIB.

A agência também apontou para a perspectiva de crescimento potencial do Produto Interno Bruto (PIB) real em torno de 2%, mas reconhece que o impacto de reformas microeconômicas realizadas em períodos recentes poderia alavancar o investimento e a produtividade e resultar em melhores taxas de crescimento econômico. Para a agência, a reforma de impostos sobre valor adicionado, que está em curso no Congresso Nacional, trará um efeito positivo para o crescimento ao trazer ganhos de eficiência para o País.

É a segunda agência a melhorar a avaliação de risco do Brasil neste ano, após o anúncio da Fitch, que elevou a nota do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável, em 26 de julho de 2023. (Com AE)

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