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Banco Central terá bureau para risco de crédito verde

Sistema terá objetivo de identificar os investimentos em áreas produtivas e quantificar riscos ambientais

Crédito verde

O bureau visa a identificar onde os investimentos nas áreas produtivas se darão | Foto: Getty Images

O bureau de crédito rural verde que está sendo criado pelo Banco Central será um centro para manejar risco de crédito, informou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele explicou que os créditos concedidos ao setor agrícola, por exemplo, serão todos registrados e numa plataforma com informações sobre as operações financeiras dentro do ambiente do Open Banking.

O bureau visa a identificar onde os investimentos nas áreas produtivas se darão. “Teremos um mapa agora sobre onde está o crédito de toda a agricultura do Brasil”, citou. Esse controle permitirá direcionar créditos considerando os riscos associados às respectivas operações.

Campos Neto deu estas informações no painel “Como os executivos lideram e gerenciam internamente a mudança de paradigma sobre as mudanças climáticas em suas instituições?”, durante o seminário virtual “Green Swan 2021 – Coordenando finanças sobre o clima a partir de hoje”, realizado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), que tem sede em Basileia, na Suíça.

Criado inicialmente para manejar riscos, o bureau, segundo o presidente do BC, também será uma referência para os mercados de green bonds, além de ser uma referência de taxonomia (hierarquização conforme características). “É uma forma se assegurar se o que estamos fazendo está no caminho certo”, disse.

No evento, ele também falou sobre a mudança na forma de como os bancos centrais têm de administrar suas reservas internacionais e disse que, no caso do Brasil, há um volume de US$ 300 bilhões a ser gerenciado.

Cada vez mais, segundo Campos Neto, é preciso usar os dados à disposição como uma forma de trabalhar e também é sempre mais demandado que os BCs sejam mais transparentes sobre esses dados e em relação aos instrumentos e políticas que adotam. (AE)

Quase metade do valor concedido como empréstimo a empresas no Brasil envolve elevado risco ambiental, mas mais de um quinto desse montante já é voltado para negócios da chamada Economia Verde. E o caminho para ampliar a parcela sustentável no crédito concedido no País está aberto, partindo de um estudo que inclui a aplicação de uma nova metodologia para mensurar a alocação de recursos financeiros em atividades ligadas a redução da emissão de carbono, eficiência no uso de recursos naturais e inclusão social, pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

A metodologia Verde havia sido desenvolvida inicialmente pela federação em 2015, mas era calcada nas informações enviadas por bancos que aderiam voluntariamente à iniciativa e representavam cerca de 86% do mercado de crédito para clientes pessoa jurídica.

Agora a análise conta com o apoio do Banco Central, o que permite classificar todas as informações registradas no Sistema de Informações de Crédito (SCR). Para aplicar a nova classificação sobre essa base, a Febraban contou com o apoio da PUC-Rio.

“Seus resultados podem ser utilizados para direcionar fluxos de capitais para as atividades com maior contribuição socioambiental, formular estratégias para gerir riscos associados às mudanças climáticas e identificar novas oportunidades de negócios”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban.

Sem esse parâmetro à mão, o sistema conseguiu consolidar o quinhão destinado a empresas da Economia Verde, mas não tem conseguido avançar. Entre 2019 e o ano passado, essa parcela recuou de 22,48% para 21,75%. Em 2020, dos R$ 1,73 trilhão emprestados a empresas, R$ 376 milhões foram concedidos a negócios sustentáveis.

Segundo a Febraban, pode haver superposição entre esses créditos e a parcela destinada a negócios que envolvem alto risco ambiental, já que atividades como a conservação de florestas, por exemplo, contribui para a Economia Verde, mas também está sujeita aos riscos físicos das mudanças climáticas.

Marcelo Mota

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