Com expansão do crédito, ações do BB têm espaço para valorização
Controlado pelo governo federal, o Banco do Brasil (BBAS3) tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 61 por ação
27/09/2022O Banco do Brasil (BBAS3) realizou seu Investor Day anual, onde apresentou uma perspectiva bastante otimista para este ano e para 2023, com crescimento robusto do crédito, inadimplência controlada e um Retorno Sobre Patrimônio (ROE) sustentado em patamares mais elevados. Apesar das incertezas do ambiente político brasileiro, a administração reiterou seu compromisso com a governança corporativa, uma vez que o banco possui decisões colegiadas, acionistas minoritários ativos e a obrigatoriedade dos diretores estatutários serem de dentro do banco.
Além disso, foi uma boa oportunidade para explorar temas importantes, como a deterioração da qualidade de crédito de um mix mais arriscado, inovações tecnológicas e desenvolvimento de novas iniciativas para crescer. O banco reiterou sua Visão Estratégica de alavancar sua força em 3 pilares: proximidade com os clientes, transformação digital e rentabilidade. Além disso, a inadimplência deve permanecer controlada no curto prazo, apesar de ligeira deterioração poder ocorrer nos próximos trimestres devido ao mix mais arriscado.
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Estruturalmente, na avaliação dos especialistas do Banco Safra, a inadimplência não é a grande preocupação do Banco do Brasil, dado seu mix de crédito com posicionamento ainda muito defensivo, apesar da recente movimentação para linhas mais arriscadas no segmento de pessoas físicas, devido à alta parcela do agronegócio e corporativo, que com um NPL mais baixo. Além disso, o BB possui um índice de cobertura confortável (271% no segundo trimestre de 22022).
O Banco Safra tem uma estimativa conservadora para o custo do crédito, considerando que espera para 2023, o custo do crédito crescendo acima dos volumes de crédito. O Safra espera que os empréstimos inadimplentes (NPL) do BB se deteriorem 0,2 pp, encerrando 2022 em 2,3% e 2,6% em 2023.
Na área de despesas, o banco continua fazendo a lição de casa de controle de custos com boas perspectivas de melhoria de eficiência. O atual reajuste salarial (de 8%, conforme recente acordo coletivo trabalhista) deve ajudar o banco a entregar despesas não decorrentes de juros (somente de pessoal e administrativas) abaixo da inflação em 2022 (de 7,2% segundo nossa macro equipe) e também para o próximo ano.
O BB também vem trabalhando na conversão de algumas de suas agências para um modelo mais leve, o que também deve contribuir para melhorar sua eficiência operacional. A partir da combinação do pilar tecnológico e de uma estratégia orientada a dados, o banco tem conseguido adotar uma oferta mais eficiente de produtos aos seus clientes, sejam correntistas ou não correntistas.
Embora o BB reconheça que está atrás de seus pares no tema da transformação digital, o banco vem se esforçando para fechar a lacuna e acelerar a agenda. O BB também incentivou seus funcionários a serem treinados no uso de dados para apoiar decisões e desenvolvimento de produtos. Já são mais de 20 mil funcionários treinados em inteligência de dados.
O banco tem conseguido melhorar a qualidade de seu serviço de acordo com a métrica do NPS. Além disso, o primeiro semestre de 2022 aumentou o engajamento do cliente (cross-selling) em 11%. Durante o encontro, o BB anunciou uma nova divisão, focada em negócios internacionais, que deve ficar sob o guarda-chuva do BB-UBS.
No mercado local, a alta administração do BB destacou a recém lançada (22/07) plataforma online de multisserviços para PMEs para auxiliar na gestão do fluxo de caixa (também por meio de parcerias com Sebrae e empresas de ERP).
O banco também conseguiu alavancar seu Portal do Agronegócio (Broto) e lançou seu marketplace com cerca de 40 grandes varejistas. Após um primeiro semestre de 2022 fraco para as operações de mercado de capitais, o BB mostra mais confiança daqui para frente.
Embora tenha estado muito ativo nas operações de DCM, o banco acredita que nos próximos 2 anos poderá haver um impulso positivo para ECM e M&A, começando já no final deste ano (após eleições).
Essa confiança se baseia na força do segmento de agronegócios, onde o banco mantém a liderança no Brasil, na proximidade que os gestores de todos os níveis têm com os clientes corporativos do BB e na JV com o UBS, que visa para se tornar líder no IB.
Nesse patamar, o valuation do BB parece bastante atrativa na visão do Banco Safra. O BB está rodando com um grande desconto em comparação com seus pares em uma comparação múltipla (3,8x P/E 23e vs ~7x da média dos principais pares privados) e com sua média histórica de 10 anos (de 6,4x). Além disso, o Banco do Brasil vem apresentando forte desempenho de crédito (especialmente no crédito rural e alguns segmentos para pessoas físicas), boa qualidade da carteira e deve apresentar números fortes para 2022.
Os dados do BB reforçaram a visão do Banco Safra de que o banco estatal pode sustentar fortes níveis de rentabilidade (mais próximos de seus pares privados) para os próximos trimestres. Outro aspecto positivo no caso de investimento do BB é o seu dividend yield (considerando seu baixo múltiplo e bom payout ratio de ~40%). Esperamos que o BB distribua um dividend yield de 9,7% e 12,7% para 2022 e 2023, respectivamente.
Em vista disso, o Safra manteve a classificação de compra para Banco do Brasil, com preço-alvo de R$61,0/ação até o final de 2023.
Vale a pena investir em BBAS3?
- Foco na lucratividade tem reduzido distância para bancos privados;
- Melhora no controle de custos;
- Forte presença no agronegócio;
- Baixos níveis de inadimplência e expansão de crédito mais prudente;
- Ampla presença no Brasil;
- Parcerias para alavancar escala e reunir conhecimentos.
Quais são os principais riscos de BBAS3?
- A frente política, pois a eleição de 2022 pode trazer incertezas sobre eventuais mudanças na alta administração;
- Risco macroeconômico, como desaceleração da atividade ou aumento da percepção de risco-país;
- Aumento do índice de inadimplência acima do esperado;
- Concorrência mais acirrada de outros bancos;
- Possíveis impactos de uma reforma tributária (a exemplo do imposto de renda sobre pagamentos de dividendos);
- Mudanças regulatórias (por exemplo, open banking, novos recursos de pix);
- Disrupção tecnológica; e
- Frente geopolítica, dado que o recente conflito no Leste Europeu pode impactar o agronegócio brasileiro, dadas as pressões de preços na cadeia produtiva.
Sobre o Banco do Brasil (BBAS3)
O Banco do Brasil (BBAS3) é uma instituição financeira brasileira, constituída na forma de sociedade de economia mista, com participação do governo federal em mais de 50% das ações.
Segundo dados do próprio banco, a empresa possui 15.133 pontos de atendimento distribuídos pelo país, entre agências e postos de atendimento, sendo que 95% de suas agências possuem salas de autoatendimento (são mais de 40 mil terminais), que funcionam além do expediente bancário. Possui ainda opções de acesso via internet, telefone e telefone celular. Está presente em mais de 21 países além do Brasil.
Listado na B3, o Banco do Brasil tem suas ações negociadas sob o ticker BBAS3.