close

Com expansão do crédito, ações do BB têm espaço para valorização

Controlado pelo governo federal, o Banco do Brasil (BBAS3) tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 61 por ação

Perspectiva de baixo para cima de edifício do Banco do Brasil (BBAS3) em Brasília, espelhado, com sol refletindo

Crescimento do crédito traz boas expectativas de valorização para as ações BBAS3, segundo a análise do Safra| Foto: Agência Brasil

O Banco do Brasil (BBAS3) realizou seu Investor Day anual, onde apresentou uma perspectiva bastante otimista para este ano e para 2023, com crescimento robusto do crédito, inadimplência controlada e um Retorno Sobre Patrimônio (ROE) sustentado em patamares mais elevados. Apesar das incertezas do ambiente político brasileiro, a administração reiterou seu compromisso com a governança corporativa, uma vez que o banco possui decisões colegiadas, acionistas minoritários ativos e a obrigatoriedade dos diretores estatutários serem de dentro do banco.

Além disso, foi uma boa oportunidade para explorar temas importantes, como a deterioração da qualidade de crédito de um mix mais arriscado, inovações tecnológicas e desenvolvimento de novas iniciativas para crescer. O banco reiterou sua Visão Estratégica de alavancar sua força em 3 pilares: proximidade com os clientes, transformação digital e rentabilidade. Além disso, a inadimplência deve permanecer controlada no curto prazo, apesar de ligeira deterioração poder ocorrer nos próximos trimestres devido ao mix mais arriscado.

Saiba mais

Estruturalmente, na avaliação dos especialistas do Banco Safra, a inadimplência não é a grande preocupação do Banco do Brasil, dado seu mix de crédito com posicionamento ainda muito defensivo, apesar da recente movimentação para linhas mais arriscadas no segmento de pessoas físicas, devido à alta parcela do agronegócio e corporativo, que com um NPL mais baixo. Além disso, o BB possui um índice de cobertura confortável (271% no segundo trimestre de 22022).

O Banco Safra tem uma estimativa conservadora para o custo do crédito, considerando que espera para 2023, o custo do crédito crescendo acima dos volumes de crédito. O Safra espera que os empréstimos inadimplentes (NPL) do BB se deteriorem 0,2 pp, encerrando 2022 em 2,3% e 2,6% em 2023.

Na área de despesas, o banco continua fazendo a lição de casa de controle de custos com boas perspectivas de melhoria de eficiência. O atual reajuste salarial (de 8%, conforme recente acordo coletivo trabalhista) deve ajudar o banco a entregar despesas não decorrentes de juros (somente de pessoal e administrativas) abaixo da inflação em 2022 (de 7,2% segundo nossa macro equipe) e também para o próximo ano.

O BB também vem trabalhando na conversão de algumas de suas agências para um modelo mais leve, o que também deve contribuir para melhorar sua eficiência operacional. A partir da combinação do pilar tecnológico e de uma estratégia orientada a dados, o banco tem conseguido adotar uma oferta mais eficiente de produtos aos seus clientes, sejam correntistas ou não correntistas.

Embora o BB reconheça que está atrás de seus pares no tema da transformação digital, o banco vem se esforçando para fechar a lacuna e acelerar a agenda. O BB também incentivou seus funcionários a serem treinados no uso de dados para apoiar decisões e desenvolvimento de produtos. Já são mais de 20 mil funcionários treinados em inteligência de dados.

O banco tem conseguido melhorar a qualidade de seu serviço de acordo com a métrica do NPS. Além disso, o primeiro semestre de 2022 aumentou o engajamento do cliente (cross-selling) em 11%. Durante o encontro, o BB anunciou uma nova divisão, focada em negócios internacionais, que deve ficar sob o guarda-chuva do BB-UBS.

No mercado local, a alta administração do BB destacou a recém lançada (22/07) plataforma online de multisserviços para PMEs para auxiliar na gestão do fluxo de caixa (também por meio de parcerias com Sebrae e empresas de ERP).

O banco também conseguiu alavancar seu Portal do Agronegócio (Broto) e lançou seu marketplace com cerca de 40 grandes varejistas. Após um primeiro semestre de 2022 fraco para as operações de mercado de capitais, o BB mostra mais confiança daqui para frente.

Embora tenha estado muito ativo nas operações de DCM, o banco acredita que nos próximos 2 anos poderá haver um impulso positivo para ECM e M&A, começando já no final deste ano (após eleições).

Essa confiança se baseia na força do segmento de agronegócios, onde o banco mantém a liderança no Brasil, na proximidade que os gestores de todos os níveis têm com os clientes corporativos do BB e na JV com o UBS, que visa para se tornar líder no IB.

Nesse patamar, o valuation do BB parece bastante atrativa na visão do Banco Safra. O BB está rodando com um grande desconto em comparação com seus pares em uma comparação múltipla (3,8x P/E 23e vs ~7x da média dos principais pares privados) e com sua média histórica de 10 anos (de 6,4x). Além disso, o Banco do Brasil vem apresentando forte desempenho de crédito (especialmente no crédito rural e alguns segmentos para pessoas físicas), boa qualidade da carteira e deve apresentar números fortes para 2022.

Os dados do BB reforçaram a visão do Banco Safra de que o banco estatal pode sustentar fortes níveis de rentabilidade (mais próximos de seus pares privados) para os próximos trimestres. Outro aspecto positivo no caso de investimento do BB é o seu dividend yield (considerando seu baixo múltiplo e bom payout ratio de ~40%). Esperamos que o BB distribua um dividend yield de 9,7% e 12,7% para 2022 e 2023, respectivamente.

Em vista disso, o Safra manteve a classificação de compra para Banco do Brasil, com preço-alvo de R$61,0/ação até o final de 2023.

Vale a pena investir em BBAS3?

  • Foco na lucratividade tem reduzido distância para bancos privados;
  • Melhora no controle de custos;
  • Forte presença no agronegócio;
  • Baixos níveis de inadimplência e expansão de crédito mais prudente;
  • Ampla presença no Brasil;
  • Parcerias para alavancar escala e reunir conhecimentos.

Quais são os principais riscos de BBAS3?

  • A frente política, pois a eleição de 2022 pode trazer incertezas sobre eventuais mudanças na alta administração;
  • Risco macroeconômico, como desaceleração da atividade ou aumento da percepção de risco-país;
  • Aumento do índice de inadimplência acima do esperado;
  • Concorrência mais acirrada de outros bancos;
  • Possíveis impactos de uma reforma tributária (a exemplo do imposto de renda sobre pagamentos de dividendos);
  • Mudanças regulatórias (por exemplo, open banking, novos recursos de pix);
  • Disrupção tecnológica; e
  • Frente geopolítica, dado que o recente conflito no Leste Europeu pode impactar o agronegócio brasileiro, dadas as pressões de preços na cadeia produtiva.

Sobre o Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil (BBAS3) é uma instituição financeira brasileira, constituída na forma de sociedade de economia mista, com participação do governo federal em mais de 50% das ações.

Segundo dados do próprio banco, a empresa possui 15.133 pontos de atendimento distribuídos pelo país, entre agências e postos de atendimento, sendo que 95% de suas agências possuem salas de autoatendimento (são mais de 40 mil terminais), que funcionam além do expediente bancário. Possui ainda opções de acesso via internet, telefone e telefone celular. Está presente em mais de 21 países além do Brasil.

Listado na B3, o Banco do Brasil tem suas ações negociadas sob o ticker BBAS3.

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra