close

Bolsas da Ásia fecham em baixa, após alerta do Federal Reserve sobre juros

Comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole, repercutem nas bolsas de valores

bolsas de valores

O mau humor na Ásia se seguiu a um tombo das bolsas de Nova York, que encerraram o último pregão com perdas de 3% a quase 4% | Foto: Getty Images

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta segunda-feira, 29, em reação ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, durante o simpósio anual de Jackson Hole, em Wyoming. Na sexta-feira, 26, Powell indicou que o Fed continuará elevando juros de uma forma que causará “alguma dor” à economia dos EUA, uma vez que a inflação doméstica permanece no maior nível em mais de quatro décadas.

O índice acionário japonês Nikkei liderou as perdas na Ásia nesta segunda, com queda de 2,66% em Tóquio, a 27.878,96 pontos, enquanto o Hang Seng caiu 0,73% em Hong Kong, a 20.023,22 pontos, o sul-coreano Kospi recuou 2,18% em Seul, a 2.426,89 pontos, e o Taiex registrou perda de 2,31% em Taiwan, a 14.926,19 pontos. O mau humor na Ásia se seguiu a um tombo das bolsas de Nova York, que encerraram o último pregão com perdas de 3% a quase 4%.

Saiba mais

Os mercados da China continental, por outro lado, tiveram ganhos marginais nesta segunda, recuperando-se de perdas de mais cedo, após a mídia estatal do país relatar que o fornecimento de energia para a maioria das indústrias e negócios na província de Sichuan foi gradualmente restaurado, em meio a uma seca histórica que deflagrou racionamentos de energia.

O Xangai Composto subiu 0,14%, a 3.240,73 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,07%, a 2.147,74 pontos. Já na Oceania, a bolsa australiana sofreu sua maior queda diária desde meados de junho, acompanhando Wall Street e o tom predominantemente negativo da Ásia. O S&P/ASX 200 caiu 1,95% em Sydney, a 6.965,50 pontos.

Presidente do Federal Reserve fala em aprofundar aperto dos juros

O declínio acentuado das ações na sexta-feira (26) reabriu uma questão que os investidores em grande parte haviam colocado em modo de espera durante o “rali de verão” visto no hemisfério Norte nos últimos dois meses: como minimizar a “dor” no que deve ser outro período contundente nos mercados.

Comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole, encerraram as conversas sobre uma esperada mudança de postura do Fed, segundo a qual investidores otimistas apostavam que a queda da inflação e uma economia vacilante levariam o BC a cortar as taxas de juros no próximo ano.

Em vez disso, foi o mercado de ações que mudou. Na sexta-feira, os preços dos títulos caíram, as criptomoedas cederam e todos os principais setores da indústria registraram perdas no mercado de ações.

Perceber que o Fed está pronto para aprofundar o aperto monetário é chocante para os investidores que esperavam que o pior de 2022 já tivesse passado, dizem analistas e gestores de portfólio. Agora há mais dúvidas sobre como o aumento das taxas de juros provavelmente afetará a demanda econômica, os lucros corporativos e as avaliações das ações.

“Não estamos ‘fechando completamente as escotilhas’, mas queremos ter uma inclinação para a qualidade e uma postura mais defensiva”, disse Cliff Hodge, diretor de investimentos da Cornerstone Wealth. A Cornerstone está transferindo mais investimentos de seus clientes para setores conservadores, como os de saúde e serviços públicos, e está preparada para vender ações quando os preços parecerem altos.

O curso dos dados econômicos dos Estados Unidos nos próximos meses ajudará a dizer se o mercado continuará a se agitar ou se encontrará uma base mais estável. Esta semana, a atenção dos traders se deslocará para dados que serão divulgados antes do Fed se reunir novamente no final de setembro.

A sexta-feira irá trazer o mais recente relatório de emprego do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, o “payroll“, que deve mostrar que a economia adicionou 325 mil empregos em agosto e que o desemprego ficou ancorado em 3,5%. Um número ainda mais forte pode aprofundar a convicção dos traders de que setembro fechará com outro aumento agressivo da taxa de juros do Fed. Depois, uma nova olhada no índice de preços ao consumidor fornecerá uma atualização da inflação em 13 de setembro. A edição do mês passado mostrou os preços se estabilizando.

Assim, as negociações de sexta-feira devem ter visto a última sessão com um “cabo de guerra” sobre sinalizações de política monetária que muitas vezes colocou o Fed contra os investidores durante os últimos meses. (AE)

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra