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Campos Neto diz estar ‘otimista’ com cenário de inflação e expectativas para IPCA

Presidente do Banco Central falou sobre as metas de inflação, o impacto de um maior crédito direcionado e as percepções sobre o câmbio.

Campos Neto

Presidente do Banco Central destacou processo de convergência da inflação e impacto ameno na economia | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 29, que a autoridade monetária está “otimista” com o cenário para a inflação e as expectativas de inflação. “As expectativas estão caminhando em um caminho positivo. Estamos otimistas. Já venho falando há uns meses que a inflação tem ido para baixo e o crescimento, para cima.”

Além disso, ele destacou que há um processo de convergência de inflação ocorrendo e que o BC está “animado” com esse cenário. “Entendemos que vai voltar para meta. Há esse processo de convergência acontecendo. Estamos animados com o que está acontecendo, com menor custo para sociedade”, disse, avaliando que o impacto para a economia tem sido ameno, até com revisões para cima para expectativas do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Nesse sentido, questionado se, olhando a inflação e a diferença para as metas hoje, o BC avalia que deveria ter agido diferente, Campos Neto respondeu que há sempre um trade-off do aumento dos juros e sua duração, o que aconteceu no Brasil e agora acontece nos Estados Unidos. “Se subo demais, pode ter efeito não linear no crédito. Não é fácil de corrigir ruptura no mercado de crédito.”

Já o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse que a contração monetária hoje é explicada pelas expectativas de inflação acima da meta.

Meta de 3,0%

De acordo com o presidente do Banco Central, o governo é que define as metas de inflação que a instituição deve perseguir. Além disso, evitou responder se uma meta de 3,0% é ou não adequada para a realidade da economia brasileira.

“Os aperfeiçoamentos da meta têm que mirar o trabalho da convergência da inflação com o menor custo para a sociedade. Quando você não está atingido a meta, mudar a meta para ganhar flexibilização tem efeito contrário”, completou Campos Neto.

Crédito direcionado

O presidente do Banco Central repetiu que quando há um crédito direcionado estrutural maior no mercado, a potência da política monetária diminui. “É bastante direta essa relação”, avaliou.

Em seguida, Campos Neto disse que entende a necessidade de se aumentar o crédito direcionado de maneira conjuntural, mas alertou para que essas medidas não se tornem estruturais. “Sobre o Plano Safra, temos trabalhado para que os grandes agricultores possam acessar o mercado de capitais, para que o crédito direcionado seja focado no médio e no pequeno. Isso tem um resultado muito bom”, acrescentou.

O presidente do BC admitiu que, conforme os juros sobem muito, o mercado de capitais se fecha, criando a demanda por mais crédito direcionado. “A gente entende isso”, completou.

A instituição alterou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, sua projeção para o saldo total de crédito de alta de 7,6% para elevação de 7,7%. Para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 7,1% para elevação de 6,3%.

Da mesma forma, a projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 8,3% para 9,6%.

Formação da taxa de câmbio

O presidente do Banco Central citou diversos fatores que têm levado à apreciação do real em relação ao dólar desde o começo do ano. “Vimos de fato a melhora de algumas moedas emergentes. A safra muito grande também gera uma forte entrada de câmbio. Há ainda a melhora da percepção do fiscal, com as medidas do governo, e a percepção de que o BC está fazendo o trabalho correto e que a inflação está convergindo. As taxas de juros altas também funcionam como ancoragem, porque o diferencial de juros é favorável”, detalhou.

Por último, Campos Neto repetiu que, para o BC, o que importa não é a taxa de câmbio em si, mas o seu impacto sobre a inflação corrente e as expectativas.

Thaís Barcellos, Eduardo Rodrigues e Célia Froufe

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