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Copom deve reduzir a Selic em 0,25 ponto

Apesar do desemprego continuar em queda e apresentar o menor patamar desde 2015, Safra vê inflação bem comportada e espera novo corte nos juros esta semana

Arrefecimento dos salários e deflação no índice de preços no atacado causam queda no indicador de custo de produção do Safra | Foto: Getty Images

O desemprego caiu mais 0,2% no primeiro trimestre, atingindo o menor patamar desde primeiro trimestre de 2015. Mas, isso não deve impedir que os juros continuem caindo até o fim do ano, segundo análise dos especialistas do Banco Safra.

A análise macroeconômica semanal do Safra destaca que historicamente há uma correlação alta entre variação de custos de produção e a inflação oficial medida pelo IPCA. Considerando que o IPCA deve permanecer bem-comportado, a despeito da redução da taxa de desemprego, o Safra considera que o cenário facilita o trabalho do Banco Central de continuar reduzindo os juros, ainda que a um passo mais lento, como deverá se dar na próxima reunião do Copom, esta semana. O Safra prevê novo corte de apenas 0,25% na Selic. A decisão será anunciada na quarta-feira, dia 8. Confira abaixo a íntegra da análise:

Saiba mais

A taxa de desocupação média no primeiro trimestre de 2024 foi de 7,4% na série com ajuste sazonal, uma queda de 0,2% frente ao trimestre móvel encerrado em fevereiro. Com isto, o desemprego atingiu o menor patamar desde primeiro trimestre de 2015. A queda ocorreu devido a um crescimento maior na margem da população ocupada, 0,3%, do que o observado na força de trabalho, 0,1%, sendo que ambas atingiram sua máxima histórica, não obstante um comportamento menos dinâmico da taxa de participação na força de trabalho da população em idade de trabalho (61,9% em março comparado com a média pré-pandemia de 62,9%).

Na abertura setorial, oito dos dez setores pesquisados criaram postos de trabalho em março. O destaque positivo ficou para os setores agropecuário, construção e comércio que criaram juntos cerca de 300 mil postos de trabalho em março na comparação com o trimestre móvel terminado em fevereiro, na série com ajuste sazonal.

O destaque negativo foi o setor de transportes, único a apresentar destruição significativa de postos de trabalho (-73 mil).

Apesar da redução da taxa de desemprego, o rendimento nominal médio cresceu apenas 0,1% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, após alguns meses de expansão mais vigorosa. No primeiro trimestre desse ano, o rendimento nominal subiu 2,2% em relação ao quarto trimestre do ano passado, impulsionado pelo emprego sem carteira de trabalho assinada, tradicionalmente chamado de informal (+2,7%), e conta própria (+3,7%), que incluem trabalhadores autônomos e estão sendo influenciados por novos tipos de contratação de pessoas com maior nível educacional e, consequentemente, salarial. Importante observar que o rendimento do trabalhador com carteira de trabalho assinada, que tende a representar melhor os custos de produção das empresas maiores, expandiu apenas 0,9% no período, ou seja uma taxa anualizada abaixo de 4%, e que não considera ganhos de produtividade.

O arrefecimento dos salários, somado à deflação observada nos preços no atacado e à inflação comportada da energia elétrica, levou o nosso indicador do custo de produção das empresas a apresentar variação negativa em março em relação a fevereiro, com ajuste sazonal.

No primeiro trimestre, esse custo de produção subiu perto de 0,7%, ou seja, apenas 2,9% em termos anualizados, uma das menores variações da série histórica. A variação acumulada em 12 meses do custo das empresas esteve em 4,9% ao final de março, próximo da média de 5,0% de 2017-2019 (Gráfico 7).

O modesto aumento dos custos de produção diminui a probabilidade de grandes repasses de preços ao consumidor.

Historicamente há uma correlação alta entre variação de custos de produção e o IPCA, o que sugere que o IPCA deve permanecer bem-comportado, a despeito da redução da taxa de desemprego, facilitando o Banco Central do Brasil continuar reduzindo os juros, ainda que a um passo mais lento, como deverá se dar na próxima reunião do Copom, com queda de apenas 0,25% na Selic.

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