Crédito acelera com queda dos juros e impulsiona consumo das famílias
Relatório do Banco Safra destaca crescimento do crédito com impulso da queda dos juros e projeta expansão de 3% no consumo das famílias em 2024
09/04/2024A queda dos juros já se reflete na expansão do crédito, especialmente para o consumidor, segundo relatório de macroeconomia do Banco Safra. A expectativa do banco é que esse processo se intensifique ao longo do ano, reforçado pelo dinamismo no mercado de trabalho no Brasil e queda da inflação global, que deve garantir crescimento real de 3% para o consumo das famílias em 2024.
Segundo o relatório do Safra, a política monetária mais flexível, apesar de ainda estar restritiva, deverá contribuir para o crescimento da economia brasileira em 2024. Apesar das crescentes incertezas sobre 2025, o banco projeta que a taxa básica de juros (Selic) deve cair para 8,75% até o final do ano. Atualmente a taxa está fixada em 10,75% ao ano.
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A queda do custo do crédito deve ajudar a diminuir o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida, apesar do aumento do endividamento. Com o reforço do mercado de trabalho fortalecido, o espaço para o consumo no orçamento das famílias deve seguir crescendo.
As taxas de juros mais amenas e a vitalidade do consumo devem estimular as empresas a financiar investimentos que aumentem sua capacidade de produção.
A expansão do investimento poderá, no entanto, vir a se ressentir de falta de clareza na política econômica e da maior incerteza fiscal que se delineia para 2025, segundo a análise dos especialistas do Banco Safra.
Os dados de crédito do primeiro bimestre de 2024 corroboram o cenário de crescimento do financiamento da economia com a queda de juros, conforme o banco vem projetando desde meados do ano passado.
Considerando os dados relativos a fevereiro, as concessões de crédito com recursos livres no acumulado dos últimos três meses cresceram 5,2% no segmento de pessoa física e 4,6% para pessoas jurídicas, com ajuste sazonal.
Os sinais positivos não surgem só do volume de crédito: a qualidade também tem melhorado, com as linhas de crédito não-rotativo, menos ligadas a situações emergenciais e mais relacionadas com a aquisição de novos bens e investimentos, crescendo nos últimos meses a taxas acima do observado no total das concessões.
Corte da Selic reduz a pressão do endividamento das famílias
As taxas de juros com recursos livres no setor da pessoa física caíram mais de 5.4 pontos percentuais desde o começo da flexibilização da Selic em agosto passado, enquanto a inadimplência caiu 0,6 p.p, chegando a 5.5 p.p., e o comprometimento de renda das famílias caiu 1,7 p.p., aproximando-se de 25 p.p. em janeiro, segundo o relatório do Safra.
Historicamente, as vendas no varejo (PMC) apresentam uma correlação positiva com a queda dos juros (Gráfico 6).
No atual ciclo há uma demora para as vendas reagirem, mas os dados do último mês já começam a se alinhar ao padrão habitual, na análise do Safra.
No segmento PJ, o impacto da política monetária na taxa de juros ainda não foi muito grande. Desde o início da flexibilização monetária, as taxas de juros com recursos livres caíram 1,1 p.p e a inadimplência, que subiu em meses anteriores, retornou ao mesmo patamar observado em de agosto de 2023.
Crédito recupera fôlego com queda dos juros
Apesar da morosidade na reação do crédito bancário às empresas, as linhas de crédito mais relacionadas a aquisição de novos bens pelas firmas (aquisição de veículos, aquisição de outros bens, arrendamento mercantil e compror) vêm se recuperando, o que deve ajudar a financiar a recuperação do investimento em 2024.
Os primeiros reflexos podem ser vistos na PIM de bens de capital que registrou forte aumento no primeiro bimestre do ano.
Em resumo, a flexibilização da política monetária já tem se traduzido em mais crédito, especialmente para o consumidor. A expectativa do Banco Safra é a de que esse processo continue e se intensifique ao longo do ano, com o auxílio do dinamismo no mercado de trabalho brasileiro e da desinflação mundial, levando a um crescimento real de 3% para o consumo das famílias em 2024.