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Construção reage e prevê crescimento de 4%, o maior desde 2013

Apesar da pandemia, bons resultados no mês de junho levam setor a rever de 2,5% para 4% o crescimento para o ano de 2021

Construção

Resultado recorde em junho leva a Câmara da Construção a rever para cima o crescimento para o ano | Foto: Getty Images

Mesmo com pandemia, falta de matérias primas e aumento nos custos do aço, o setor da construção espera crescer 4% no ano, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A expectativa anterior era de 2,5%.

Com a revisão para cima, o setor volta à expectativa do início do ano, que caiu em março depois com o agravamento da pandemia. Agora, apesar da capacidade de produção limitada, principalmente em função do desabastecimento e do aumento do preço do aço, a expectativa é de obter em 2021 o maior crescimento desde 2013.

A projeção de 4% de crescimento do setor está no estudo Desempenho Econômico da Indústria da Construção do 2º trimestre de 2021, divulgado nesta segunda-feira, 2.6

Construção mostrou reação em junho

Em junho, o nível de atividade do setor atingiu 51 pontos. Foi o melhor desempenho desde setembro do ano passado (51,2 pontos) e também o melhor mês de junho desde 2011, quando o indicador alcançou 51,7 pontos.

O resultado alcançado em junho de 2021 também foi o melhor observado no primeiro semestre do ano e é superior à média histórica do índice (45,6 pontos). Os números são da Sondagem Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o apoio da CBIC.

A falta ou o alto custo de matéria-prima continua sendo o principal problema enfrentado pelos empresários da construção pelo quarto trimestre consecutivo, alcançando 55,5% dos pesquisados na Sondagem. Desde o 3º trimestre de 2020, o setor vem sentindo os efeitos do aumento expressivo nos custos dos seus insumos.

Custo da Construção subiu 17,36% em 12 meses

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acumulou, nos últimos 12 meses encerrados em junho, alta de 17,36%.

Esse resultado é justificado pelo incremento expressivo no custo com materiais e equipamentos, que no mesmo período registrou alta de 34,09%. Trata-se de um recorde histórico para o período desde que a série começou a ser divulgada pela FGV, em 1996.

A elevada carga tributária foi apontada pelos empresários como o segundo principal problema enfrentado no 2º trimestre de 2021. Na comparação com o trimestre passado, esse foi o item com maior crescimento nas assinalações, passando de 24,7% para 31,5%.

Expectativas e projeções

De acordo com a Sondagem Indústria da Construção, as expectativas dos empresários do setor permanecem positivas em julho, apesar de menos intensas do que em junho.

Considerando a melhora nas atividades no final do 2º trimestre e a manutenção do nível de atividade atual, a expectativa é que o PIB do setor poderá registrar alta de 4% em 2021. Caso confirmado, esse será o melhor desempenho da construção desde 2013, quando o crescimento foi de 4,5%.

O incremento do financiamento imobiliário, as taxas de juros ainda em baixo patamar, a melhora do ambiente econômico, a demanda consistente, mesmo diante da pandemia, e a continuidade de pequenas obras e reformas são algumas das razões que ajudam a justificar a projeção atual.

Segundo a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, essa melhora não significaria um forte crescimento. “É preciso considerar que de 2014 até 2020 o setor acumulou uma queda de 33,34%. E mesmo com o crescimento de 4% em 2021, a retração desse período continuará superior a 30%, o que é bastante expressivo. A construção precisará continuar a crescer mais alguns anos nessa intensidade para que a recuperação total aconteça”, disse.

Nível de atividade

A média do Índice do Nível de Atividade para o setor, no 2º trimestre de 2021, foi a melhor, para o período, desde 2012. A demanda consistente por imóvel, as baixas taxas de juros, o incremento do crédito imobiliário, o novo significado da casa própria para as famílias e a melhora nas expectativas para a economia são alguns dos fatores que ajudam a explicar esse resultado.

Desagregando o indicador do Nível de Atividade da Construção por segmento, observa-se que o maior ritmo está na Construção de Edifícios, enquanto as Obras de Infraestrutura e os Serviços Especializados, apesar do incremento observado nos últimos meses, ainda estão em patamares de queda.

A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) das empresas de construção cresceu um ponto percentual em junho, em relação a maio, e atingiu o seu maior patamar (64%) desde novembro de 2014 (66%). O resultado também é superior à média histórica do indicador (62%).

Setor emprega 2,4 milhões de trabalhadores

A construção finalizou o mês de maio com 2,430 milhões de trabalhadores com carteira assinada, de acordo com dados do Ministério da Economia. Em maio de 2020, esse número correspondia a 2,113 milhões. Assim, o incremento no estoque de trabalhadores no setor em um ano foi de 15,01%.

Nos primeiros cinco meses de 2021, a construção gerou 156.693 novos postos de trabalho com carteira assinada. Usando como referência os resultados do Caged e do Novo Caged, observa-se que este foi o melhor resultado, para o período, desde 2012.

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