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Lula defende agronegócio como parceiro a favor do clima

Em seu primeiro compromisso internacional após as eleições, Lula discursa na COP-27 e cobra apoio dos países ricos na luta ambiental

Discurso de Lula no Egito foi recheado com duras críticas ao atual presidente Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou no Egito, durante a Cúpula do Clima (COP-27), que o “Brasil está de volta” ao debate climático global. Ele citou o desafio de enfrentar o aquecimento global em meio a múltiplas crises e cobrou mais ajuda financeira dos países desenvolvidos às nações vulneráveis no campo ambiental.

“Não haverá futuro enquanto estivermos cavando um poço sem fundo entre ricos e pobres”, disse Lula, que lembrou do compromisso firmado pelos países ricos em 2009, de oferecer, a partir de 2020, US$ 100 bilhões anuais para que as nações mais pobres enfrentassem os efeitos da crise climática. “Esse compromisso nem foi nem está sendo cumprido”, criticou.

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Foi a primeira agenda do presidente eleito no exterior após o resultado das eleições. “O combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do próximo governo”, destacou, repetindo a promessa de zerar o desmatamento na Amazônia. Mais cedo, Lula disse em outro espaço da COP que pretende tirar o Brasil do isolamento e vai pedir à ONU para que a conferência de 2025 seja realizada em alguma cidade que tenha o bioma.

Com fortes críticas à gestão de Jair Bolsonaro, quando a floresta sofreu com uma escalada na devastação, ele disse que serão recriadas e reforçadas as estruturas para combater os crimes ambientais, destacou o protagonismo dos indígenas na defesa do bioma e salientou o compromisso de criar um novo ministério, o dos Povos Originários.

No discurso de quase 30 minutos, Lula destacou efeitos devastadores de eventos climáticos extremos na Europa, na África, na Ásia e nos Estados, além de falar sobre a seca histórica que o Brasil enfrentou em 2020 e no ano passado. Ele defendeu a importância de reativar o Fundo Amazônia, após a paralisação do programa durante a gestão Bolsonaro. Alemanha e Noruega, as principais doadoras do Fundo, sinalizaram que vão retomar doações após a vitória do petista nas eleições.

O presidente eleito disse também que, quando o Brasil presidir o G-20 (grupo das 20 economias mais ricas) a partir de 2024, a agenda climática será uma prioridade.

Em outra mensagem à comunidade internacional, disse que vai honrar o compromisso firmado pelo Brasil com Indonésia e Congo para a proteção da cobertura vegetal, iniciativa que ficou conhecida como a “Opep das florestas”.

Lula fez uma sinalização ao setor produtivo. “O agronegócio será aliado estratégico na busca de uma agricultura regenerativa e sustentável”, afirmou. Segundo o presidente eleito, não é preciso desmatar nenhum “metro de floresta” para garantir a geração de riquezas e a segurança alimentar no mundo.

Discurso de Lula lotou auditório da ONU e foi transmitido por um telão em outra sala

Às 11h (horário de Brasília), uma hora antes de o presidente eleito iniciar seu segundo discurso do dia na COP, uma multidão lotava o auditório da ONU reservado para o brasileiro. Acotovelados, brasileiros e estrangeiros esperavam dentro e fora do local.

“Vamos trabalhar para acabar com a fome e a degradação das florestas”, acrescentou ele, para uma plateia de mais de 300 pessoas e sob grande cobertura da imprensa internacional. A organização do evento foi obrigada a abrir mais um auditório para comportar os presentes. Nessa outra sala para mais de 300 lugares o discurso de lula foi transmitido por um telão.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), líder do consórcio dos governadores e autor do convite para que o petista participasse da COP-27, pediu que a próxima cúpula da ONU para o clima seja em algum estado da região amazônica. Lula disse que vai indicar o Pará ou o Amazonas para receber a cúpula.

O presidente eleito também participou de encontros fechados com o enviado especial para o clima do governo americano, John Kerry, e com o alto representante chinês para o clima, Xie Zhen Hua.

Há expectativa para que Lula anuncie o nome do novo ministro do Meio Ambiente entre esta quarta e quinta, 17, quando também cumpre agendas no fórum climático global. Entre os cotados para assumir a pasta do Meio Ambiente estão a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que estão na comitiva de Lula na conferência.

Também estão na COP dois cotados para assumir o novo Ministério dos Povos Originários, promessa do petista durante a campanha: a deputada federal eleita Sônia Guajajara (PSOL-SP) e a deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR). (AE)

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