Coronavac pode ser menos eficaz para cepa de Manaus
Estudo de cientistas brasileiros alerta para risco de variante do Amazonas escapar de anticorpos da vacina mais usada no Brasil
02/03/2021A variante P.1 do coronavírus, surgida em Manaus, pode escapar dos anticorpos produzidos pela Coronavac, vacina da farmacêutica Sinovac fabricada pelo Instituto Butantan, segundo um estudo de pesquisadores brasileiros.
A Coronavac é a principal vacina usada atualmente no Brasil na campanha de vacinação contra a covid-19.
Os dados ainda são preliminares, obtidos com base em uma amostra pequena de voluntários (oito pessoas) e precisarão ser confirmados por mais pesquisas, mas servem de alerta sobre o impacto da nova linhagem do coronavírus.
A cepa detectada em dezembro no Amazonas já foi identificada em 17 Estados brasileiros.
O estudo foi feito por cientistas da USP e Unicamp e publicado na revista científica The Lancet.
Os cientistas coletaram o plasma de oito voluntários nos estudos clínicos da Coronavac que receberam as duas doses da vacina há cerca de cinco meses e testaram a atividade dos anticorpos.
Os pesquisadores observaram que o nível de anticorpos capazes de deter o vírus foram mais baixos para a P.1 do que para a linhagem B, ficando abaixo do limite da detecção no exame.
Os cientistas esclarecem que a diferença não pode ser considerada estatisticamente significativa porque a amostra de voluntários foi pequena e o nível de neutralização em ambos os casos era baixo.
Mas segundo eles os resultados sugerem que a P.1 pode escapar de anticorpos neutralizantes induzidos por uma vacina de vírus inativado” contra o Sars-CoV-2 (caso da Coronavac).
Eles sugerem que, para impedir a transmissão da nova cepa, poderá ser necessária a aplicação de uma dose de reforço da vacina, atualizada para esta ou outras variantes que surgirem.
Os cientistas sugerem o monitoramento da ação neutralizante dos anticorpos em pessoas vacinadas e defendem mais estudos sobre o impacto da nova linhagem.
O estudo alerta que os anticorpos formados por pessoas já contaminadas pelo coronavírus parecem não ser capazes de barrar a P.1.
Os cientistas analisaram o plasma de 19 pessoas recuperadas de infecções ocorridas antes do surgimento da nova variante e verificaram uma diminuição de seis vezes na capacidade de neutralização dos anticorpos contra a P.1 em comparação com a variante da linhagem B. (Com AE)