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Dólar tem maior alta em 30 dias com tensão pré-Fed; Ibovespa perde os 130 mil pontos

Expectativa diante da próxima reunião do Federal Reserve e debate sobre eleições nos Estados Unidos pressionam o câmbio e dólar sobe a R$ 4,92

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A sessão foi marcada pela preocupação dos agentes financeiros com a trajetória de juros nas economias centrais | Foto: Getty Images

O dólar comercial exibiu apreciação consistente na sessão desta terça-feira, em um dia de aversão global a ativos de risco. Operadores apontaram um ajuste de posições diante de dúvidas em torno das decisões dos bancos centrais, em especial do Federal Reserve (Fed), em dia de comentários do diretor Christopher Waller. Além disso, agentes citaram alguma ansiedade com as eleições presidenciais americanas, após as prévias republicanas em Iowa, em um movimento que alimentou uma reprecificação nos mercados globais de câmbio, ao impulsionar o dólar.

No fim da sessão à vista, o dólar comercial era negociado em alta de 1,22%, a R$ 4,9250, maior nível desde 15 de dezembro, depois de ter tocado a mínima de R$ 4,8863 e encostado na máxima de R$ 4,9326. Já o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, avançava 0,76%, aos 103,379 pontos, no fim da tarde.

O Ibovespa apresentou queda forte hoje, perdendo os 130 mil pontos e com praticamente todas as ações do índice fechando no vermelho, refletindo sessão de aversão a riscos nos mercados globais. Incertezas em relação ao início dos ciclos de afrouxamento monetário nas principais economias do mundo e temores geopolíticos afetaram o sentimento de investidores na sessão.

O índice recuou 1,69%, aos 129.294 pontos. Nas mínimas intradiárias, tocou os 129.147 pontos e, nas máximas, os 131.517 pontos. O volume financeiro negociado na sessão (até as 18h15) foi de R$ 17,47 bilhões no Ibovespa e R$ 23,40 bilhões na B3. Em Nova York, o S&P 500 recuou 0,37%, aos 4.765 pontos, Dow Jones fechou em queda de 0,62%, aos 37.361 pontos e Nasdaq recuou 0,19%, aos 14.944 pontos.

Saiba mais:

A sessão foi marcada pela preocupação dos agentes financeiros com a trajetória de juros nas economias centrais. Além de comentários mais conservadores de integrantes do Banco Central Europeu (BCE) em Davos, na Suíça, os dados na Alemanha de inflação ao consumidor mais fortes levaram os investidores a calibrarem suas expectativas em torno do início da flexibilização monetária dessas autoridades monetárias.

No período da tarde, comentários do diretor do Fed Christopher Waller ajudaram a alimentar essa preocupação, com o dólar ganhando um pouco mais de força, após já ter embarcado em um movimento consistente de valorização global. Enquanto ontem os contratos futuros dos Fed Funds precificavam chance de 76,9% de um corte das taxas de juros nos EUA em março, hoje esse percentual caiu para 65,2%.

Dólar sobe com expectativa da reunião do Federal Reserve

Na leitura do operador de câmbio de uma grande gestora local, o movimento de hoje foi resultado de uma dinâmica que começou a ganhar força na virada do ano. “No fim de 2023, houve um movimento muito grande dos ativos de risco, incluindo a venda de dólar. A tese era de que o Fed poderia cortar juros logo no começo do ano, já que os integrantes pareciam confortáveis com esse cenário”, diz.

Ele lembra, porém, que na virada do ano houve uma reversão do movimento, causada em parte por um recuo no comportamento de alguns membros do Fed; pelo forte posicionamento vendido em dólar; por dados fracos no resto do mundo; e, agora, pela vitória folgada do ex-presidente americano Donald Trump nas primárias do Partido Republicano em Iowa. “Essa combinação toda levou a essa reversão mais forte.”

Na sessão, o peso mexicano foi a moeda com pior desempenho frente ao dólar, da relação de 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor. Operadores e economistas mencionaram o fato de Trump ter feito ontem um discurso forte anti-imigração. Nesse sentido, de acordo com alguns agentes, a forte penalização da divisa mexicana ajudou a contaminar o humor em relação a outras divisas da América Latina.

Na leitura do superintendente de tesouraria do Banco Daycoval, Luiz Fernando de Gênova, o mercado sempre exagera “para um lado, ou para o outro” e uma correção disso deve ser saudável.

“Agora vemos os bancos centrais tentando colocar os investidores um pouco mais na realidade. A fala de [Christopher] Waller hoje mostra que essa queda de juros deve ser um processo bastante gradual, o que acaba colocando em xeque a tese do ‘pouso suave’”, diz, acrescentando que essa precificação precoce de cortes deixou o dólar fora de lugar e algum ajuste deve ocorrer. “Mas não é nada catastrófico. É uma correção que deve persistir ainda.”

Para Gênova, as questões locais devem continuar em segundo plano até os movimentos externos se tornarem menores. “A questão fiscal deve causar alguma volatilidade, mas é preciso também levar em consideração o crescimento do país”, diz. “Ou teremos que ver ajuste de menos gastos e mais receitas ou por meio de um crescimento da economia maior do que o esperado. Mas, sendo realista, não acho que a mudança venha pela ponta de cortes de gastos. Acho que há outras distorções que podem ser corrigidas e ajustadas.” (Valor Econômico)

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