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Economia americana deve crescer 4% em 2021

O Federal Reserve projeta recuperação com chegada das vacinas e autoriza bancos a retomar recompra de ações

Economia

Novos estímulos econômicos devem favorecer crescimento e emprego / Foto: Getty Images

O vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Richard Clarida, está otimista com a recuperação da economia dos Estados Unidos em 2021, como disse em entrevista à emissora CNBC na tarde desta sexta-feira, 18 de dezembro.

Segundo estimativas dele e de outros membros do Fed, os Estados Unidos terão um crescimento por volta de 4% no ano que vem. A distribuição de vacinas contra a covid-19 no país, afirma Clarida, eleva as projeções para 2021.

Apesar do cenário otimista a médio prazo, o dirigente do Fed mostrou preocupação com as novas restrições impostas no país para o enfrentamento da segunda onda da pandemia.

Diante desse cenário, mais estímulos fiscais aos moldes do projeto que está em discussão no Congresso americano são “muito bem-vindos”, disse Clarida.

Ele ainda reforçou que, a pedido do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, o Fed irá retomar o Cares Act, programa de empréstimos adotado no primeiro semestre deste ano.

Clarida também projetou que os Estados Unidos não devem atingir as metas de inflação e emprego estabelecidas pelo Fed antes de 2023. Isso forçará a autoridade monetária americana a manter a taxa básica de juro em níveis historicamente baixos, segundo sua avaliação.

Recompra de ações

O Fed autorizou nesta sexta-feira a retomada das recompras de ações por parte de bancos americanos em 2021. Contudo, a operação suspensa durante o auge da crise da covid-19 para garantir liquidez e fluxo de empréstimos, terá limites.

“Para o primeiro trimestre de 2021, tanto o pagamento de dividendos quanto as recompras de ações serão limitados a um valor com base na receita do ano anterior. Se um banco não obtiver receita, não poderá pagar dividendos ou fazer recompras”, diz comunicado do Fed emitido no início da noite desta sexta-feira. O pagamentos de dividendos está autorizado em 2020, mas também sob condições.

A mudança regulatória de hoje vem após uma segunda rodada de testes de estresse com instituições financeiras.

De acordo com o BC dos Estados Unidos, as maiores casas bancárias mantêm fortes níveis de capital. “Os testes de estresse de hoje confirmam que os grandes bancos podem continuar emprestando para famílias e empresas, mesmo durante uma virada fortemente adversa na economia”, afirma em nota o vice-presidente de supervisão da autoridade monetária, Randal Quarles.

Pacote fiscal emperra

Após avanços recentes, as discussões sobre uma nova rodada de estímulos fiscais de US$ 900 bilhões nos Estados Unidos entraram em novo impasse. O motivo foi a proposta do senador republicano Pat Toomey de uma provisão que limita a capacidade do Federal Reserve financiar programas de emergência durante a crise do coronavírus.

Diante do imbróglio em Washington, o noticiário sobre a vacina para a covid-19 ficou em segundo plano. Nem mesmo a decisão do Comitê Consultivo da FDA, a administração de medicamentos e alimentos do país, de recomendar a autorização para uso emergencial de mais uma vacina, da Moderna, impediu o desânimo do mercado.

Se a FDA acatar a recomendação e autorizar a vacina, os Estados Unidos terão dois imunizadores aprovados (a outra vacina já em uso é a da Pfizer-BionTech). O presidente americano, Donald Trump, chegou a dizer que liberação da vacina da Moderna já havia sido dada, mas foi desmentido por um porta-voz da FDA.

Bolsas em baixa

Como resultado do impasse no pacote fiscal, e depois das baixas ao longo do dia na Ásia e na Europa, as bolsas de Nova York também fecharam em queda. O dia foi marcado ainda por uma combinação de realização de lucros após os recordes da véspera, e os efeitos do chamado quadruple witching, fenômeno técnico em que há vencimento simultâneo de contratos de derivativos.

O índice Dow Jones encerrou em baixa 0,38%, a 30,2 mil pontos, o S&P 500 cedeu 0,35%, caindo a 3,7 mil pontos, e o índice da bolsa Nasdaq perdeu 0,07%, parando em 12,7 mil pontos.

No acumulado da semana, contudo, o resultado das bolsas americanas ainda foi positivo, com os índices avançando 0,46%, 1,25% e 3,05%, respectivamente.

O principal motivo dos ganhos ao longo da semana foram os avanços no processo de distribuição de vacinas para a covid-19 na Europa e nos Estados Unidos.

Semana de alta no Ibovespa

O Ibovespa completou a sétima semana consecutiva de alta nesta sexta-feira, 18 de dezembro, aos 118 mil pontos, ou 2,5% acima da sexta-anterior.

O índice subiu boa parte do dia, mas caiu no final da tarde em meio à pressão externa e também  pela realização de lucros proporcionados pelas altas recentes.

A sessão da B3 na sexta-feira terminou com desvalorização de 0,32%, aos 118.024 pontos, mas ainda assim manteve o ganho de 2% em relação ao início do ano.

Nesta semana, a bolsa brasileira zerou as perdas do ano decorrentes da pandemia e chegou perto dos maiores níveis nominais da história.

O avanço só não foi maior por causa do cenário externo desfavorável nesta sexta-feira, quando os investidores ficaram frustrados diante da demora na definição do pacote de estímulo fiscal americano.

Commodities em alta

A confiança na recuperação do crescimento global fez disparar os preços de commodities, influenciando as ações das empresas do setor.

Os destaques de alta do dia no Ibovespa, mesmo com o índice indo ao vermelho ao final, foram dos papéis de Vale (+0,69%) e das siderúrgicas CSN (+3,33%), Gerdau (+1,76%) e Usiminas (+4,96%).

O dólar se valorizou 0,08%, fechando o dia a R$ 5,08. Já o euro registrou queda de 0,11%, cotado a R$ 6,22.

O Termômetro Broadcast Bolsa, da Agência Estado, aponta que 53% dos entrevistados acreditam em alta do Ibovespa na semana que vem, 23% acreditam em queda do índice e outros 23%, em estabilidade.

Em uma semana marcada por liquidez mais fraca, os investidores estarão atentos à arrecadação federal de novembro, que será divulgada na segunda-feira, 21, e ao IPCA-15 de dezembro, que sai na terça-feira, 22.

(Com AE)

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