close

Para Campos Neto, prioridade é retomar o crescimento

Com perspectiva de queda na inflação, Campos Neto destaca crescimento como prioridade e diz que ciclo de alta de jutos está perto do fim

dolar

A polarização da eleição já afeta um pouco volatilidade de câmbio, afirma Roberto Campos Neto | Foto: Getty Images

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quinta-feira que melhor forma que o BC pode contribuir para o crescimento da economia é atacando a inflação. Segundo ele, o ciclo de alta da taxa de juros está perto do fim.

“Temos uma memória muito forte de inflação e indexação no Brasil, por isso temos que atacar de maneira eficaz esse problema”, afirmou Campos Neto, em participação na Conferência Anual Latino-Americana do Santander. Segundo ele, a performance da agropecuária é muito importante para o desempenho da economia, mas eventos climáticos podem afetar ainda mais as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.

Campos Neto defende reformas para aumentar crescimento

“Quase todos os fatores que as pessoas culpavam pelo baixo crescimento no passado foram endereçados. Precisamos debater que tipo de reformas precisam ser feitas para aumentar a crença no crescimento brasileiro”, afirmou o presidente do BC.

Segundo ele, taxa estrutural de crescimento da economia brasileira será fundamental para a correção da trajetória fiscal brasileira. Ele destacou que o mercado tem projetado um crescimento estrutural menor, apesar de reformas aprovadas nos últimos anos.

“No curto e mesmo no médio prazo, o Brasil não tem mostrado capacidade de crescimento sustentável, e isso impacta as previsões para o fiscal. Com juros maiores e crescimento menor, a trajetória da dívida tende a ir para outro nível. O debate passa por qual taxa de crescimento o Brasil pode ou deveria ter, e as reformas necessárias para se obter isso”, afirmou Campos Neto, em participação na Conferência Anual Latino-Americana do Santander.

Deslocamento da demanda de serviços para bens

Ele voltou a avaliar que o deslocamento da demanda de serviços para bens continua a ser percebida na economia brasileira, com pressões no consumo de energia, o que torna a inflação mais persistente.

“Nos Estados Unidos, diferença entre demanda de bens e serviços têm caído, mas ainda está muito distante dos níveis pré-pandemia”, comparou, em participação na Conferência Anual Latino-Americana do Santander.

Campos Neto admitiu que a aprovação da PEC dos Precatórios com um espaço fiscal de mais R$ 100 bilhões a mais para o governo 2022 levou à interpretação do mercado de que o teto de gastos havia sido desrespeitado. Ele voltou a argumentar, porém, que os resultados fiscais brasileiros no ano passado foram melhores do que os anteriormente projetados.

O presidente do BC reconheceu que parte do aumento da arrecadação no ano passado se deveu à alta de inflação, mas apontou mudanças estruturais no consumo e no recolhimento de impostos que devem permanecer.

Campos Neto alegou que, apesar da aprovação de reformas nos últimos anos, as projeções de crescimento da economia brasileira para os anos à frente na verdade caíram.

Transição para a economia verde

O presidente do Banco Central alertou que os debates de transição para economia verde estão levando em consideração efeito em preços na exploração de matérias-primas necessárias para a fabricação de componentes usados em carros elétricos, por exemplo.

Além disso, Campos Neto repetiu que os investimentos na ampliação da produção de energia limpa não têm conseguido acompanhar a demanda.

O presidente do Banco Central disse também que, apesar da nova onda de contaminações de covid-19 com a variante Ômicron, o numero de hospitalizações não tem crescido tanto. O próprio chefe da autoridade monetária testou positivo para o vírus no começo deste ano.

“É claro que ainda temos um problema, com pessoas não vacinadas sendo internadas. Mas em termos de mobilidade, não há um grande impacto. Há questão na China, mas estamos navegando melhor com Ômicron, com pequeno efeito em cadeias”, afirmou o presidente do BC.

Campos Neto admitiu que o crescimento brasileiro tem ficado estagnado nos últimos meses, ficando atrás de outros países emergentes. “Há um desafio para crescimento na América Latina no pós-pandemia”, acrescentou.

“As ações em países desenvolvidos estão indo muito bem, com empresas de software indo melhor”, destacou. (AE)

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra