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Eneva tem potencial de crescimento e é boa opção pra o longo prazo

Maior operadora privada de gás natural do Brasil, a Eneva (ENEV3) tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 15,50 por ação

Eneva

O forte crescimento é explicado pela entrada em operação da usina Azulão-Jaguatirica e melhores margens | Foto: Getty Images

A produtora de gás natural Eneva (ENEV3) reportou um EBITDA de R$ 474 milhões no trimestre, com alta de 7,1% sobre o primeiro trimestre do ano passado e 3,9% acima das estimativas do Banco Safra – 16,3% abaixo do consenso do mercado. O Lucro Líquido reportado foi de R$ 185 milhões (-8,9% A/A), 24% acima das nossas estimativas e 15% acima do consenso.

O EBITDA foi impulsionado pelo efeito não caixa de R$ 121,8 milhões referente ao reconhecimento do ágio proveniente da aquisição da Focus. O EBITDA comparável de R$ 352 milhões (-20,3% A/A) ficou 23% abaixo das nossas estimativas e 38% abaixo do consenso.

A falha nas estimativas do Safra decorre do principalmente do menor despacho, enquanto os braços operacionais apresentaram bons resultados. O banco espera uma reação geral neutra do mercado. Os resultados ficaram abaixo das estimativas principalmente em despacho térmico abaixo do esperado (1% vs. 35% estimado) causado pela recuperação acelerada dos volumes de chuva.

A principal linha superestimada vem do braço Upstream (-87% vs. estimativas), pois o menor despacho reduz a produção total de gás. O despacho médio atingiu 1% no 1T22 vs. 58% no 1T21. Dito isso, outros ramos de negócios atenderam às expectativas. O braço de carvão apresentou bons resultados com EBITDA ajustado de R$ 158 milhões, 2,6% abaixo de nossas estimativas.

O braço do complexo Parnaíba (incluindo Azulão-Jaguatirica) registrou um EBITDA de R$ 230 milhões, (+33% A/A), 2,8% acima das estimativas do Safra. O forte crescimento é explicado pela entrada em operação da usina Azulão-Jaguatirica e melhores margens devido à parada programada de Parnaíba II. A batida no resultado final é explicada principalmente pelos efeitos mencionados e melhores resultados financeiros.

A Eneva realizou investimentos de R$ 1.742 milhões no trimestre, 80% destinados à aquisição de painéis solares para a construção de Futura I. A empresa encerrou o trimestre com 3,8x Dívida Líquida sobre EBITDA, ante 2,8x no trimestre anterior, principalmente devido à emissão de dívidas privadas de R$ 1,5 bilhão e R$ 199 milhões adicionais destinados à aquisição da Focus e Futura I financiamento de capex.

O Safra tem classificação de compra para a Eneva. O banco vê a empresa como um player de alta qualidade, pronto para crescer em uma localização vantajosa e negocia com uma TIR atraente de 8,3%. A Eneva deve continuar expandindo suas operações nos próximos anos e pode se beneficiar de desdobramentos regulatórios como a privatização da Eletrobras.

Revisão ddas estimativas para os resultados da Eneva

O Banco Safra atualizou em fevereiro as estimativas e preços-alvo para as ações do setor de energia elétrica. No geral, o banco assumiu premissas mais conservadoras refletidas em taxas de desconto mais altas e, portanto, preços-alvo mais baixos para a maioria das empresas da cobertura.

As eleições podem aumentar a volatilidade geral e trazer um fluxo de notícias negativas para o setor, mas sem prejudicar os fundamentos. O Safra espera ainda um pipeline movimentado para o setor em 2022, na medida em que o aumento das taxas de juros pode tirar os recém-chegados do jogo.

Em relação às geradoras, o Safra vê que a crise hídrica não é mais um problema para 2022, pois os volumes de chuva são bons e os reservatórios estão se recuperando rapidamente.

Como os custos de energia atingiram níveis elevados no ano passado, o Safra vê possíveis problemas se movendo em direção às distribuidoras, pois espera altos aumentos de tarifas, pressionando as taxas de inadimplência e perdas.

As transmissoras continuam a ser a melhor jogada defensiva do setor. Embora os preços não sejam baixos, um bom rendimento de dividendos e proteção podem ajudar o desempenho do segmento.

Nesse contexto, a Eneva (ENEV3) é uma boa escolha de longa prazo, seguindo com seu plano de expansão em 2022, visto que diversas oportunidades de crescimento se apresentam para eles em todas as regiões do Brasil.

A empresa entrou recentemente no segmento de energias renováveis através da aquisição da Focus Energy, enquanto expande sua presença em usinas a gás através da vitória no leilão de capacidade de reserva em dezembro passado.

Plano de ENEV3

Realizado no dia 08 de fevereiro, o Eneva Investor Day 2022 trouxe um plano detalhado e ambicioso para a próxima década. A Eneva (ENEV3) visa uma grande expansão geográfica e diversificação operacional, trazendo também diversas oportunidades de crescimento.

Na visão do Safra, a Eneva está reafirmando sua posição de player em crescimento e consolidação, ainda o único relevante no segmento de gás natural. A diversidade de opções de crescimento mais do que supera a frustração do episódio de Urucu, que terminou sem acordo com a Petrobras.

O sentimento geral do evento foi muito positivo, principalmente pelo fato de a Eneva usufruir dos benefícios de estar sozinha em um segmento de baixa competitividade. O banco mantém classificação de compra para a Eneva. E vê a empresa como um player de alta qualidade, pronto para o crescimento e capaz de capturar benefícios conhecidos e desconhecidos provenientes da diversificação e expansão operacional.

Vale a pena investir em ENEV3?

  • Forte crescimento do resultado operacional com o início de novos projetos;
  • Oportunidades trazidas pelas recentes descobertas de reservas de gás e desenvolvimentos regulatórios;
  • Exposição positiva ao aumento do despacho de geração térmica; e
  • Dinâmica estável de rendimentos com boa capacidade de repasse da inflação.

Quais são os principais riscos de ENEV3?

  • Cenários extremos de despacho;
  • Menores preços de venda de petróleo;
  • Curva de capex de E&P mais alta ou maior tempo de desenvolvimento do campo;
  • Deixar de renovar os contratos do Parnaíba, ou condições de renovação desfavoráveis;
  • Postergação do início de projetos em desenvolvimento.

Sobre a Eneva (ENEV3)

A Eneva (ENEV3) é a maior empresa privada produtora de gás do Brasil (capacidade de produção de 8,4 milhões de m³ por dia) e uma das maiores geradoras termelétricas (2,8 GW de capacidade instalada total, incluindo projetos em construção).

A empresa opera usinas termelétricas na bacia do Parnaíba, usinas a carvão (Itaqui e Pecém II). Além disso, conta com o Complexo Azulão-Jaguatirica a partir do 4º trimestre de 2021. Parnaíba V e Parnaíba VI estão atualmente em desenvolvimento.

As usinas têm receita fixa de R$ 3,1 bilhões por ano, com PPAs vencendo até 2027-2036 (2048 e 2049 para Parnaíba V e VI, respectivamente), garantindo sólido fluxo de caixa. A empresa desenvolve investimentos de E&P em bases recorrentes para desenvolver reservas de gás.

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