close

Escândalo sexual derruba três ministros no Reino Unido

A saída de três ministros pode significar o fim da liderança do primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson

Boris Johnson

Primeiro-ministro admitiu ter nomeado parlamentar mesmo sabendo que ele assediou dois homens em um clube privado | Foto: Getty Images

A ministra da Justiça do Reino Unido, Victoria Atkins, renunciou ao cargo nesta quarta-feira, 6, juntando-se à crescente lista de integrantes do governo britânico que deixaram o governo desde terça-feiraem meio a insatisfações com a liderança do primeiro-ministro Boris Johnson.

Em carta ao premiê, Atkins afirmou que acompanha com “crescente preocupação” a resposta às alegações de assédio sexual contra o parlamentar conservador Chris Pincher. “Eu não posso mais fazer piruetas em relação aos nossos valores fraturados. Podemos e temos que fazer melhor do que isso”, escreveu.

Os ministros das Finanças e da Saúde da Inglaterra renunciaram na terça-feira, abalando a liderança do primeiro-ministro Boris Johnson, após ele tentar se desculpar pelo escândalo sexual que estremeceu seu governo. A saída dos três ministros pode significar o fim da liderança do primeiro-ministro do Reino Unido, após meses de escândalos.

O mais recente escândalo envolvendo Johnson diz respeito a nomeação do parlamentar Chris Pincher ao cargo de vice-chefe da polícia. Acusado de assediar dois homens em um clube privado, Pincher deixou o cargo na quinta-feira passada.

Boris Johnson assegurou a parlamentares britânicos que pretende seguir no cargo, mesmo após a debandada de integrantes de seu governo em meio a uma série de escândalos de ética. “Vamos seguir em frente, entregar nosso mandato e vencer outra eleição geral”, garantiu nesta quarta-feira, 6, em sessão de perguntas e respostas no Parlamento.

Questionado sobre quais circunstâncias o fariam deixar a posição, o premiê respondeu que renunciaria se julgasse ser impossível implementar as políticas que defende, entre elas a defesa da Ucrânia contra a ofensiva militar russa. No entanto, Johnson ressaltou que dispõe de apoio de uma “maioria colossal” do eleitorado e que pretende seguir no posto.

Johnson também afirmou que a população britânica enfrenta um período de incertezas econômicas e espera que o governo mantenha seu trabalho. Ele citou os planos de cortar impostos, que, segundo o primeiro-ministro, colocarão 1,2 mil libras no bolso de 8 milhões das famílias mais vulneráveis.

O caso atingiu Boris Johnson, que enfrentou pressão da imprensa britânica e do Partido Conservador para explicar o que sabia sobre acusações anteriores de má conduta de Chris Pincher. A explicação do governo sobre o caso mudou repetidamente nos últimos cinco dias. Primeiro, os ministros disseram que Johnson não estava ciente de nenhuma acusação quando promoveu Chris Pincher ao cargo em fevereiro. Na segunda, um porta-voz disse que ele sabia de alegações de má conduta sexual que “foram resolvidas ou não evoluíram para uma queixa formal”.

Mas, nesta terça-feira, o premiê reconheceu que sabia de um incidente semelhante em 2019 e disse que foi um erro nomeá-lo. “Acho que foi um erro e peço desculpas por isso. Em retrospectiva, foi a coisa errada a fazer”. Minutos depois da declaração, os dois ministros apresentaram as cartas de renúncia.

Escândalo sexual leva à demissão de dois ministros

Tanto o ministro das Finanças, Rishi Sunak, quanto o ministro da Saúde, Sajid Javid, renunciaram em cartas enviadas ao primeiro-ministrono, nas quais mencionaram a dificuldade de Johnson de comandar um governo que se atenha a padrões éticos.

As renúncias ocorreram enquanto Johnson pedia desculpas pelo que classificou como erro de não perceber que um ex-ministro, encarregado de cuidados pastorais, era inadequado para o cargo no governo, após queixas de má conduta sexual serem registradas contra ele.

Ambos haviam apoiado publicamente Johnson durante meses de escândalo por causa da conduta de seu governo e da publicação de um relatório condenatório sobre festas no escritório e residência de Downing Street, que violaram as regras de lockdown contra a covid-19.

Sunak, que havia supostamente se desentendido com o primeiro-ministro, em particular por causa de uma questão orçamentária, disse: “Para mim, a decisão de renunciar enquanto o mundo sofre as consequências econômicas da pandemia, da guerra na Ucrânia e outros desafios sérios, é uma decisão que não encaro com leveza”.

“Entretanto, o público espera com direito que o governo seja conduzido de maneira apropriada, com competência e seriedade. Eu reconheço que esse pode ser meu último emprego em nível ministerial, mas acredito que vale a pena lutar por essas normas, e é por isso que renuncio”.

Javid afirmou que muitos parlamentares e o público perderam a confiança na habilidade de Johnson de governar em nome do interesse nacional.

“Eu lamento dizer, no entanto, que é claro para mim que essa situação não irá mudar sob sua liderança – e por isso você perdeu a minha confiança também”, disse Javid na carta a Johnson.

O premiê nomeou, nessa terça, Nadhim Zahawi como ministro das Finanças no lugar de Sunak. Zahawi era anteriormente secretário de Educação. (Com Agências)

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra