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Fluxo estrangeiro traz euforia, mas investidor deve buscar proteção

Confira as alternativas de investimento para aproveitar o bom momento da entrada de dólares no País, com mecanismos de proteção

Fluxo de dólares

O Brasil registrou a entrada de 14.7 bilhões de dólares desde o começo do ano, com fluxo positivo em todos os pregões | Foto: Getty Images

Ao olharmos os gráficos abertos nos diversos monitores espalhados pelas mesas de operações, vemos claramente que o Brasil se descolou do mundo, mas desta vez de maneira positiva. Em 2021, por causa de mazelas fiscais e políticas, o Ibovespa apresentou o pior desempenho dentre as bolsas mundiais. Enquanto os mercados internacionais batiam suas máximas históricas, o investidor nacional sofria com os ajustes na economia.

Junto com o ano novo, veio uma enxurrada de capital estrangeiro para o Brasil. Segundo dados da B3, o País registrou a entrada de aproximadamente 14.7 bilhões de dólares desde o começo do ano, sendo que o fluxo foi positivo em todos os 40 pregões de 2022.

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A participação estrangeira, que vinha caindo desde o começo do governo Bolsonaro, voltou aos seus maiores patamares da história. O otimismo do investidor internacional, porém, parece não estar contaminando o brasileiro, que desde o começo do ano já retirou quase 12 bilhões de dólares, sendo 22% de pessoas físicas.

Toda essa entrada de dinheiro está sendo benéfica para o nosso mercado. Até o momento, o Ibovespa é a bolsa com o melhor desempenho do ano (10,5% YTD) e o real vem se valorizando fortemente contra seus pares. Em um mundo de inflação alta, preocupado com os preços das commodities e com uma crise geopolítica sem precedente recente, o Brasil tornou-se um porto seguro e uma ótima alternativa de investimento. Para prosseguirmos com essa discussão e chegarmos ao ponto central desse texto, precisamos analisar os motivos desse otimismo:

  • a) A situação geopolítica do mundo é extremamente complicada. Estamos vivenciando um dos momentos mais críticos da história recente. Toda a incerteza gerada pelos conflitos assusta os investidores que, em busca de proteção, alocam seu capital em metais preciosos, renda fixa e commodities em geral.
  • b) Essa migração de fluxo, aliada aos diversos problemas na cadeia de suprimentos, estão fazendo os preços das commodities explodirem. Veja na imagem abaixo:
  • c) Por possuírem suas economias fortemente ligadas as commodities, os países emergentes são os maiores beneficiados dessas altas.
  • d) E é justamente nessa lista de países emergentes que o Brasil figura como principal aposta mundial. A resiliência mostrada pela bolsa, o baixo valuation das ações e, principalmente, a distância geográfica do centro das tensões geopolíticas são os principais motivos para a escolha.

Pelas razões citadas, a dinâmica do mercado inverteu. Veja abaixo o desempenho da nossa bolsa contra o S&P em 2022:

Não temos como saber se esse movimento de alta continuará nos próximos pregões. Seria ingenuidade da nossa parte tentar prever os próximos acontecimentos da guerra ou se o fôlego dos estrangeiros está próximo de acabar. Não cabe a nós fazer esse tipo de inferência, mas podemos, e devemos, analisar o momento e buscar oportunidades.

Reforçamos a nossa visão construtiva para a bolsa em 2022. Acreditamos que estamos apenas no começo de uma recuperação e que ainda existe muito espaço para valorização. A bolsa está beirando os 116.000 pontos e o sentimento é de bastante euforia por parte dos investidores. Um ótimo alento para os brasileiros que tanto sofreram recentemente.

Porém, não devemos esquecer que o mercado é soberano e precifica os acontecimentos de forma muito rápida. O que hoje é uma qualidade, pode virar um grave problema em questão de segundos. Juntando, então, o clima favorável, os ganhos aferidos recentemente e o conhecimento de que as ações devem ser tomadas antes de qualquer evento especial, sugerimos aos investidores a compra de proteção contra uma eventual correção da bolsa. Por ainda acreditar no potencial do mercado, nossa sugestão é que essa proteção seja comprada com o pagamento de prêmio e não com limitações na alta.

As ideias para investir sem abrir mão da proteção:

1) Compra de uma trava de baixa em BOVA11 com strikes 100%/80% e vencimento para dezembro/22. O investidor paga apenas 4,5% pela proteção de 20%.

2) Compra de uma opção de venda com strike 100%, knockout no 65% e vencimento para dezembro/22. O investidor paga 3,5% e possui 100% de proteção para uma queda de até 35%.

As duas alternativas funcionam como um seguro contra a queda, onde o investidor paga um prêmio para ter o direito a proteção. Como todo seguro, esperamos não utilizar em momento algum, mas sua aquisição deve ser feita anteriormente a qualquer fato relevante. Pelo seu baixo custo inicial, a proteção ganha muita atratividade.

Além da imprevisibilidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e todos os eventos negativos que ela pode trazer para o mundo, um dos grandes pontos que nos inclinam para a compra de proteção é que a escalada da inflação no mundo pode deixar o FED em uma situação delicada. Se por um lado o Powell precisa intensificar o movimento de alta de juros para tentar conter o aumento de preços, por outro, a guerra no leste europeu freia parte de suas ambições e não permite um movimento tão intenso. É possível que o mundo tenha que conviver com a inflação alta por um período maior do que o previsto inicialmente. Esse efeito pode respingar no Brasil e deixar nossos ativos de risco menos atraentes.

Para complementar, ao analisarmos os indicadores técnicos do mercado, esse movimento de compra de proteção faz bastante sentido teórico. Em tempo, investidores institucionais aumentaram a procura por esse tipo de operação nos últimos pregões.

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