Geração de energia solar cresce 120% em 2021
Reajustes das tarifas de energia favorecem o crescimento da geração solar, que já tem mais de 775 mil sistemas instalados no país
03/02/2022A geração solar no Brasil cresceu 120% em 2021, quatro vezes mais que o indicador da geração centralizada de energia no país. O crescimento foi impulsionado pelo alto custo da energia elétrica durante a crise hídrica, que leva muitos brasileiros a buscar soluções que diminuam o valor da conta de luz.
O crescimento também é impulsionado por facilidades de financiamento para equipamentos de geração fotovoltaica. Com a expansão, o Brasil ultrapassou em janeiro a marca histórica de 13 gigawatts (GW) de potência operacional de energia solar em sistemas de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas e terrenos e em grandes usinas centralizadas.
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De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), desde 2012 a fonte fotovoltaica já trouxe ao Brasil mais de R$ 66,3 bilhões em novos investimentos, R$ 17,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 390 mil empregos.
As fontes eólicas e solar subiram 2,9 pontos percentuais (p.p) na composição da matriz da Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE), chegando a 13,4%, indicador que perde somente para a hidráulica, com 56,7%, mostra o Boletim Mensal de Energia.
Um estudo recente do Ministério de Minas e Energia (MME) indica que a Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) ou Demanda Total de Energia Elétrica cresceu 4,7% em 2021. A soma inclui o consumo nos setores econômicos e as perdas na distribuição e transmissão.
A oferta de energia elétrica por gás natural cresceu acima de 50% em 2021, colocando esta fonte em terceiro lugar, com 12,3% (4 p.p acima do indicador de 2020).
Apesar das altas taxas de solar e eólica, as fontes renováveis perderam participação perto de 6 p.p, em razão de um recuo de 9% na geração hidráulica, prejudicada pelo agravamento da seca em 2021.
O Ministério das Minas e Energia destaca que, com 13,4% de participação de eólica e solar, o Brasil já ultrapassa o indicador do bloco da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estimado em 13% para 2021.
Para a demanda total de energia, que inclui a oferta interna e todas as demais fontes e usos de energia, é estimado um crescimento também de 4,7% em 2021, com as fontes fósseis tendo uma recuperação das perdas ocorridas em 2020, principalmente na indústria e transportes. Nesta matriz, as fontes renováveis também perderam participação, em torno de 4 p.p.
Brasil tem grande potencial de geração de energia solar
O potencial de geração de energia solar no Brasil é imenso, mas ainda subaproveitado, principalmente em residências. Isso se explica pelo fato de muitas pessoas não terem noção do que é necessário para transformar tetos ou áreas abertas em pequenas geradoras de energia por meio de placas solares. Algo que, de acordo com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Amaral Shayani, é mais simples do que parece, e cujos benefícios vão além de uma conta de luz menos onerosa.
“A energia solar de uso residencial, que é chamada de geração de distribuída, é boa para o bolso do consumidor. Mas também é boa para o país porque o Brasil é um país em desenvolvimento que vai precisar de muita energia para crescer; e para o mundo, porque protege o meio ambiente, já que não emite gases de efeito estufa”, destaca o engenheiro eletricista em entrevista à Agência Brasil.
Alternativa reduz gastos com a conta de luz
A energia solar pode resultar em diminuição significativa dos gastos com a conta de luz. Segundo Shayani , um investimento entre R$ 12 mil e 15 mil pode reduzir em até 90% a conta de energia.
“A pessoa, então, passa a pagar apenas a parcela mínima, que é o consumo mínimo, uma tarifa de disponibilidade do serviço”. O engenheiro diz diz que o investimento é recuperado em cerca de cinco anos e que o sistema dura de 20 a 25 anos.
A energia solar é também vatajosa para o país, ao ajudar a enfrentar o aumento da demanda de energia. E tambpem favorece o meio ambiente, ao reduzir a necessidade de novas hidrelétricas ou de queima de combustíveis.
A grande vantagem do uso de placas fotovoltaicas é a possibilidade de “devolver” parte da energia consumida para a rede de energia fornecida pela distribuidora local.
Para devolver energia à rede fornecedora, é necessário ter, além do painel solar, um inversor, já que a energia solar gera tensão contínua, e as tomadas das residências usam energia alternada.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil já conta com 775.972 sistemas solares instalados. O custo do equipamento varia de acordo com a cotação do dólar, mas atualmente está entre R$ 12 mil e 15 mil. O investimento é recuperado nos primeiros três ou cinco anos. (Com AE e Agência Brasil)