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Ibovespa encerra março em queda de 2,9% com piora de expectativas

O índice recuou aos 101.882 pontos; no trimestre, a Bolsa perdeu 7,1%, o quarto pior desempenho para o período desde 1995

Painel da bolsa de valores

Ibovespa acumula queda no primeiro trimestre e resultado é o quarto pior desde o Plano Real | Foto: Getty Images

O mês de março foi marcado pela expectativa do mercado em relação às novas regras fiscais que vão substituir o teto de gastos. O Ibovespa teve grande volatilidade e a diferença do melhor desempenho para o pior foi de mais de 9 mil pontos.

A Bolsa chegou a cair ao patamar de 97 mil pontos no pregão do dia 23 de março. Ao final do mês, o índice fechou em baixa de 2,91%, aos 101.882 pontos. Para Cauê Pinheiro, estrategista do Banco Safra, o desempenho ruim do índice em março foi causado pela piora de expectativas de inflação e do saldo de resultados trimestrais que decepcionaram as expectativas.

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Segundo o estrategista, o arcabouço fiscal, anunciado no dia 30, indicou boas intenções do governo, mas com projeção de zerar o déficit ano que vem muito otimista.

“Mas agora o mercado começa a fazer conta e ver se o pacote é viável. Isso porque, o governo atrelou o crescimento da despesa a 70% da evolução da receita, o que pode limitar o aumento dos gastos públicos”, disse Pinheiro, ao analisar o desempenho do mercado durante o programa Radar Safra de sexta-feira.

“O governo está se baseando em crescimento de receita do que corte de gastos, provavelmente terá aumento de impostos para que o plano seja cumprindo. Já falam em tributar jogos de apostas online. O desenho da regra foi interessante, mas sozinho ele não será suficiente para estabilizar a dívida, vai depender de receitas adicionais”, ressaltou.

Entre as maiores altas, a Azul foi o maior destaque de março. A companhia aérea disparou 68,72%, após apresentar um resultado operacional que agradou o mercado.  e a renegociação de sua dívida.

“Azul trouxe resultados operacionais melhores, fez uma reestruturação de dívida e conseguiu aliviar a pressão de curto prazo. A mesma coisa aconteceu com a Gol e com isso o papel subiu”, disse Pinheiro. A Gol ganhou 20,80%.

A Embraer também apresentou desempenho positivo em março, 25,32%. Segundo Pinheiro, a companhia registrou resultados bastante robustos e a perspectiva é de continuidade do bom desempenho para os próximos anos. “A demanda está em alta dado o processo renovação de frotas e boas perspectivas para pedidos por aviões militares.”

EcoRodovias e CCR completam a lista dos melhores desempenhos com altas de 26,34% e 16,47%, respectivamente.

No lado negativo a petroleira 3R Petroleum despencou 19,06%. “O mercado está com receio de que a venda de ativos pela Petrobras possa não ocorrer e a empresa está em vias de adquirir o campo Potiguar”, disse Pinheiro, ressaltando que caso aconteça o negócio as ações podem ser beneficiadas.

Hapvida derreteu 41,5%, após resultados frustrantes e perspectiva de melhora somente a médio prazo, segundo Pinheiro.

“Qualicorp também refletiu resultados ruins, com queda de receita, piora de lucratividade. Assim como a Rede D’or que teve resultado também abaixo da expectativa de mercado, que era otimista”, disse Pinheiro. Qualicorp perdeu 21,20% e Rede D’or caiu 16,87%. Completa a lista a Arezzo, que recuou 14,87%.

No trimestre, o Ibovespa perdeu 7,1%, o quarto pior desempenho para o período desde 1995, conforme dados do Trademap. A maior queda para um primeiro trimestre foi no ano de 2020, quando o índice recuou 36,86%, seguido pelo ano de 1996 com queda de 31,58% e a terceira maior queda nos primeiros três meses foi em 2013, 7,55%.

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