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Inflação de junho aumenta pressão sobre o Federal Reserve

Cresce a expectativa do mercado por alta de 1 ponto percentual nos juros que, somado a outros fatores, pode causar retração na economia americana

Púlpito com logo e bandeira atrás do Federal Reserve, que define os juros pra conter a inflação nos EUA

Na visão do Safra, o aperto monetário e a austeridade fiscal podem fazer com que a economia dos EUA tenha um crescimento negativo em 2023 | Foto: Getty Images

A inflação dos Estados Unidos (CPI) teve variação mensal de 1,32% em junho, a maior alta do índice desde 1980, excetuando o resultado de setembro de 2005.

Metade dessa variação pode ser atribuída à energia, com destaque para as altas de gasolina (11,2%) e gás (8,2%) na comparação mensal, refletindo a alta dos preços internacionais. Já os alimentos tiveram variação de 1% na margem, arrefecendo em relação ao resultado pressionado dos meses anteriores.

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O núcleo do CPI, que exclui justamente esses dois componentes, avançou 0,71% na comparação mensal, um ritmo acima do usual para a inflação do país.

Dado o panorama macroeconômico desafiador, crescer a expectativa do mercado sobre a próxima alta dos juros dos EUA que será promovida pelo Federal Reserve nas reuniões de 26 e 27 de julho.

Em relatório, o Safra projeta um aumento de 0,75 ponto percentual no intervalo da taxa, que está atualmente em 1,50% e 1,75%. Porém, o banco alerta para a possibilidade de aumento de 1 ponto percentual, já disseminada pelo mercado.

Somada a outras medidas para conter a inflação americana, a subida dos juros promovida pelo Federal Reserve pode resultar num crescimento negativo da economia estadunidense em 2023.

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Componentes da inflação e reação do Federal Reserve

Dentre os grupos que formam o CPI, nota-se pressão nos itens relacionados a transportes. Os preços dos carros e caminhões usados teve forte alta desde a eclosão da pandemia e o item continua mostrando inflação elevada na margem, em parte pela dificuldade de as montadoras entregarem carros novos.

Não surpreende, portanto, elevação dos serviços de transporte, como seguros e consertos de automóveis, cujo preço muitas vezes é atrelado ao valor do veículo.

As vendas totais de veículos no segundo trimestre de 2022 foram 5% menores do que no primeiro trimestre. As vendas de veículos novos caíram 17,8% no primeiro semestre comparado com 2021.

As vendas para o ano fechado de 2022 estão projetadas 5% abaixo do nível de 2021 (15 milhões), que ficou 2 milhões abaixo das vendas em 2019 (17 milhões).

Conforme o Safra, a difusão das altas de preços de bens para serviços é preocupante, pois parte dos serviços reflete salários, ou os influencia. É o caso do aluguel, que contribuiu com 0,20 ponto percentual para a alta do CPI de junho, com crescimento de 0,61% na margem.

Como consequência, o núcleo de serviços do CPI atingiu 8,5% na média móvel de três meses anualizada ou 5,5% nos últimos 12 meses.

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O desempenho desfavorável do CPI cria desafios ao Fed, que anunciou no passado que responderia à inflação corrente.

A pressão inflacionária do momento deverá levar o Fed a dar um aumento de no mínimo 0,75 ponto percentual na reunião de julho, com o mercado hoje colocando alta probabilidade de o aumento chegar a 1 ponto percentual, independente da provável acomodação do CPI de julho com a diminuição dos preços dos combustíveis observada nas últimas semanas.

Uma postura mais agressiva do Fed na taxa de juros, junto ao forte aperto das condições financeiras (3 pontos percentuais), a provável apreciação do dólar à frente, a redução do balanço do Fed e a austeridade fiscal, combinam-se para acelerar a freada na economia americana, que pode observar crescimento negativo em 2023.

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