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Federal Reserve indica nova alta de juros de até 0,75 ponto no fim do mês

Na reunião de junho, o Federal Reserve promoveu um aumento de 0,75 ponto percentual no intervalo da taxa de juros, o maior desde 1994

Federal Reserve

Autoridade monetária destacou não poder assumir que as expectativas de inflação permanecerão indefinidamente ancoradas nos Estados Unidos | Foto: Getty Images

O Comitê de política monetária do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, está fortemente comprometido em devolver a inflação ao seu objetivo de 2%. Esse é um dos destaques da ata da última reunião, realizada em junho. Leia a íntegra da Ata do Federal Reserve AQUI.

Para a próxima reunião, em 26 e 27 de julho, o Fed considera que deve ser adequado um aumento dos juros em 0,5 ou 0,75 ponto percentual. A ata mostra que, na avaliação dos dirigentes, o quadro econômico, com inflação bem acima da meta de 2%, exige uma “postura restrita” na política monetária. Os dirigentes admitem que o aperto monetário pode reduzir o ritmo do crescimento da atividade “por um tempo”, mas consideram “crucial” que a inflação retorne à meta, a fim de que se possa conseguir máximo emprego “em uma base sustentada”.

Ao avaliar o quadro recente nos mercados, o Fed aponta que a trajetória implícita para os juros nos EUA avançou também nos horizontes mais longos. “Os participantes do mercado notaram incerteza elevada sobre a perspectiva econômica e da política monetária”, afirma ainda a ata.

Saiba mais

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) avaliam que, segundo indicadores recentes, o Produto Interno Bruto (PIB) estava crescendo nos Estados Unidos no segundo trimestre, com o consumo “seguindo forte”. A avaliação está na ata da reunião de política monetária mais recente do Fed, publicada nesta quarta-feira, 6.

Os dirigentes em geral veem ainda uma desaceleração aparente nos investimentos em ativos fixos da empresa, bem como uma perda de fôlego no setor imobiliário. Esta última reflete uma “forte alta” nos juros para hipotecas no país, aponta a ata.

A atividade “parece ter ganhado fôlego”, acreditam os dirigentes, após a perda de fôlego vista no primeiro trimestre. Os ganhos de empregos, por sua vez, têm sido “robustos” nos últimos meses, com a taxa de desemprego mantendo-se “baixa”.

A ata lembra que, a partir de suas avaliações, os dirigentes revisaram em baixa suas projeções para o crescimento do PIB dos EUA neste ano, como já publicado anteriormente nas projeções atualizadas do Fed. Para os dirigentes, problemas atuais nas cadeias de produção e condições financeiras “mais restritas” afetam o quadro. Os dirigentes veem ainda “desequilíbrio entre oferta e demanda em uma série de mercados”, o que contribui para a pressão de alta sobre a inflação.

Para Marcelo Oliveira, fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, a ata do Fed sai com olhar retrovisor, já que o cenário mudou com o recuo das commodities, tanto de energia, metais e, principalmente, agrícolas.

“Esse recuo, influenciado pelo medo da recessão, deve tirar a pressão da inflação alta. Por isso, estamos vendo o dólar se fortalecer e as commodities perdendo valor, além da taxa de 10 anos americana ficando mais baixa. A ata não cita nem reflete essa virada da recessão, já que a reunião do FED foi há 3 semanas e antes do cenário se modificar. Como a ata reflete o passado, não houve impacto nas bolsas”, comenta o especialista.

Segundo ele, Na ata os dirigentes do Fed se mostram muito preocupados com os riscos de alta da inflação. Tanto que estão considerando elevar os juros, se necessário, para uma direção mais restritiva. Porém, deixaram aberto que devem elevar os juros em 50 ou 75 pontos.

A ata aborda a preocupação com a guerra na Ucrânia, lockdowns na China que podem intensificar problemas na cadeia de produção e reforçam que continuam monitorando inflação a risca. E deixam claro que, devido às perspectivas de inflação terem se deteriorado, agiram de forma mais firme elevando os juros na última reunião em 75 pontos.

“O problema todo é que é uma ata que reflete o passado. O cenário mudou. O mercado precifica uma recessão agora. O que vemos é que o FED já tem espaço para ser mais frouxo no aperto monetário. A curva já não mostra uma alta de 75 pontos, mas sim de 50 pontos. O problema agora são os dados pela frente que vão fazer preço. Agora, a preocupação do mercado é o que o FED irá fazer para evitar esse cenário de recessão nos EUA nos próximos meses”, afirma Marcelo Oliveira.

Na sua última reunião o Fed decidiu apertar ainda mais a política monetária foi tomada com base no cenário macroeconômico desafiador vivido pelos EUA, principalmente sobre a inflação, que está no maior patamar em 40 anos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mede o aumento de preços nos EUA, avançou 1% em maio ante abril.

Na comparação anual, o CPI deu um salto de 8,6% no mês passado, no maior nível desde dezembro de 1981. Em abril, o índice já havia registrado ganho de 8,3%.

A meta da escalada de preços a ser perseguida pelo Federal Reserve é de 2% ao ano.

Ata do Fed justifica o terceiro aperto consecutivo dos juros nos Estados Unidos

Na reunião de junho, o Fed promoveu um aumento de 0,75 ponto percentual no intervalo da taxa de juros, o maior desde 1994. A medida veio para tentar conter a mais alta da inflação em 40 anos no país. O aumento foi o terceiro consecutivo promovido pela autoridade monetária e representa a maior elevação dos juros americanos desde 1994.

Além disso, o Fed indicou ainda que aumentos futuros da mesma magnitude “serão apropriados”. A próxima reunião do Fomc – comitê do Fed que define o intervalo da taxa de juros – acontecerá em julho. A íntegra da decisão pode ser lida neste link.

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