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Inflação global cai, mas continua acima da meta em quase todas as economias

Inflação global cai de 11,6% ao ano no segundo trimestre do ano passado para 5,3% no mesmo período de 2023, segundo relatório do FMI

FMI

O FMI também comenta que os preços de alimentos diminuíram modestamente em 2023, com procura reduzida, compensada pela diminuição na oferta | Foto: Getty Images

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que a inflação global caiu para 5,3% no segundo trimestre deste ano, na comparação anual, ante os 11,6% presenciados no segundo trimestre de 2022. O núcleo da inflação também registrou decréscimo, caindo a 4,9% no trimestre encerrado em junho deste ano, ante um pico de 8,5% registrado em 2022, sempre ante iguais períodos do ano passado. A avaliação sobre o quadro está no Relatório Perspectiva Econômica Mundial, divulgado nesta terça-feira.

“Mesmo que os bancos centrais tenham tomado medidas decisivas, a inflação permanece acima da meta em quase todas as economias com uma meta de inflação”, analisa o FMI, ao afirmar que, nos EUA, a luta contra a inflação tem sido rigorosa principalmente devido à resiliência do mercado de trabalho local.

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A pesquisa pontua que a queda da inflação foi puxada pela baixa nos preços de energia globais, com os preços do petróleo bruto diminuindo durante 2023. O valor do barril da commodity caiu diante de menor procura mundial, “parcialmente afetada por uma política monetária global mais restritiva, que reduz a atividade”, afirma o FMI no relatório. Além disso, o Fundo pondera que parte dos esforços da Organização dos Países Exportadores de Petróleo em reduzir a oferta tem sido contrabalançada pelo avanço na oferta por parte dos países que não são integrantes do cartel, como os Estados Unidos.

Desaceleração da demanda compensa queda na oferta de alimentos, diz FMI

O FMI também comenta que os preços de alimentos diminuíram modestamente em 2023, com procura reduzida, compensada pela diminuição na oferta. Além disso, a normalização da cadeia de fornecimento ajudou a reduzir o núcleo da inflação. O FMI espera que o preço do barril de petróleo termine 2023 em uma média de US$ 80,5 o barril, e continue caindo até uma média de US$ 72,7 em 2026, diz o Fundo no Relatório Perspectiva Econômica Mundial.

Segundo análise do fundo, as restrições à oferta da commodity têm contido a queda nos preços, mas eles permanecem em níveis muito mais baixos do que há um ano. Quanto aos metais básicos, a expectativa é que os preços continuem a recuar, influenciados por uma queda na demanda global, sobretudo no setor de construção chinês. A projeção do FMI é que os preços dos metais básicos caiam em média 4,7% em 2023 e 7,1% em 2024.

Para a instituição, a projeção é que os preços de gás natural liquefeito (GNL) sigam caindo até um ponto de equilíbrio, já que houve redução da demanda enquanto países aumentavam suas reservas.

O FMI revisou para baixo suas projeções para o crescimento da China, observando que a aceleração econômica do gigante asiático está arrefecendo. O movimento ocorre depois da disparada no início do ano, relacionada à reabertura da economia no pós-pandemia, apontou a instituição no Relatório Perspectiva Econômica Mundial, divulgado nesta terça-feira, 10.

Indicadores sugerem que haverá um enfraquecimento ainda maior à frente, sendo a crise do setor imobiliário o principal fator pressionando o crescimento atualmente, diz o documento. O FMI prevê avanço do Produto Interno Bruto (PIB) chinês de 5,0% em 2023 e de 4,2% em 2024. No relatório de julho, as previsões eram 0,2 e 0,3 pontos porcentuais maiores, respectivamente.

Crise na China reduz preço sobre inflação global

“A Country Garden – a maior incorporadora imobiliária da China e uma das principais beneficiárias de apoio governamental – enfrenta um grave estresse de liquidez, um sinal de que a crise imobiliária está se espalhando para incorporadores mais fortes, apesar das medidas de flexibilização das políticas”, comentou o FMI, no documento. “Enquanto isso, o investimento imobiliário e os preços da habitação continuam a diminuir, pressionando as receitas dos governos locais provenientes da venda de terrenos e ameaçando as já frágeis finanças públicas.”

A turbulência no setor, somada às incertezas no mercado de trabalho, pesam sobre o consumo na China, segundo a instituição. O FMI observa que a confiança do consumidor continua fraca, assim como a produção industrial, o investimento empresarial e as exportações seguem arrefecendo, “refletindo uma combinação de demanda estrangeira em declínio e incertezas geopolíticas”.

A extensão da desaceleração chinesa dependerá da reação de política do governo, ponderou o FMI. “Para ser eficaz, a resposta terá de preservar a estabilidade financeira, acelerar a reestruturação de incorporadoras em dificuldades, facilitando a conclusão de projetos de habitação, e resolver a crescente tensão nas finanças de governos locais, o que ajudaria a restaurar a confiança das empresas e dos consumidores”, detalhou a publicação.

A instituição disse ainda que o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) ainda tem algum espaço para relaxar a política monetária, dada a falta de pressões inflacionárias. Ao mesmo tempo, os gastos fiscais podem ser reorientados em direção aos gastos, com multiplicadores fiscais mais altos, mantendo a postura fiscal neutra no geral.

Exportadores de commodities e países que são parte da cadeia de suprimento industrial da Ásia são os mais expostos à falta de ímpeto na China, afirma a publicação. Ao mesmo tempo, caso preocupações com a estabilidade financeira chinesa piorem, outros mercados emergentes podem ser impactados através de volatilidade de taxas de câmbio e desestabilização dos fluxos de capital, adverte o FMI.

PIB do Brasil é revisado para 3,1% em 2023

O FMI fez nova elevação para o desempenho do Brasil neste ano e vê a economia crescendo 3,1% ante 2,1% anteriormente. Se o organismo estiver certo, o primeiro ano da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será melhor do que o último do governo de Jair Bolsonaro. Em 2022, o País cresceu 2,9%.

“A revisão em alta para 2023 desde julho reflete um crescimento mais forte do que o esperado no Brasil, impulsionado pela agricultura dinâmica e serviços resilientes no primeiro semestre de 2023”, justifica o FMI. O consumo também permaneceu forte, apoiado por medidas de estímulo fiscal, acrescentou.

O FMI também melhorou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2024, mas ainda assim vê a economia crescendo menos. O Fundo espera que o País apresente avanço de 1,5% contra alta anterior de 1,2%. As novas projeções constam no relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça, às margens das reuniões anuais do Fundo, em Marrakesh, no Marrocos.

O cenário desenhado pelo FMI coloca o Brasil em ritmo superior ao do crescimento esperado para a economia global neste ano, mas abaixo do previsto para países emergentes e em desenvolvimento, de 4%. Economias como China, Índia e México devem crescer em ritmo superior ao do Brasil, na visão do Fundo. No longo prazo, o País deve seguir crescendo de forma tímida. O Fundo prevê alta de 2,0% do PIB local em 2028.

Inflação e desemprego

O FMI espera que a inflação no Brasil também melhore em 2023, para 4,7%. No ano passado, foi de 9,3%. E essa é a tônica à frente. Na visão do Fundo, a inflação brasileira deve se reduzir ainda mais em 2024, para 4,5%.

“A recente decisão do Brasil de adotar uma meta contínua (em vez de ano-calendário) de inflação de 3% a partir de 2025 é um exemplo concreto de uma melhoria na eficácia operacional e na estratégia de comunicação, ajudando a reduzir a incerteza e a aumentar a eficácia da política monetária”, diz o FMI, no relatório.

Segundo o Fundo, a política monetária adotada pelo Brasil é consistente com a convergência da inflação. O BC brasileiro foi um dos primeiros a cortar os juros, ao lado de Chile e Uruguai. Isso foi possível conforme o Fundo, porque o órgão começou a fazer o trabalho de combate à inflação mais cedo.

Já a taxa de desemprego do Brasil deve ficar em 8,3% neste ano contra 9,3% em 2022. Para 2024, o Fundo espera que melhore um pouco mais, para 8,2%.

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