Impacto da inteligência artificial no trabalho equivale à descoberta da máquina a vapor

O diretor de estratégia econômica e de relações com mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, destaca o debate sobre a tecnologia de inteligência artificial como um dos mais importantes no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

Levy afirma que a grande discussão é sobre o impacto da inteligência artificial generativa (capaz de produzir textos e imagens) no mercado de trabalho. “Trata-se de uma ferramenta extremamente poderosa, e a concentração de poder de mercado nas mãos de poucos fornecedores levanta preocupações quanto a aspectos relativos à privacidade e falta de concorrência”, afirma em entrevista ao programa Papo de Especialista, disponível no canal do Banco Safra no Youtube.

“Quando se aumenta a quantidade de dados para alimentar a inteligência artificial, os resultados melhoram muito, o que significa que as empresas mais poderosas terão cada vez mais poder, e isso pode aumentar ainda mais a concentração do mercado, com impacto direto na economia global e implicações muito fortes na vida de todos nós”, afirma Joaquim Levy.

Ele destacou o estudo do Fundo Monetário internacional (FMI), que alertou sobre o impacto da tecnologia de inteligência artificial no mercado de trabalho. Segundo o FMI, cerca de 40% dos empregos em todo o mundo devem ser afetados, sobretudo nas economias avançadas.

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Impacto da inteligência artificial é comparável à descoberta das máquinas a vapor

“Trata-se de um salto tecnológico gigantesco, comparável a outros do passado como o desenvolvimento das máquinas industriais movidas a vapor ou a carvão”, comenta Levy. A diferença é que no passado o impacto foi no trabalho físico, e agora é no trabalho intelectual.

A criação do motor a vapor fomentou o desenvolvimento de locomotivas a vapor e ferrovias, que também foram muito importantes para a revolução industrial, a partir de 1760, com a transição de métodos de produção manual para máquinas diversas.

“Como no passado, a concentração e o controle dos meios de produção pode ter um efeito muito grande sobre a remuneração do componente de trabalho”, afirma o diretor do Banco Safra. Ele cita o ChatGPT, que pode fazer em segundos o trabalho de vários pesquisadores, por exemplo.

“Em alguns casos, a tecnologia tem efeitos positivos, como nos Estados Unidos, onde a falta de mão de obra para preencher as vagas disponíveis pressiona os salários, e a inteligência artificial pode ajudar a resolver a pressão inflacionária que o país enfrenta”.

Ele ressalta, porém, que existem muitas questões em aberto sobre o uso da inteligência artificial, e a grande preocupação é com as estimativas sobre o tamanho do impacto nas economias, além de aspectos como concentração, transparência e desinformação.

Transição energética

Sobre a questão das energias renováveis, outro tema em destaque em Davos, Levy afirma que o mundo enfrentou um grande retrocesso por causa da guerra da Ucrânia, que elevou os custos da energia e favoreceu o crescimento do consumo de carvão na China e na Índia. “Hoje o carvão é hoje a maior fonte de emissões de gás carbônico”, afirmou.

“Temos aspectos bons, mas ainda há pontos de preocupação, principalmente pelo fato de que o crescimento das emissões de carvão já representa o equivalente todas as emissões da Amazônia”, afirma Joaquim Levy.

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