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Lucro do BB tem alta de 63%; confira as análises dos balanços em destaque

Inadimplência no balanço do BB veio acima das estimativas do Safra. A BRF reportou resultados fracos. Confira as análises dos especialistas do Safra

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Especialistas do Safra analisam os resultados dos balanços financeiros das empresas e divulgam projeções | Foto: Getty Images

O lucro do Banco do Brasil ajustado foi de R$ 8,4 bilhões no trimestre, acima da estimativa do Banco Safra. A inadimplência também ficou acima da expectativa. Confira os detalhes abaixo e também o resumo dos principais balanços das empresas analisadas pelo Safra:

Banco do Brasil: resultados fortes, com revisão do Guidance para cima

O Banco do Brasil apresentou bons resultados, com bom desempenho na maioria das principais linhas. O lucro líquido ajustado atingiu R$ 8,4 bilhões no trimestre (LPA de R$ 2,93), +63% A/A e 6% acima da estimativa do Banco Safra. Com isso, o ROAE se manteve acima do benchmark de 20%, atingindo 21,3%. O BB também revisou seu guidance, sugerindo ganhos mais fortes para o ano (R$ 31,5 bilhões vs. R$ 28,5 bilhões antes, considerando o ponto médio). Do lado negativo, o índice de inadimplência aumentou acima das estimativas do Safra, principalmente devido à deterioração no segmento de Pessoas Físicas, parcialmente compensada pelo baixo índice do Agronegócio.

Taesa: resultados do 3T22: resultados globais em linha com as expectativas. Distribuição de dividendos e juros somam até 2,7% de rendimento

A Taesa reportou um EBITDA regulatório de R$ 498 milhões (+18% A/A), 2,1% abaixo das estimativas do Safra e 4,6% abaixo do consenso. O resultado final foi de R$ 374 milhões (+95% A/A), 7,9% acima das estimativas do Safra e 19% acima do consenso. A empresa também anunciou distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio no valor de R$ 1,06/unit, dividend yield de 2,7%, data ex em 16 de novembro de 2022. Esperamos uma reação levemente positiva do mercado principalmente por conta da distribuição de dividendos.

Rede D’Or: 3T22 sólido em alta ocupação, maior ticket e expansão de margem

O EBITDA ajustado ficou 8% acima da projeção e +3% vs. consenso. A Rede D’Or apresentou resultados sólidos no 3T22, impulsionados pelo crescimento da receita líquida e melhorias recorrentes nas margens. Na visão do Safra, dois destaques foram: (i) taxa de ocupação de 79,5%, 209bps acima da sazonalidade histórica para um 3T; e (ii) aumento de 5% no tíquete médio trimestral, superando nossa estimativa em 2%. O Safra acredita que esses resultados devem restabelecer a confiança do mercado de que a Rede D’Or está no caminho certo para um crescimento sólido com melhoria da rentabilidade. O Safra tem uma classificação de Compra para RDOR3, pois vê essas ações de crescimento de alta qualidade sendo negociadas com um valuation atraente de 25,4x P/L 2023.

Minerva: bom 3T22 devido ao forte crescimento da receita líquida e melhores margens

O LPA ajustado de R$0,59 foi +51% A/A e 27% acima das estimativas do Safra. A Minerva reportou lucros sólidos no 3T22 com forte crescimento de receita devido a uma demanda global aquecida, especialmente da China. Atualmente, o Minerva está se beneficiando do ciclo positivo do gado no Brasil, o que lhe permite atender à robusta demanda global por meio de uma crescente disponibilidade de animais e expansão de suas margens. Devido a esse cenário positivo e a um valuation atraente da ação de 4,6x EV/EBITDA 2023, o Safra mantém o rating de Compra para BEEF3.

SulAmérica: 3T22 bom com crescimento de receita, melhorias de sinistralidade e despesas gerais, com vendas e administrativas (SG&A)

O resultado ajustado de R$ 50 milhões ficou 27% acima do ano anterior e 27% acima das estimativas do Safra. A SulAmérica apresentou resultados acima do esperado no 3T22, com crescimento de receita em linha com as expectativas e despesas de vendas, gerais e administrativas e resultados financeiros acima do esperado. Segundo a análise do Safra, a melhora de 139bps T/t na sinistralidade é uma indicação crucial de que o negócio está caminhando para a normalização, embora o número tenha ficado acima da previsão. O Safra espera que os aumentos de preços continuem contribuindo para essa melhora nos próximos trimestres. Além disso, espera que a combinação de negócios com a Rede D’or fortaleça ainda mais o modelo de negócios da empresa combinada, levando à manutenção do rating de Compra para SULA11.

Alupar – Resultados 3T22: No geral em linha com as expectativas

A Alupar reportou EBITDA regulatório de R$ 629 milhões (+10,3% A/A), 0,7% abaixo das estimativas do Safra e 3,7% abaixo das estimativas consensuais. O resultado final foi de R$ 146 milhões (+89% A/A), 2,7% acima das estimativas do Safra e 13,9% abaixo do consenso. O Safra espera uma reação neutra do mercado, uma vez que os resultados ficaram em linha com as estimativas.

Carrefour: trimestre sem surpresas

O Carrefour apresentou um 3T22 sem grandes surpresas com um EBITDA de R$ 1,7 bilhão, em linha com as estimativas do Safra e 14% acima do ano anterior – excluindo a contribuição do Grupo BIG, o crescimento anual foi de 8%. A margem EBITDA foi pressionada pela maior participação do varejo nas vendas do Carrefour de forma separada (-40bps) e pela consolidação do BIG (-105bps), atingindo 6,4% vs 7,8% no 3T21 e a estimativa do Safra de 6,1%. A CRFB já havia antecipado o desempenho de vendas do 3T que ficou 4% abaixo das estimativas do Safra, pois o desempenho positivo do varejo (+7%) foi compensado pelo Cash & Carry (atacarejo) abaixo do esperado (-6% vs Safra) e Gasolina (-16% vs Safra) vendas. As vendas do Grupo BIG também ficaram um pouco abaixo das estimativas do Safra, -5%. O resultado pressionado pela maior alavancagem e taxas de juros em alta atingiu R$ 323M, 50% abaixo do ano anterior e 7% abaixo das estimativas do Safra. O banco reitera o rating Neutro e preço-alvo de R$ 20,5/ação, pois vê as ações bastante valorizadas negociando a um P/L ’23 de 17x.

Ultrapar: Resultados acima do esperado em todos os segmentos

A Ultrapar apresentou resultados sólidos no 3T22 impulsionados por maiores volumes em todas as divisões de negócios e resultados operacionais mais fortes na Ultragaz e na Ultracargo. O EBITDA ajustado das operações continuadas de R$ 890 milhões superou a estimativa do Safra em 10%, em grande parte explicado por resultados acima do esperado tanto na Ipiranga quanto na Ultragaz. Na Ipiranga, os preços ficaram acima do previsto, provavelmente indicando que o repasse das reduções de preço ocorreu em um ritmo mais lento do que o esperado, levando a margem EBITDA unitária da Ipiranga para R$ 80/m3 vs. a expectativa do Safra de R$ 72/m3. Na Ultragaz, a margem bruta de 15% foi 0,8 pp superior à projeção do banco.

MRV & Co: 3T22 fraco, melhores perspectivas à frente

A MRV & Co divulgou resultados abaixo do esperado no 3T22. O ambiente inflacionário mais pesado continua pressionando significativamente a margem bruta da MRV Brasil, que permaneceu estável em 18,9%, enquanto a ausência de vendas de sua subsidiária americana Resia (antiga AHS) contribuiu para os números financeiros abaixo da média. Ainda assim, o Safra acredita que os resultados do 3T22 devem ser um ponto de inflexão, já que as maiores margens de suas novas vendas (28%) começam a ganhar mais representatividade em seu desempenho enquanto a empresa continua adotando uma postura mais rígida na elevação do preço de venda para recuperar a lucratividade. No geral, os lançamentos da MRV & Co representaram R$ 1,8 bilhão em VGV líquido (-14% T/t e -15% A/a), enquanto suas vendas líquidas atingiram R$ 1,5 bilhão no 3T22, representando uma redução de 44% T/t e 27% A/a, refletindo Novo mix de produtos da MRV Brasil em meio ao ambiente de inflação mais pesada, resultando em um aumento de +6% T/T e +15% A/A no preço médio de venda. Enquanto isso, suas vendas líquidas foram prejudicadas ainda mais pela ausência de vendas da Resia, que vendeu 2 empreendimentos no último trimestre por R$ 955 milhões. Por fim, a empresa registrou uma queima de caixa já divulgada de R$ 1,2 bilhão, com Resia representando ~80% do valor. Vale lembrar que a dívida da Resia não faz parte do covenant da empresa, enquanto a empresa espera vender um empreendimento no 4T22, com impacto positivo em sua geração de caixa.

Porto: tendências positivas para a divisão auto, mas ainda com espaço para melhorias nas restantes divisões

As tendências nos resultados do 3T22 do Porto foram positivas, com uma melhoria acentuada em relação ao trimestre anterior, apesar de estarem abaixo das expectativas otimistas do Safra. Os destaques positivos foram o Auto, a evolução ainda forte do faturamento e a normalização da sinistralidade mais evidente. Como resultado, a Porto Seguro reportou um lucro líquido ajustado de R$ 273 milhões, 32% acima do trimestre anterior (mas um pouco abaixo dos números do Safra), representando um ROAE de 11%. No futuro, o Safra continua otimistas, pois a força do prêmio emitido de seguro de automóveis deve se traduzir em menor sinistralidade para os próximos trimestres, considerando que os preços de automóveis se estabilizaram. O Safra espera que os resultados do Porto melhorem sequencialmente daqui para frente.

Lavvi: desempenho operacional mais fraco compensado pela expansão da margem bruta

Os números operacionais da Lavvi no 3T22 não foram inspiradores, pois a empresa teve uma atividade de lançamentos reduzida, com vendas de seus lançamentos abaixo dos padrões históricos. No entanto, a pressão de custos sofrida no trimestre anterior foi atenuada, permitindo que a empresa recuperasse com sucesso parte de sua margem, o que, combinado com sua posição de caixa substancial, resultou em sólidos resultados financeiros. Em poucas palavras, o único lançamento da Lavvi “Grand Square” representou R$ 240 milhões em VGV (-62% T/t e -27% A/a), e encerrou o 3T22 com apenas 20% vendido, um desempenho modesto que a empresa atribuiu às incertezas trazidas pela eleição presidencial e ao ambiente altamente competitivo naquela região específica. Enquanto isso, a empresa teve uma desaceleração significativa em seu desempenho de vendas, com vendas líquidas atingindo R$ 83 milhões (-77% T/t e -31% A/a), impulsionado principalmente pelo desempenho de lançamentos abaixo do esperado e maiores distratos, atingindo 20% das vendas brutas ( +13p.p A/A e +18p.p T/t). Vale destacar que 43% das unidades já foram revendidas no trimestre. Assim, seu índice de velocidade de vendas trimestral caiu 11% (-25p.p. T/t e -16p.p. A/a). Além disso, a empresa encerrou o 3T22 com R$ 808 milhões em estoque, sendo 92% de empreendimentos lançados desde 2021 e apenas 1% de estoque finalizado. Por fim, a Lavvi também fez importantes adições ao seu landbank, que encerrou o trimestre em R$ 3,3 bilhões, com a aquisição de 45% do empreendimento Éden West Park (R$ 2 bilhões VGV 100%) e um terreno na Barra Funda (R$ 270 mn VGV 100%) para um projeto do Programa CVA, contribuindo para a diversificação do portfólio da empresa.

Moura Dubeux: Lucro recorde

Moura Dubeux apresentou um 3T22 positivo. O excelente desempenho operacional se traduziu em sólidos resultados financeiros seguidos por uma expressiva expansão da margem líquida, que compensou a pior margem bruta reportada, atribuída principalmente a um impacto não recorrente no negócio condominial.

Simpar: 3T22 – maior despesa financeira prejudicando resultado operacional

A Simpar apresentou um resultado fraco no 3T22, com maiores despesas financeiras compensando o bom desempenho operacional de suas subsidiárias Vamos e JSL, levando a uma queda de 92% A/A em seu resultado final, para R$19 milhões. O desempenho operacional da empresa foi positivamente influenciado pelo crescimento de 74% A/A da receita líquida, explicado por: (i) aumento de 78% A/A nas receitas de serviços, resultado da consolidação da UAB Motors e Autostar (somente em setembro) nos resultados do 3T22 da Automob e o bom desempenho de Vamos (VAMO3) e JSL (JSLG3); e (ii) aumento de 62% A/A na receita de vendas de ativos, com o aumento contínuo dos preços dos veículos. O EBITDA da empresa aumentou 66% A/A, no entanto, o aumento de 79% A/A do CPV e o aumento de 73% A/A das despesas gerais, administrativas e com vendas (SG&A) levaram a uma queda de 309bps em sua margem EBITDA.

Fras-Le: 3T22 – ótimos números operacionais traduzidos em maiores margens

A Fras-le divulgou mais um ótimo resultado para o 3T22, mas esperado, com lucro líquido de R$ 67 milhões, -13% A/A. No entanto, a comparação A/A foi prejudicada por itens tributários não recorrentes de R$ 23 milhões no 3T21, e excluindo este efeito, seu lucro líquido teria crescido 19% A/A. O ótimo desempenho da Fras-le foi marcado por dados fortes em todos os lugares. Na frente operacional, sua receita líquida aumentou 25% A/A, relacionada a: (i) aumento de 25% A/A em sua receita doméstica, explicado principalmente pela expansão de 23% A/A nas receitas de pós-venda mais o aumento de 39% A/A em suas receitas de OEM; e (ii) aumento de 26% A/A em suas receitas no mercado externo como resultado de maiores receitas de pós-venda e OEM’s, aumentando 25% A/A e 37% A/A, respectivamente. No entanto, mesmo com o aumento de 25% A/A em seu CPV, explicado principalmente pelos maiores preços de matérias-primas e custos de mão de obra, seus fortes números de receita foram traduzidos em um aumento de 200bps em sua margem bruta, uma vez que a Fras-le conseguiu repassar os custos da inflação para seus preços no trimestre e começa a colher os benefícios das sinergias entre suas unidades de negócios.

BRF: fraco 3T22

O EBITDA ajustado ficou 10% abaixo da projeção do Banco Safra. A BRF reportou resultados fracos no 3T22 na visão do Safra (embora superando o consenso), com um descompasso entre aumentos de preços e custos mais altos (como grãos e transporte) levando a pressões de margem. Embora uma ligeira melhora sequencial na divisão Brasil seja bem-vinda, a magnitude e o ritmo de recuperação das margens ainda são modestos e o ambiente macroeconômico continua bastante desafiador, com os salários reais sob pressão. O Safra mantém classificação de Compra para BRFS3, pois espera uma melhora sequencial nas margens, uma vez que os aumentos de preços devem superar os custos.

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