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Mais de 60% das pequenas indústrias de SP arcam conta de luz mais cara

Dados do sindicato da categoria mostram que 62% pagaram pelos sucessivos aumentos no preço da energia no 1º semestre

Foto de pequena indústria cervejeira que usa muita energia, com tanque de malte em destaque

Um quarto das empresas gasta mais de 10% do que fatura apenas com a conta de luz | Foto: Getty Images

O encarecimento da energia elétrica pesou no bolso do setor produtivo no primeiro semestre de 2021: 62% das micro e pequenas indústrias paulistas relataram em junho terem arcado com aumentos sucessivos na conta de energia elétrica ao longo deste ano.

Em maio, a proporção de empresas afetadas por esse problema era de 51%, segundo levantamento do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi).

O resultado deve ainda ser pior em julho, quando as empresas passaram a pagar mais pela cobrança extra decorrente do reajuste na bandeira tarifária patamar 2.

Faturamento das indústrias comprometido com a energia

Um quarto das empresas gasta mais de 10% do que fatura apenas com a conta de luz.

O estudo mostra que 7% das pequenas indústrias gastam mais de 20% do faturamento com a conta de energia elétrica.

Uma fatia de 18% compromete entre 11% e 20% do faturamento com a energia elétrica.

Enquanto isso, 69% das empresas gastam até 10% do que faturam com esse mesmo fim.

“O cenário é muito ruim. Se chegar, nós esperamos que não chegue, a novos aumentos de energia, isso vai aprofundar mais a inflação, isso vai aprofundar mais a perda de poder aquisitivo da sociedade, porque os salários não acompanham nem a inflação que passou e que está sendo causada por essa elevação de energia elétrica. Se houver o desabastecimento e o racionamento, as consequências serão piores ainda”, disse Joseph Couri, presidente do Simpi.

Cenário de falta de energia

Segundo o estudo do Simpi, 59% das indústrias seriam obrigadas a parar totalmente a produção em caso de falta de energia elétrica e outros 23% dos entrevistados teriam que paralisar parte da produção.

Apenas 17% dos industriais paulistas não dependem dessa fonte de energia para produzir e continuariam funcionando normalmente.

Num cenário de imposição de racionamento de energia pelas autoridades, oito em cada dez empresas avisaram que teriam prejuízo: em 48% das micro e pequenas indústrias, haveria muito prejuízo, enquanto que em 31% haveria pouco prejuízo.

Os 20% restantes afirmam que não seriam prejudicados, entre eles, os que usam outra fonte de energia na linha de produção.

Para Joseph Couri, a pesquisa demonstra o prejuízo que a crise hídrica impõe ao setor industrial e à economia justamente num momento que deveria ser de retomada de negócios e normalização das atividades impulsionadas pelo avanço da imunização da população brasileira contra a covid-19.

Ele alerta que as empresas que não conseguirem reajustar os preços de seus produtos para repassar a elevação de custos dos sucessivos aumentos na conta de luz “estarão aprofundando seus prejuízos e correndo risco de insolvência”.

“Agora estamos no seguinte dilema: o seu custo sobe, mas a sua capacidade de repassar esses preços não acompanha a velocidade da tarifação de energia elétrica. Dia tal subiu e pronto, e você não tem o que fazer, ou paga ou tem um corte de energia”, relatou Couri.

Em junho, 69% das empresas paulistas relataram alta significativa de custos de produção, o que inclui o gasto com matérias-primas, água e energia elétrica.

A melhora na segunda onda da pandemia e o avanço da imunização da população contra a covid-19 já elevaram o porcentual de empresas industriais paulistas funcionando normalmente.

Em junho, pela primeira vez desde o início do ano, mais da metade delas (52%) tinha voltado plenamente com suas atividades, enquanto 26% ainda permaneciam com uma parte da produção paralisada.

Outras 15% afirmam que a maior parte das atividades estão paradas, e 6% ainda não retomaram suas atividades. (AE)

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