close

Minério e petróleo seguram Ibovespa em dia de cautela global

Após cair à mínima de 107,1 mil pontos, Ibovespa se recupera em meio a tensões na Ucrânia e expectativa com a reunião do Fed

petróleo

Petróleo tende a beneficiar as ações da Petrobras, mas traz riscos inflacionários | Foto: Getty Images

Depois de cair à mínima aos 107.185,38 pontos (-0,70%), o Ibovespa mudou de direção, na faixa dos 108 mil pontos na manhã desta terça-feira, com ajuda da alta do minério de ferro e do petróleo.

“O que está segurando o Ibovespa são as commodities”, resume Victor Hugo Israel, especialista de renda variável da Blue3. Ele lembra também que o índice também está “descontando” em relação a seus pares.

Saiba mais

O especialista explica que enquanto a maioria dos bancos centrais mundiais estão no caminho de normalização de suas políticas monetárias, a China segue estimulando sua economia, o que tende a exigir maior demanda por commodities e beneficiar o Brasil, que é um dos principais parceiros do país.

No entanto, o pregão deve ser marcado por volatilidade, principalmente à tarde, quando começa a reunião do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. “Ninguém espera alta agora, mas que sinalize aumento de 0,25 ponto em março”, diz.

Às 13h, o Ibovespa subia 0,22%, aos 108.179 pontos, ante máxima aos 108.252 pontos (alta de 0,29%), após mínima aos 107.185 pontos (-0,70%).

Volatilidade do Ibovespa reflete  cautela global à espera do Fed

“O mercado está bastante cauteloso, à espera do Fed. É o principal driver da semana. Quer ter pistas sobre qual será o ritmo de alta dos juros nos EUA: se serão três, quatro ou cinco elevações, e ver se darão sinais sobre o balanço patrimonial”, completa Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest.

Apesar da alta do Ibovespa, o cenário é de cautela, em meio ao quadro de apreensão de investidores que esperam a decisão de política monetária dos Estados Unidos, amanhã. Os mercados ainda acompanham os desdobramentos das tensões geopolíticas, diante de uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia, e os resultados corporativos do quarto trimestre, informados esta manhã nos EUA.

O petróleo testa alta, ajudando o Ibovespa, que ontem fechou em queda de 0,92%, aos 107.937,11 pontos. Porém, o impasse da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis continua no radar e ganhando contornos, como cita em nota a Terra Investimentos. Os investidores ainda esperam uma definição sobre o reajuste dos servidores públicos, após o Orçamento de 2022 ter sido sancionado com uma verba de R$ 1,7 bilhão.

Alta do petróleo favorece Petrobras, mas traz risco inflacionário

Se de um lado a alta do petróleo tende a beneficiar as ações da Petrobras, traz riscos inflacionários. “O conflito entre Rússia e Ucrânia deixa o tabuleiro ainda mais complicado, além da temporada de balanços nos EUA”, diz Farto, da Renova Invest.

Em contrapartida, os preços dos combustíveis continuam subindo nos postos, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), podendo servir de amparo a eventual alta das ações da Petrobras. Ao mesmo tempo, o minério de ferro fechou com alta de 3,68%, a US$ 138,39 por tonelada, no porto chinês de Qingdao.

Em meio a este cenário de mais dúvidas do que certezas, o índice Bovespa deve continuar com dificuldade para romper a resistência dos 109.400 pontos, como tem citado analistas técnicos.

As bolsas do mundo amanhecem em clima de cautela nesta terça-feira em que se inicia a reunião de dois dias de política monetária do Fed, observa Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico, em relatório. “Ontem foi um dia conturbado nas bolsas: o S&P, que reúne as maiores empresas listadas no país, está em território de correção, apresentando queda de -10% em relação à máxima histórica. A bolsa chegou a perder US$ 3 trilhões em capitalização no pregão”, lembra. Contudo, os mercados de ações americanos conseguiram fechar em alta na reta final.

Para Pedro Galdi, da Mirae Asset, a terça-feira promete ser de volatilidade novamente. Por aqui, menciona, além da influência do mau humor externo, a avaliação do teor do texto aprovado para o Orçamento 2022 também pesou para o comportamento do Ibovespa, com a visão de maior risco fiscal a partir de 2023. (AE)

 

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra