close

Agência Estado

A riqueza da cultura

A cultura é um fator essencial para o desenvolvimento, a promoção da renda, a geração de emprego e o recolhimento de impostos

Cultura

A economia criativa no país correspondeu a 2,64% do PIB em 2019, sendo responsável pela criação de 4,9 milhões de postos de trabalho | Foto: Getty Images

Volto ao tema da cultura por conta das eleições de outubro e pela necessidade de o assunto ser considerado com atenção pelos candidatos. A guerra cultural em curso em torno da Lei Rouanet tem vários algozes e uma única vítima: a cidadania.

Não faço aqui um julgamento sobre o bom e o mau uso dos recursos aplicados na lei. Busco apenas alertar que a cultura é um fator essencial para o desenvolvimento, a promoção da renda, a geração de emprego e o recolhimento de impostos. Tampouco limito a cultura a expressões artísticas. A cultura é mais ampla e está nos esportes, no turismo e na gastronomia, por exemplo.

Theodore Dalrymple, ao comparar a Itália com a Inglaterra, afirma que a valorização da cultura pelos italianos resulta em benefícios claros para a sua economia e a sociedade. Enquanto isso, a Inglaterra viveria um processo grave de decadência econômica e social devido à desvalorização da cultura e à sua banalização.

Muitos consideram a cultura um benefício para as elites, esquecendo que o mundo cultural movimenta bilhões em todo o planeta. Nos Estados Unidos, cultura e arte movimentaram 4,2% do PIB em 2020 – o equivalente a US$ 876,7 bilhões –, sem contar a gastronomia, que entra no cômputo do PIB do agronegócio.

Conforme dados da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do estado de São Paulo, a economia criativa no país correspondeu a 2,64% do PIB em 2019, sendo responsável pela criação de 4,9 milhões de postos de trabalho. Em São Paulo, essa participação é de 3,9% no PIB estadual, respondendo pela geração de 1,5 milhão de empregos.

Comparando o Brasil com os Estados Unidos, temos espaço para crescer gerando tributos, renda e emprego. Pelo menos uma centena de milhares de pessoas poderia estar empregada nas diversas expressões da cultura, com repercussão em setores como o turismo e a gastronomia. Além do mais, o investimento em economia criativa e expressões culturais não só gera renda e emprego como também pode educar e valorizar o país.

Em tempos de campanha eleitoral, o debate sobre os mecanismos de fomento à cultura quando não é rasteiro costuma ser contaminado por questões políticas, ideológicas e religiosas. Desperdiçamos, por obtusidade e incompetência, um potencial cultural magnífico que poderia incentivar o desenvolvimento social. Assim como deixamos de monetizar o uso racional de nossos recursos ambientais por conta de radicalismos.

Devemos, enquanto sociedade, olhar a cultura como fator de combate à desigualdade e de ampliação da educação dos brasileiros. Em um momento em que a própria cultura é ameaçada pela proliferação de manifestações de baixa qualidade, o investimento em arte e cultura se torna crucial.

Abra sua conta


Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra