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Sidney Klajner

Sidney Klajner

ASG e a cadeia de fornecimento: um novo patamar nas relações

Com novos processos e abordagens, o Einstein tem estimulado o engajamento dos parceiros comerciais em iniciativas alinhadas com os princípios e compromissos da organização no âmbito socioambiental

Einsten ASG

Crograma de avaliação de fornecedores busca estimular as práticas alinhadas a princípios sociais, de governança ambientais | Foto: Getty Images

Na área da saúde, assim como em qualquer outro setor de atividade, governança na gestão da cadeia de fornecimento é fundamental. A tarefa pode se tornar mais desafiadora conforme a diversidade e o número de fornecedores, mas estabelecer e executar processos e controles rigorosos é a base para que essa cadeia também não seja um risco para a instituição.  Foi investindo forte em governança – o G do ASG (ou ESG, na sigla em inglês) – que o Einstein pôde dar o salto seguinte: engajar os parceiros em ações que colaboram com a responsabilidade social e ambiental da organização e, ao mesmo tempo, estimulá-los e apoiá-los no desenvolvimento de melhores práticas em suas próprias empresas.

Para tornar-se fornecedora do Einstein, o parceiro, independentemente de seu porte, tem, antes de tudo, de passar por uma cuidadosa análise documental. São dezenas de documentos avaliados e há uma matriz de risco para cada tipo de fornecimento. Dependendo do produto ou serviço a ser adquirido, há também uma avaliação presencial, uma auditoria realizada por um terceiro, a fim de evitar conflitos de interesse. Depois, vem outro trabalho de fôlego para uma organização como o Einstein, que tem cerca de 3 mil fornecedores ativos: o monitoramento das datas de vencimento dos documentos e solicitação de sua atualização.

Cardápio ASG

Com essa base consistente de governança, pudemos ir além do patamar rotineiro das negociações entre comprador e fornecedor em torno de preços e prazos, buscando formas de tornar esses parceiros mais alinhados aos nossos princípios e compromissos ASG e engajá-los em iniciativas socioambientais.  Como fazer isso?

Desenvolvemos uma receita que aposta em iniciativas simples, mas com potencial de se disseminar mais amplamente e inspirar outras. Criamos uma espécie de cardápio de projetos e ideias fáceis de executar e que, em sua maioria, não envolvem investimentos ou são investimentos pequenos.  As possibilidades são apresentadas em conversas com os fornecedores. Segundo me informa Vanessa Andrino, nossa gerente de Governança e Inteligência em Suprimentos, já conversamos com mais de uma centena de parceiros e mais de 40 projetos ganharam vida.  Vou citar alguns exemplos: 

  • Uso de veículos elétricos para a entrega de medicamentos e materiais hospitalares no centro de armazenamento que usamos em Alphaville, em SP, contribuindo para a redução das emissões de CO2.
  • Capacitação – Promoção, em conjunto, de cursos de capacitação profissional para a população vulnerável. O maior deles, um curso na área de tecnologia para a formação de desenvolvedores, tem uma versão presencial no Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis e uma versão online que atende outras localidades do Brasil.
  • Redução de embalagens – em vez das grandes caixas de papelão que acomodam os volumes de caixinhas de remédios ou de luvas, por exemplo, os parceiros trazem seus itens em uma caixa plástica e as levam de volta após a entrega para utilizar na próxima venda. Solução semelhante foi adotada no caso de produtos que exigem controle de temperatura e vinham em caixas de isopor que acabavam descartadas. Agora, temos vários fornecedores que adotaram as caixas plásticas termolábeis, que retornam com eles para serem reutilizadas.
  • Reciclagem e economia circular em projetos como o que permite reprocessar a haste plástica de um dispositivo de coleta de amostra de sangue, que é removida antes do contato com o paciente para criar vácuo. O que antes era resíduo, hoje se transforma em copos plásticos vendidos no bazar do Voluntariado Einstein.
  • Logística reversa – fornecedores de baterias e insumos eletroeletrônicos recolhem os itens que seriam descartados, retiram as peças que podem ser reutilizadas e encaminham outras partes para reciclagem ou destinação final adequada.
  • Campanhas do Voluntariado – fornecedores retiram as caixas para doação disponibilizadas pelo Voluntariado Einstein e mobilizam seus funcionários em campanhas como as do agasalho e de Dia da Criança.

Avaliação inclui ASG

O programa de avaliação de fornecedores que implantamos a partir de 2021 – Índice de Desempenho e Alinhamento do Parceiro (IDAP) – tem o ASG como um de seus quatro pilares. Os outros são nível de serviço e qualidade dos produtos/serviços, aspectos comerciais e aspectos de legislação/compliance. Ele é aplicado em cerca de 700 fornecedores (somados, eles respondem por cerca de 80% do valor total que gastamos em compras). O parceiro pode até ser excelente nos itens de avaliação mais convencionais, mas se não tiver engajamento em ASG, não conseguirá uma boa nota total. Dependendo da pontuação, o fornecedor é classificado como bronze, prata ou ouro. A comunicação mensal das avaliações funciona como um estímulo para que os fornecedores evoluam e nós os apoiamos com planos de desenvolvimento.  

Além disso, realizamos anualmente um Encontro de Fornecedores do Einstein, que inclui um reconhecimento aos parceiros que se destacaram em 12 categorias, de acordo com o tipo de fornecimento (Engenharia Clínica, Materiais Médicos, Obras etc.), e uma categoria na qual todos concorrem: ASG.  Na verdade, é uma saudável competição em que todos vencem: os fornecedores homenageados que certamente vão se empenhar para seguir evoluindo e aqueles que saem do evento motivados para dar novos passos em seu desenvolvimento; o Einstein, com parceiros mais alinhados e engajados em seus princípios; o meio ambiente, com a redução de impactos e de consumos; e as comunidades beneficiadas com as ações sociais.

O que essas práticas têm demonstrado é que permear as relações da cadeia de valor com o ASG gera valor que vai muito além dessa cadeia.

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Sidney Klajner é Cirurgião do Aparelho Digestivo e Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Possui graduação, residência e mestrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, além de ser fellow of American College of Surgeons. É coordenador da pós-graduação em Coloproctologia e professor do MBA Executivo em Gestão de Saúde no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Einstein.

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