A economia mundial deverá arrefecer em 2024 em resposta aos efeitos do ciclo de aumento da taxa de juros adotado pelos principais bancos centrais e do fim dos impulsos fiscais implementados na pandemia e no início do conflito no Leste Europeu.
O menor crescimento econômico deve contribuir para a redução da inflação e, consequentemente, esperamos redução na taxa de juros nos EUA e na zona do Euro, o que favorecerá a liquidez para os países emergentes.
A economia norte-americana deverá crescer 1,7% neste ano, após se expandir 2,5% em 2023, o desaquecimento refletirá o fim do impulso fiscal e o aperto monetário dos últimos anos.
O menor ritmo de crescimento global consolidará o processo de redução da inflação global, permitindo redução da taxa de juros pelos principais bancos centrais, o que deve favorecer o ingresso de investimentos em países emergentes.
A balança comercial brasileira atingiu superávit recorde de US$ 99 bi em 2023, favorecida pelas exportações de grãos, petróleo e minério de ferro. O resultado foi gerado pela enorme safra agrícola (mais produtividade, maior área plantada e clima favorável), aumento significativo do volume exportado de petróleo (produção maior com maturação dos investimentos), além das maiores vendas de minério de ferro ao exterior.
Por outro lado, a expansão moderada da demanda doméstica e o patamar desvalorizado da taxa de câmbio real ajudam a explicar parte da queda no volume importado.
Esperamos manutenção de uma balança comercial robusta em 2024, que dará força ao real.
A economia brasileira deverá se expandir de forma não inflacionária em 2024, combinando um crescimento real do PIB de 2,5% e a convergência da inflação de preços livres para 3%. Os maiores riscos para esse cenário são uma escalada do fenômeno El Niño, com reflexo mais severo na agricultura, e a eventual dificuldade da retomada da indústria manufatureira nacional.
Estimamos IPCA de 3,5% em 2024, incluindo o impacto exógeno de 0,5 p.p. da elevação de ICMS sobre combustíveis e os efeitos adversos do El Niño sobre os preços de alimentos.
Ou seja, os núcleos devem continuar ao redor do centro da meta. A meteorologia é um risco altista, ainda que moderado, para a inflação
de alimentos neste ano.
Portanto, estimamos que o consolidado processo de redução dos núcleos da inflação cria espaço para a continuidade dos cortes de juros pelo Banco Central até, pelo menos, 8,75% a.a. no fim deste ano.