Com o início da crise sanitária, empresas e clientes migraram para plataformas digitais, assim como os setores de cultura, educação e saúde. Quando falamos de trabalho remoto, os números são expressivos, considerando que as videoconferências aumentaram 20 vezes em um período de apenas três meses.
Estima-se que, devido à pandemia, a transformação digital foi acelerada em sete anos. A maioria das mudanças que ocorreram tendem a ser duradouras. Muitas tendências aceleradas neste período continuarão a moldar o futuro muito além de 2022, incluindo os diferentes formatos de trabalho remoto utilizados durante os momentos de isolamento social e que irão impactar as relações de trabalho no futuro.
A tendência do home-office chegou para ficar, resta saber qual será o ponto de equilíbrio que permita a maximização dos resultados das organizações, assim como o bem-estar dos indivíduos. O fato é que profissionais, gestores e líderes trabalharam em formato totalmente remoto ou híbrido nos últimos dois anos, ganharam produtividade e encontraram uma nova ordem no equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
As expectativas dos colaboradores mudaram e, para os próximos anos, a produtividade precisará ser definida de forma muito mais ampla, incluindo colaboração, promoção de um ambiente de aprendizado e alinhamento de propósito para impulsionar o avanço da carreira de cada trabalhador.
Neste contexto, a maioria das empresas terá que mudar e ajustar a forma de recrutar e reter colaboradores. Por outro lado, também será preciso rever as formas de engajamento dos funcionários.
Levantamento realizado no Profuturo-FIA em 2021 , com consulta a executivos e empresários, mostra que os principais desafios para a organização construir ou disseminar seus traços de cultura no futuro são o engajamento das lideranças, manutenção do equilíbrio emocional dos colaboradores e a construção de um modelo de relações de trabalho adequado ao novo momento.
Na prática, as principais forças que irão impactar as relações de trabalho no futuro são o equilíbrio entre ambiente físico e digital, a relação de confiança com os colaboradores, a adoção sistemática de boas práticas do trabalho remoto, considerando pessoas e produtividade, o desenvolvimento da cultura digital e a valorização de novas soft skills.
Quanto à atração de talentos, a pesquisa mostra que a flexibilidade no ambiente de trabalho, oferecendo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, será o principal fator de atração de novos talentos no futuro. Por outro lado, para a retenção de talentos será importante investir no reconhecimento dos colaboradores, tanto financeiro como valorização de carreira. Outro fator de retenção é ligado à cultura organizacional, com um ambiente de inclusão e acolhimento.
Por fim, os resultados da pesquisa mostram que os modelos de remuneração deverão ser adaptados para espelhar a produtividade e acompanhar o desenvolvimento profissional e o desempenho dos talentos, a fim de atraí-los e retê-los. A remuneração neste novo contexto também terá o papel de estimular os colaboradores a se dedicarem e se comprometerem com seu autodesenvolvimento e com o desenvolvimento de suas organizações.
Apesar da relevância crescente da tecnologia, as novas relações de trabalho no futuro irão muito além das videoconferências, home-office e diferentes modelos de trabalho remoto ou híbrido. As relações de trabalho irão incorporar a busca dos colaboradores por bem-estar, a construção de laços de confiança e empatia no ambiente profissional, o reconhecimento em vários âmbitos e o propósito compartilhado.